A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) promoveu, na noite desta segunda-feira (28), o primeiro debate entre os candidatos a prefeito do Recife nas eleições deste ano. Sem perguntas diretas, os postulantes responderam questionamentos de alunos, professores e especialistas sobre as propostas que defendem para a capital pernambucana caso sejam eleitos. Problemas técnicos dificultaram a fluidez do debate, que teve que ser interrompido por várias ocasiões.
A ausência de perguntas entre os candidatos não os impossibilitou de fazerem críticas uns aos outros. Os candidatos Thiago Santos (UP) e Victor Assis (PCO) criticaram o apoio dado pelo Coronel Feitosa (PSC) e Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB) ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Entre os bolsonaristas que disputam o título de "candidato de Bolsonaro", Marco Aurélio também questionou, indiretamente, a legitimidade da ligação de Feitosa com o presidente.
Já Charbel (Novo) reprovou o voto contra o novo Marco do Saneamento Básico na Câmara dos Deputados por João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT), ambos deputados federais. Marília também aproveitou para contestar a defesa da saída da capital pernambucana do Grande Recife Consórcio de Transportes, proposta pela Delegada Patrícia (Podemos).
Também foram pauta das falas os ataques às gestões do PSB que respingam no PT, sob o argumento de que os dois partidos, até recentemente aliados no Recife, estão no comando da cidade desde 2001 - João Paulo (PT) entre 2001 e 2008, João da Costa (PT) entre 2009 e 2013, e Geraldo Julio, desde 2013. As falas, porém, foram mais direcionadas a João Campos (PSB), por representar uma eventual continuidade da gestão do atual prefeito socialista.
No primeiro bloco, foi a vez das perguntas dos estudantes, que abordaram os temas da mobilidade, saneamento, políticas para pessoas em situação de vulnerabilidade social e gastos com propaganda institucional.
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A primeira pergunta abordou a questão do acesso ao transporte por aplicativo para as pessoas da periferia recifense, e as deficiências na iluminação pública e pavimentação que acabam levando insegurança para essa parcela da população.
Em resposta, o candidato Victor Assis (PCO) defendeu a organização dos trabalhadores por meio de comitês populares para viabilizar as suas demandas. "O que a gente precisa é organizar os trabalhadores nos bairros em comitês populares para conseguir tudo aquilo que precisam. Por exemplo, não tem máscara, testes, remédio na periferia. É preciso formar conselhos populares contra a pandemia e toda a sabotagem da direita que não investe minimamente nos interesses da população para ficar desviar dinheiro para os banqueiros", disse o candidato.
Mendonça Filho (DEM) aproveitou para apontar problemas, segundo ele, não enfrentados pelas gestões do PSB e PT no Recife. "A rigor, o transporte público foi sucateado ao longo dos governos do PSB e do PT. Mesmo o que avançou como a implantação do BRT, os governos do PSB já anunciaram que estariam desativando e retirando de circulação os ônibus articulados", disse.
O candidato defendeu o investimento no sistema viário municipal para melhorar o transporte público. "Temos vários gargalos em termos de infraestrutura de transporte na nossa cidade e a gente precisa também assegurar continuidade da implantação do BRT. Ao mesmo, eu quero destacar a questão da iluminação pública. O Recife arrecada muito em termos de taxa de iluminação, mesmo assim ainda temos áreas periféricas na cidade e áreas centrais com baixa iluminação que contribuem para a violência. A gente precisa cuidar de políticas que protejam a juventude, hoje, infelizmente, vítima das drogas na periferia. A gente precisa melhorar o acesso à educação, garantir acesso ao lazer, cultura e esporte", disse Mendonça.
A segunda pergunta tratou sobre a adequação da gestão municipal ao novo Marco do Saneamento Básico brasileiro, que propõe a universalização do serviço - 99% da população com acesso à água potável e 90% a coleta e tratamento de esgoto - até 2033. Os candidatos foram questionados sobre o que fariam caso um dos vetos dados por Jair Bolsonaro a um artigo, que previa a possibilidade de prorrogação de contratos com empresas de saneamento sem a necessidade de licitação, fosse mantido pelo Congresso Nacional.
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Candidato do Novo, Charbel atribuiu o problema do saneamento à falta de recursos dos entes federativos para investimento. "O poder público precisa abrir nova licitação, contratar quem tenha recurso e venha e faça um novo marco, com esgoto, área tratada. E uma das minhas propostas é abrir um novo contrato de licitação, contratar a empresa vencedora, que terá que cumprir o prazo de entrega de 90% da cidade com coleta de esgoto e água tratada até 2030", disse o candidato.
"Um novo marco do saneamento, mais uma vez, pode nos colocar em risco de poder entregar a iniciativa privada o filé e deixar o osso para a iniciativa privada. Nós precisamos definir que as áreas superavitárias investam na deficitárias. Nós vamos lançar uma parceria de integração com a Compesa para viabilizar as obras de infraestrutura na nossa cidade. Faremos tudo isso com diálogo e podendo ser um caminho para melhorar a vida de cada um, para melhorar a nossa cidade", apontou o candidato João Campos (PSB).
João Campos saiu em defesa da gestão do PSB no Estado, que "soube fazer a maior PPP (Parceria Público-Privada) da América Latina para uma região metropolitana na área de saneamento", referindo-se à PPP entre a Compesa e a BRK Ambiental. O socialista também alegou que o novo marco do saneamento, aprovado no Congresso Nacional com o seu voto contra, pode beneficiar a iniciativa privada em detrimento do poder público. "Nós precisamos conseguir é fazer com que as áreas superavitárias, que dão lucro, possam bancar aquelas áreas na deficitárias", disse.
Por fim, João propôs uma parceria entre a Prefeitura do Recife e as universidades com sede no Recife, além de outra parceria com a Compesa para atender aos morros. "A área de morro que representa 70% do território e mais da metade de nossa população mora nessas áreas. É mais difícil, porque água não sobe ladeira. Você precisa construir uma estação elevatória. Nós vamos lançar uma parceria de integração com a Compesa para viabilizar as obras de infraestrutura nas áreas de morro nossa cidade", afirmou João.
O terceiro questionamento aos candidatos foi sobre as ideias para solucionar os problemas da mobilidade no Recife: engarrafamentos, violência, superlotação, sobretudo no período da pandemia da covid-19.
Marília Arraes (PT) falou da necessidade de "redefinir a política municipal de mobilidade", o que implicaria em deixar de priorizar o carro e focar no transporte público e não-motorizado (de bicicleta e a pé). "Vamos criar um fundo municipal para que haja investimentos em alternativas a esses transportes determinar que haja uma cota fixa de 50% no valor das multas e arrecadações para que sejam revertido em obras, investimento, segurança viária. No ano de 2019, cerca de 98 milhões foram arrecadados. A multa não pode ser uma política de arrecadação como tem sido feito no Recife", apresentou a candidata.
A petista questionou a prática da Prefeitura do Recife de inaugurar quilômetros de ciclofaixa e Faixa Azul (exclusiva para ônibus) sem ligação entre elas. "A gente vai ampliar os trechos de faixa azul e ciclofaixas, porque na verdade o que se vê é que a gestão atual quer fazer propaganda, divulgar que fez x km de ciclofaixa ou de faixa azul, quando na verdade não segue uma lógica de deslocamento, são períodos partidos, não tem uma continuidade", disse.
"A população pobre vive um verdadeiro caos no transporte coletivo, um verdadeiro martírio, para as mulheres. A primeira coisa é estatizar o transporte coletivo para garantir o direito de ir e vir e tirar a fonte de riqueza dos empresários", afirmou a candidata Cláudia Ribeiro (PSTU).
Os candidatos também foram questionados sobre políticas de assistência social para pessoas em situação de rua durante a pandemia da covid-19.
O candidato Carlos (PSL) prometeu dobrar de 12 para 24 o número de Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e aumentar o horário de funcionamento. Sobre a questão da moradia, ele ressaltou o déficit habitacional de mais de 70 mil casas no Recife. "A gente tem um déficit de mais de 70 mil unidades. Com esse DNA liberal que a gente tem, nós vamos atuar junto às entidades financeiras para terminar os habitacionais que não terminaram até hoje", projetou o candidato.
Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB) focou inicialmente no que não foi realizado, segundo ele, nas gestões anteriores do PSB e PT. Líder da oposição ao governo Paulo Câmara na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), ele lembrou da iniciativa das blitzes da oposição, em que a bancada fiscalizava a situação dos hospitais no Estado. O que nós já falávamos era que a saúde estava completamente abandonada e é justamente que vem o covid e acaba de mostrar essa máscara mostrando que a grande deficiência, a forma desumana como nós, recifenses, os que precisam do sistema de saúde pública são tratados", disse.
O candidato prometeu a construção de abrigos para atender as pessoas em situação de rua. "Nós precisamos cuidar dessas pessoas, colocá-las em abrigos, os abrigos funcionam a noite toda e a madrugada até de manhã, onde ela possa ter uma toalha, se deitar e dormir com dignidade e durante o dia ela se virar como todo brasileiro, como prefeito vamos tentar adequá-las ou requalificá-las em uma empresa", elencou Marco Aurélio.
Marco Aurélio aproveitou para salientar a sua ligação com Bolsonaro, do qual ele foi um dos defensores em Pernambuco nas eleições de 2018, e também para alfinetar Alberto Feitosa, sem citar nomes. "Eu votei nele, não escondi, não fui votar no primeiro turno, fui às ruas, coloquei a cara com ele, continuei colocando a cara com ele desde o ano passado e não chego agora mudando o nome nem patente para dizer que sou Bolsonaro", disse.
A última pergunta do primeiro bloco trouxe à tona os R$ 52 milhões empregados neste ano para financiar a propaganda institucional da Prefeitura do Recife e como os candidatos administrariam essa quantia caso fossem eleitos.
Para responder o questionamento, o candidato Coronel Feitosa (PSC) deu o exemplo do presidente como um modelo a ser seguido no melhor investimento dos recursos antes destinados para a propaganda, além de criticar a forma como a atual gestão vem conduzindo a área. "É o que a gente tem visto e ouvido das pessoas, que o recife das propagandas é totalmente diferente da realidade que vivem os recifenses. Como administrar uma cidade respeitando isso? Como está fazendo o presidente Bolsonaro. Por isso a gente está vendo o presidente sair para as cidades mais carentes fazendo obras que até então foram abandonadas não só fruto da má gestão", apontou Feitosa.
Para o candidato, é preciso foca no planejamento, e pautar-se no respeito aos meios de comunicação. "Vou dividir isso (recursos) por emissores e por blogueiros e fazer uma comunicação antenada com a sociedade, fazendo muita política educacional na área da saúde, meio ambiente, trato dos animais, respeito ao idoso e a mulher, bem como divulgando aquilo que é real e dialogando, atraindo também muito a academia para esse trabalho.
Thiago Santos (UP) defendeu o emprego de parte dos recursos antes direcionados à propaganda para a moradia, educação municipal e construção de creches. "O que nós devemos fazer de propaganda institucional de uma gestão é conscientizar a população sobre seus direitos, sobre como se defender da exploração capitalista e chamar a população para participar da gestão. Tem muito candidato defendendo Bolsonaro, mas tá faltando candidato para defender o trabalhador, o estudante, a mulher dona de casa que não tem creche para colocar o seu filho", afirmou o candidato.
"Imagine o que poderia ser feito se esses milhões fossem destinados para a manutenção e construção das escolas públicas e creches municipais? Nada disso pode ser resolvido se o povo pobre não lutar para defender os nossos direitos. O que nós devemos fazer é conscientizar a população sobre seus direitos, sobre como se defender da exploração capitalista e chamar a população para participar da gestão", questionou Thiago Santos (UP).
A Delegada Patrícia (Podemos) foi na mesma linha de Feitosa ao criticar o uso da propaganda pela PCR. "Eu acho que essa expressão minha reflete que todo recifense pensa: Eu queria morar na propaganda que a Prefeitura do Recife apresenta", disse. "O dinheiro público é de todos nós que estamos aqui. Ele é nosso e não pode ser jorrado em autopromoção de prefeito", completou.
A candidata propôs um teto para gastos com propaganda pela gestão municipal e seu uso consciente para financiar campanhas voltadas para a população. "Governo bom não precisa de propaganda, a propaganda é o próprio trabalho. A nossa proposta é que ela seja utilizada para o benefício da população, para educação, conscientização e prevenção.
Na segunda rodada do debate promovido pela UFPE, os candidatos a prefeitos do Recife tiveram que responder às perguntas dos especialistas envolvendo as áreas de saúde, educação, cultura, sustentabilidade, empregabilidade e segurança pública.
No primeiro bloco, a Delegada Patrícia, Marília Arraes e o Coronel Feitosa tiveram que responder quais seriam suas proposta para o financiamento da saúde pública e quais ações seriam construídas para reduzir o número de mortes violentas por pessoas pobres, negras e moradoras de periferias.
Para a candidata do Podemos, falta um bom gerenciamento dos investimentos na Prefeitura do Recife. “Nós temos destinado o equivalente a 15% destinados para a saúde. Então, no ano de 2019, de R$ 6 bilhões, R$ 900 milhões deveriam ser investidos na saúde, mas a realidade é outra. Hoje nós temos na gerência geral de regulação, aproximadamente 230 mil aguardando pela realização de um exame, mas quantas estarão vivas para realizá-los?”, disparou a delegada.
Sobre segurança pública, Patrícia Domingos falou da priorização da iluminação pública e do monitoramento por câmeras, além da defesa do armamento da Guarda Municipal do Recife. “Que a guarda utilizada para promover paz e segurança, impedir que os moradores sejam assassinados a luz do dia. Hoje, transformaram a guarda no chicote da população, qualificar e valorizar os profissionais. Nosso projeto se chama Blindar Recife, os moradores da cidade não sentirão medo”, destacou.
O Coronel Feitosa também aproveitou a temática para criticar a gestão do PSB, afirmando que não há cuidado com as pessoas, apesar de sua bandeira socialista. Para o candidato do PSC, a Prefeitura do Recife não possui planejamento e vários postos de saúde estão degradados. “Nós vamos criar o prontuário eletrônico compartilhado para que o paciente possa acessar com uma senha, todo e qualquer atendimento será acompanhado do início ao final. Vamos zerar fila de exames e cirurgias, utilizando a rede médica privada”, afirmou Feitosa.
No que diz respeito à segurança pública, ele declarou que irá despachar pessoalmente com o chefe da Guarda Municipal as demandas do Recife. “Vamos fazer uma parceria com as igrejas para que atuem na segurança social, evitando o acesso ao álcool, drogas e prostituição. Também vamos armar a Guarda Municipal, chamar a responsabilidade da segurança para a Prefeitura. Vou comandar a segurança pública e fazer um convênio com a política militar, civil e o corpo de bombeiros”
Já Marília Arraes, acredita que na área de saúde o que falta é o bom gerenciamento dos recursos e investimentos para a atenção básica. “Nós temos 276 equipes da saúde da família, duas a menos do que tínhamos há oito anos. Os agentes de saúde estão sobrecarregados, várias equipes estão sem médicos, e outras estavam sem profissionais como enfermeiros. Temos que priorizar a atenção básica”, declarou. Marília assumiu que pretende construir três centros de medicina diagnóstica, para que as pessoas tenham acesso aos exames não só as consultas.
Em relação à segurança, Marília criticou a falta de coordenação entre prefeitura e governo do Estado, ambos geridos pelo PSB. “Nossa primeira proposta é que haja responsabilidade de intermediar essa relação com o governo do Estado e coordenar ações. Apesar da responsabilidade institucional da prefeitura não ser segurança, pode-se haver essas ações coordenadas principalmente no serviço de inteligência”, ressaltou. A candidata a prefeita do PT defendeu a política de prevenção e, diferente dos candidatos anteriores, afirmou que “não dá para transformar a Guarda Municipal em uma mini PM”.
Ao ser indagado sobre as garantias de acesso à educação infantil, o candidato João Campos primeiro ressaltou os índices de educação conquistados na gestão do seu pai, o ex-governador Eduardo Campos (PSB), e que pretende dar continuidade ao que o prefeito Geraldo Julio têm realizado na capital. “A educação infantil, infelizmente, é o maior desafio do Brasil hoje. Nós temos um déficit de creche de 1,7 milhão de vagas no Brasil, e aqui no Recife nós avançamos e aumentamos em 31% a capacidade de vagas nas creches”, ressaltou Campos, assumindo o compromisso de priorizar a construção de mais creches e investir no modelo de fortalecimento das unidades.
Na ocasião, o candidato do PSB ressaltou o trabalho que tem feito como deputado federal em comissões ligadas à educação e criticou a atuação do governo federal nessa área. “O Fundeb foi a votação mais importante que dei como deputado e que hoje está sendo ameaçado por uma decisão equivocada do governo federal. Não podemos aceitar retirar nenhum real da educação pública”, disparou. Sobre o questionamento referente à cultura, João Campos afirmou que a Prefeitura do Recife cumprirá seu papel de fortalecer o segmento que foi afetado pela pandemia do coronavírus. “Recife é uma cidade de vanguarda, que tem uma cultura forte e pode contar com a nossa gestão para vencer e avançar ainda mais”, concluiu.
Para Victor Assis (PCO), nada do que foi dito pelo socialista foi realmente visto enquanto estudante no Recife. Ao responder os questionamentos sobre educação e cultura, ele voltou criticar os candidatos de direita, que “pavimentaram para o governo Bolsonaro chegar aí”. “Não faz sentido fazer meia creche, pintar telhado de uma escola, porque o que está em curso é uma destruição completa da educação. O que nós propomos é que os estudantes, professores, funcionários e toda a comunidade se mobilizem por questões fundamentais. Se mobilizem contra a volta às aulas, que é uma campanha nazista impulsionada pelos bancos e o sindicato dos estabelecimentos de ensino”, disparou. “Sobre a cultura, nós também precisamos fundamentalmente derrubar o governo Bolsonaro, todos os secretários de cultura são nazistas e fascistas”, complementou.
Por fim, neste segundo bloco, a candidata Claudia Ribeiro (PSTU) afirmou que durante a campanha, “todo mundo se torna especialista em educação”, no entanto, os candidatos não falam qual será a política que vai transformar ou colocar em prática aquilo que se está propondo para melhorar a área. “Não é possível falar em melhoria da educação, em todos os seus aspectos, se não tiver financiamento. Nesse sentido é preciso mudar a estrutura e a lógica de como as prefeituras priorizam seu orçamento”, declarou Claudia, criticando o dinheiro que é direcionado para o pagamento de juros da dívida pública, e que poderiam ser investidos em outras áreas como saúde e educação.
“Sou professora da rede municipal do Recife e não tem um ano que não tenhamos que fazer uma greve, para que esses prefeitos e, em especial, esse atual prefeito Geraldo Julio, tenha que cumprir uma lei federal, que é do piso nacional e que ele se nega a pagar. A educação não pode ser tratada como mercadoria”, criticou. Com o tempo de quatro minutos estourado, a candidata do PSTU não pôde falar sobre a questão envolvendo a cultura.
Na vez de Charbel não faltaram críticas à gestão do PSB e PT, afirmando que ambos transformara a educação no Recife em um desastre. “Nós queremos soluções a curto prazo. Cada real investido na primeira infância, você economiza até sete vezes no combate à criminalidade e melhora a vida dessa criança, que será mais capacitada, trabalhará melhor e terá uma vida melhor”, afirmou. A proposta de Charbel é investir no acesso das crianças em creches privadas, cuja permanência seria financiada pela Prefeitura do Recife, mas a escolha pela unidade pública ou particular seria dos pais. A parceria com as instituições privadas também seriam realizadas em equipamentos como museus e teatros. “Nós vamos trazer a cultura para a educação, sendo trabalhado dentro da Secretaria de Educação”, destacou.
No último bloco, os candidatos Thiago Santos (UP), Mendonça Filho (DEM), Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB) e Carlos Lima (PSL) tiveram que responder as perguntas sobre a reutilização dos resíduos sólidos orgânicos e o desafio da formação profissional e a empregabilidade.
O candidato Thiago Santos afirmou que o problema dos antigos lixões e atuais aterros sanitários passam pela questão da administração pública e questiona o papel das empresas privadas. “O descarte dos resíduos sólidos bem como a limpeza pública da cidade está entregue totalmente para iniciativa privada, apesar de ter uma empresa municipal de manutenção e limpeza urbana. As empresas capitalistas não visam o bem estar da população, a qualidade do seu trabalho, mas exatamente o lucro”, criticou Santos.
Sobre a empregabilidade na capital, Thiago Santos afirma que acabar com a terceirização poderá contribuir no aumento do número de trabalhadores empregados, além de ampliar o número de servidores públicos, principalmente aqueles que não foram convocados.
O candidato do DEM, Mendonça Filho, criticou o fato de o Recife ter pouco mais de 40% de cobertura da coleta e tratamento do esgoto, afirmando que a população recifense mora “em cima da lama”. “Ainda tem candidato oficial para chegar com interpretação que mais parece uma tese de TCC. Questão ambiental é séria e o primeiro item é a questão de saneamento básico, coleta e tratamento de esgoto que precisa ser enfrentado”, disparou Mendonça, referindo-se a João Campos sobre o Marco do Saneamento, pontuado na primeira rodada do debate.
“Essa PPP da Compesa precisa ser motivada de auditoria plena e profunda. A rigor ninguém sabe se as metas fixadas inicialmente sequer foram cumpridas. Precisamos desvendar o que foi que aconteceu, uma operação envolvendo várias empresas num consórcio que tinha obrigação de investir na área de saneamento, coleta e tratamento do esgoto na cidade do Recife e as metas não foram cumpridas”, afirmou o democrata.
Ao classificar o Recife como a “capital do desemprego”, Mendonça pretende investir na área da tecnologia, levando cursos do IFPE para o centro do Recife para potencializar a geração de emprego e a formação tecnológica dos jovens. “Temos que tornar a cidade mais atrativa para o empreendedorismo, acabar com essa indústria das taxas e impostos elevados”, declarou.
Para Carlos, existem soluções efetivas para tratar dos resíduos sólidos e que podem auxiliar as comunidades a gerarem renda através destas iniciativas. “Menos de 1% do lixo que se recolhe, ele é reciclado, mas temos uma solução. Existe uma usina de lixo para reciclar sem sequer dividi-lo, coloca tudo em um maquinário pesado e do outro lado sai um pó, com poder altíssimo de combustão, podendo virar energia. Ou ser compensado e virar uma espécie de madeira”, explica o candidato do PSL. Dessa forma, ele acredita que poderá incentivar o empreendedorismo local, porque as pessoas que trabalham com o lixo podem trabalhar nestas usinas.
“Sobre o empreendedorismo, nós temos que desburocratizar a máquina pública, a vida do cidadão e do pequeno, médio e grande empresário. Esse Estado pesado, inchado e corrupto já não tem mais espaço no mundo de hoje. Você poderá abrir uma empresa pelo seu computador, separar documentação no celular, isso tudo são inovações que nós trazemos”, declarou.
O candidato Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB) defende a educação como ferramenta prioritária para tratar da sustentabilidade. Além disso, ele defende uma solução para a coleta de lixo na cidade. “Tenho uma solução simples. O lixo hoje ele é comprado, uma empresa ganha uma licitação, começa a pesar o lixo e é paga a quantidade de lixo que ela recolhe. Meu projeto para ajudar na sustentabilidade é pagar a população por esse lixo, vamos colocar coletores, principalmente naqueles locais onde a coleta não chega, e a pessoa vai pegar o lixo dela, que vai ser pesado e depois receberá um cartão. O valor desse lixo será transferido em dinheiro”, explicou.
Ele também afirmou que a Prefeitura do Recife poderia fazer investimentos simples junto ao Porto Digital, o que ampliaria para 10 mil as vagas de empregos. “Com investimento junto às universidade e se a prefeitura olhar com mais carinho para aqueles empreendedores, nós teremos mais empregos no Porto Digital.”