ELEIÇÕES 2020

João Campos sobe tom contra o PT de olho em eleitores de Mendonça e Patrícia no segundo turno no Recife

O esforço de João para centrar fogo no PT ocorre num momento em que o deputado federal precisa redesenhar sua rota e conquistar aqueles eleitores que são refratários ao partido de sua 'prima-adversária', Marília Arraes

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Publicado em 16/11/2020 às 21:01
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Áudio referencia campanha realizada no Rio Grande do Norte e nova versão faz acusações a João Campos e ao PSB - FOTO: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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O deputado federal João Campos (PSB), candidato à Prefeitura do Recife e primeiro colocado no primeiro turno com 29,17% dos votos válidos, subiu o tom contra o PT para tentar vencer a acirrada disputa pelo Executivo municipal contra Marília Arraes (PT), resgatando o antipetismo de eleitores conservadores no Recife.

Ainda no domingo, poucas horas após terminar a primeira etapa da eleição, em seu discurso, João Campos cravou que “o Recife não vai andar para trás”, em referência aos anos que a capital pernambucana foi governada pelo Partido dos Trabalhadores. Nesta segunda-feira (16), o socialista, à TV Jornal, voltou a criticar as administrações petistas no Recife. "O Recife lembra do que foi o PT e suas arengas administrando o Recife e como a cidade ficou", enfatizou Campos.

As críticas, todavia, são feitas à revelia da participação de petistas no governo de Geraldo Julio, do mesmo partido de João. Para se desvencilhar da inevitável associação, Campos afirma que o mérito da administração é todo do PSB. "Quem governa hoje é o PSB, quem trouxe todas essas conquistas para a cidade do Recife foi o PSB, não foi o PT. Isso as pessoas sabem. Quem está no comando da gestão é o PSB, que fez os avanços, que conseguiu fazer o Recife se consolidar com indicadores importantes, com obras importantes", afirmou ele, em entrevista à Rádio Jornal, nessa segunda.

O esforço de João para centrar fogo no PT ocorre num momento em que o deputado federal precisa redesenhar sua rota e conquistar aqueles eleitores que são refratários ao partido de sua 'prima-adversária', Marília Arraes.

Engajamento de aliados é desafio

Campos terá ainda pela frente o desafio de manter o engajamento dos apoiadores, formados em grande parte por pessoas ligadas aos vereadores. No primeiro turno, o socialista contou com um arco de mais de 400 candidatos à vereança. A Frente Popular no Recife, coligação do deputado, conseguiu abarcar 12 partidos. Mesmo assim, ao abrir as urnas, apenas 9.780 votos separavam ele de Marília. A leitura do candidato do PSB, porém, é esta foi "uma campanha vitoriosa".

"A gente fez uma campanha vitoriosa, terminamos em primeiro lugar, com uma votação expressiva, no meio de uma pandemia, com o Brasil tendo alta abstenção devido à pandemia. Terminamos em primeiro lugar mesmo não começando em primeiro lugar. Crescemos a cada dia, fazendo uma campanha limpa, que respeitou todos os adversários, que não agrediu ninguém e que discutiu a cidade do Recife", disse na Rádio Jornal.

O Primeiro Turno

No primeiro turno, João recebeu 29,17% dos votos válidos e candidata petista Marília Arraes sagrou-se em segundo lugar, com 27,95%. E essa disputa no segundo turno deve testar a força do Eduardismo e do Lulismo no Recife, apontam analistas políticos ouvidos pelo JC.

Durante a primeira etapa da corrida pela Prefeitura da capital pernambucana, João evocou a imagem do pai, o ex-governador Eduardo Campos, diversas, chegando a mostrar imagens em que ambos realizavam movimentos e falas semelhantes. Já Marília, mesmo não tendo trazido Lula (PT) para a eleição logo no início da campanha, apostou alto ao colar sua imagem à do ex-presidente e sentiu o efeito positivo disso nas urnas.

“Prevejo uma disputa de narrativas entre o lulismo, pelo PT, e o Eduardismo, pelo PSB”, afirma o cientista político Alex Ribeiro, apontando que o confronto dessas correntes ideológicas pode ser um fator de dificuldade tanto para João quanto para Marília que terão que correr em busca do eleitorado de Mendonça e Patrícia, além dos indecisos, para faturar a eleição. “A rejeição ao PSB no Recife e o antipetismo que predomina no eleitorado conservador serão o principais desafios para os dois postulantes conseguirem almejar mais votos”, argumenta Ribeiro.

O cientista político Hely Ferreira lembra que há um desgaste natural do PSB por estar há muito tempo na prefeitura e uma forte rejeição ao PT entre os eleitores posicionados mais à direita. Diante desse cenário, ele aponta fatores que podem ser decisivos no segundo turno. “Quem tiver menor rejeição, tem uma boa vantagem e possibilidade ser eleito”, afirma o especialista, ressaltando que o segundo turno deve ser acirrado.

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REFORMA Se votação ficar para fevereiro, João governaria por um mês com estrutura do governo Geraldo - FOTO:FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

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