A candidata a prefeita do Recife Marília Arraes (PT) voltou a rechaçar nesta quarta-feira (28) a associação feita entre ela e o também candidato João Campos, seu primo. A petista tem buscado deixar evidente seu histórico de oposição ao PSB do prefeito Geraldo Julio e as pautas que o diferenciam do seu adversário.
Marília iniciou a sua vida pública no PSB, mas depois de romper com os socialistas em 2016, ainda no seu segundo mandato de vereadora, e filiou-se ao PT, quando foi eleita para o seu terceiro mandato e chegou a assumir a liderança da oposição na Câmara do Recife. "Eu não poderia continuar defendendo o que não acredito. É um projeto que não está sendo bom para a cidade e que nós temos um projeto diferente. Nunca fiz da política um assunto de família. Eu, muito pelo contrário, eu combato esse tipo de familismo, esse tipo de situação", afirmou a candidata em entrevista à TV Clube nesta quarta-feira (28).
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Marília esteve na última segunda-feira (26) em São Paulo para gravar com o ex-presidente Lula para o guia eleitoral. O apoio de Lula á candidatura de Marília tem sido reforçado na campanha da petista, e os vídeos gravados em São Paulo devem turbinar a propaganda eleitoral da candidata nessa reta final. Questionada sobre a interferência do ex-presidente em uma eventual gestão sua no Recife, ela disse ter "personalidade própria".
"Nós vamos seguir a linha do governo que o PT faz, que o PT fez no País, que o PT já fez aqui na cidade, que é priorizar os mais pobres. Nós dizemos sempre: Quem prioriza os mais pobres, quem governa dessa maneira somos nós. Então é uma linha de governo, mas olhando para a frente, se inspirando no que aconteceu, no legado de Lula, no legado de Arraes, mas com uma trajetória própria, com novas ideias, sem dúvida alguma, que vão priorizar quem mais precisa no Recife", disse.
As críticas às propostas de João Campos também estiveram presentes no discurso da candidata. Sobre a promessa do socialista de transformar o Centro Social Urbano Bidu Krause, localizado no bairro do Totó, na Zona Oeste do Recife, em um novo Compaz, ela afirmou que essa foi uma promessa feita por Geraldo Julio há oito anos. "Não dá mais para cair nessa", disse.
"É uma gestão que faz projetos piloto, não universaliza o acesso a políticas públicas, sucateou a educação, sucateou a saúde pública, a mobilidade está mostrando ao Recife o pior trânsito dos últimos tempos. Nós temos muito a fazer na cidade e temos muitas prioridades, por exemplo, a política de habitação. Esse pessoal que está aí usa a foto de Arraes para ganhar voto, mas Arraes foi um dos políticos que mais priorizou a habitação em sua vida pública de uma maneira geral", pontuou Marília.
Sobre a defesa da transferência do Complexo Prisional do Curado, Marília disse ter sido um posicionamento político dela, e não uma promessa de campanha.Ela afirmou no início de outubro que, caso eleita, estabeleceria um prazo até 2022 para que o governo de Pernambuco desative a unidade e o espaço seja utilizado para fins sociais.
"Não faz sentido que um presídio daquela maneira, que inclusive a Lei de Execuções Penais condena que haja presídios desse tamanho, não é bom para ninguém, e muito menos perímetros urbanos daquela maneira, que haja um presídio desse jeito", explicou.
Segundo ela, outro posicionamento também seria adotado quanto ao Consórcio Grande Recife, que administra as linhas de ônibus da Região Metropolitana do Recife (RMR). "O que o Recife faz hoje é falar fino com empresário e falar grosso com trabalhador, como queriam fazer em relação à omissão da prefeitura sobre a dupla função de motorista". Ela está se referindo à aprovação do Projeto de Lei Ordinária 5/1029, que proíbe essa prática, aprovado nessa terça-feira (27) na Câmara do Recife.
"Tudo isso é posicionamento político, mas o prefeito não é um líder e quer colocar um candidato que também não tem liderança, porque liderança não vem no sangue, liderança não vem em uma caixinha construída por marqueteiro, liderança se dá com construção ao longo da vida", afirmou Marília.
A sua proposta é de articulação junto a outros municípios da RMR junto ao consórcio para melhorar a qualidade do transporte público, as faixas exclusivas para ônibus aumentar a frota de veículos. "E também oferecer outras alternativas. Por exemplo o trabalhador não quer pagar a passagem, que não pode pagar passagem, poderia estar seguro saindo de bicicleta. A maior parte das das pessoas se locomovem no máximo 5km até seu trabalho, mas não é seguro hoje", completou.