Na atual campanha eleitoral, os candidatos a prefeito pouco tem falado nas ações de enfrentamento às mudanças do clima, embora o Recife ocupe a 16ª posição no ranking das cidades mais vulneráveis às mudanças climáticas, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) produzido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Com o objetivo de não só contribuir para esse debate, mas de agir de forma colaborativa e elaborar indicadores que apontem direções à gestão pública, surgiu a plataforma Política Pelo Clima, lançada na semana passada. " A nossa proposta não é só apontar os problemas, mas indicar as soluções. A questão climática é muito complexa e deveria fazer parte da política de todos os partidos", diz o coordenador geral do projeto, Sérgio Xavier, ex-secretário de Meio Ambiente na gestão do ex-governador Eduardo Campos (PSB). A iniciativa divulgou uma Carta de Compromisso que foi assinada por dois prefeituráveis: Mendonça Filho (DEM) e João Campos (PSB).
"A nossa intenção é construir um conjunto de metas e indicadores a serem monitorados. Juntar conhecimento sobre essas questões e criar um clima político colobarativo. Quebrar a polarização na política, desarmar os ânimos e encontrar soluções que beneficiem toda a sociedade", resume Sérgio Xavier. E acrescenta: "Cada indicador será acompanhado por um conjunto de entidades especializadas, que também ajudarão a formular inovações para catalisar resultados. É fundamental ajudar a inventar e a implantar soluções práticas e rápidas. Este é o pacto que o Política Pelo Clima busca promover".
No Recife, além dos dois candidatos a chefe do Executivo, mais sete candidatos a vereador assinaram a Carta. São eles: Eurico Freire (PcdoB), Priscila Ferraz (MDB), Fernando Golveia (Cidadania), Bruna Albuquerque (PDT), Deco Costa (PCdoB), Laisa Ecoletiva (PSOL) e Aline Mariano (PP).
A carta estabelece compromissos que os políticos vão defender, caso sejam eleitos, com soluções que contribuam para "reduzir desigualdades, criar uma economia sustentável e aumentar a resiliência ambiental do Recife", elaborando metas e indicadores públicos - com a participação de instituições especializadas - em temas considerados prioritários pelo movimento como: habitaçao, mobilidade, educação, incentivos a negócios verdes, energia, resíduos, arborização e ecoplanejamento urbano.
Mas o que todas essas questões têm a ver com as mudanças climáticas ? Está tudo interligado. Em Recife, já estão havendo precipitações pluviométricas (chuvas) que deveriam ocorrer em 10 dias e acontecem em pouco mais de seis horas; uma estiagem atingiu até os mananciais que deveriam abastecer a Região Metropolitana em 2019, provocando o racionamento de água de 40% desta população, entre outros eventos.
"O objetivo dessa iniciativa é fazer com que a política local inclua a mudança do clima como política pública. Isso teria que começar pelas prefeituras, porque qualquer plano vai acontecer nos municípios. Em todas as grandes cidades brasileiras, a maior emissão de carbono é o transporte. Nesse primeiro momento, a sociedade tem que chamar a atenção dos políticos para os problemas", revela o coordenador do Instituto Clima e Sociedade (ICS), Roberto Kishinami. O ISC está apoiando - incluindo a doação de recursos - para a Política pelo Clima.
O transporte é responsável por 55% das emissões de carbono no Recife, segundo um inventário realizado pela Prefeitura do Recife em 2015. "O Recife, nos últimos anos, avançou muito na proteção ambiental e na construção de uma política que busca compatibilizar o desenvolvimento econômico com inclusão e preservação do meio ambiente. Assinamos a carta compromisso Política pelo Clima justamente porque consideramos que é o melhor caminho para cidade, para nosso meio ambiente e para reduzir desigualdade social", diz o deputado federal e candidato a prefeito João Campos (PSB). Ele pertence ao mesmo grupo político do atual prefeito Geraldo Júlio (PSB).
O candidato da coligação Recife Acima de Tudo, Mendonça Filho (DEM), considera as questões relacionadas ao clima "de extrema importância" citando iniciativas como reduzir os índices de poluição do ar, estancar os engarrafamentos em todo o Recife e preservar as áreas verdes da capital e seus mananciais com a participação da sociedade. "O recifense não tem mais tempo a perder com a falta de agenda climática e o pouco caso das gestões do PSB. Nossa riqueza ambiental deve ser protegida e incorporada à vida dos recifenses sem prejudicar o desenvolvimento da cidade”, revela Mendonça.
Todas as informações sobre o projeto podem ser acompanhadas no site www.politicapeloclima.org.br
GOVERNADORES
Nesta quinta-feira (29), vários governadores de Estado vão participar do I Encontro Internacional Governadores pelo Clima, que acontece nesta quinta-feira (29), às 14h, pelo Centro Brasil no Clima (CBC), instituição dedicada a conscientizar e promover mobilizações para a ação climática. O evento acontecerá no formato virtual, com transmissão ao vivo em http://bit.ly/GovernadoresPeloClima2020. O cantor e compositor Gilberto Gil fará a abertura do evento, cantando a
música Refazenda especialmente para o evento, a fim de sensibilizar os
participantes para a importância da tomada de ação para resolver a
questão climática.
Até esta quarta-feira (28), estavam confirmadas as presenças dos seguintes governadores: Renan Filho (Alagoas), Waldez Góes (Amapá), Renato Casagrande (Espírito Santo), Flávio Dino (Maranhão); Helder Barbalho (Pará), Paulo Câmara (Pernambuco), Wellington Dias (Piauí), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), João Doria (São Paulo) e ainda os vice-governadores Marcus Vinicius Britto de Albuquerque Dias (do Distrito Federal) e Wanderlei Barbosa Castro (Tocantins).