A derrota da candidata Marília Arraes (PT) na eleição do Recife coloca o seu partido, o PT, em uma posição sensível sobre os rumos que irá tomar daqui para a frente, tanto a nível municipal como estadual. Os partidos da Frente Popular vêm ganhando mais espaço na aliança, como o PDT que emplacou Isabella de Roldão na vaga de vice, e devem reivindicar cargos na nova gestão do novo prefeito João Campos (PSB), alguns atualmente ocupados pelo PT.
O PT deixou o primeiro escalão da Prefeitura do Recife com a saída de Oscar Barreto do comando da Secretaria de Saneamento do Recife, após orientação do Diretório Nacional, apesar de ter outros cargos em escalões mais baixos. No âmbito estadual, a sigla permanece com Dilson Peixoto como secretário de Desenvolvimento Agrário. A relação entre o PT e o PSB acabou estremecida, especialmente durante a campanha do segundo turno, quando os ataques mútuos às siglas eram comuns no discurso dos dois adversários.
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Questionado sobre o futuro dos dois partidos, o deputado federal Carlos Veras (PT) adotou um tom apaziguador e alertou que é preciso ter cautela ao avaliar o envolvimento dos socialistas nos ataques ao PT ocorridos durante a campanha. "Uma coisa são as decisões do partido de indicação, outra coisa é a convocação de pessoas qualificadas para uma função, não se pode misturar", disse. "Até porque em todas as gestões do PT no Recife o PSB fez parte, o PSB governa Pernambuco por conta do PT, pois se o PT tivesse lançado candidatura própria em 2018 estaria governando o Estado", completou.
Protagonistas da disputa, tanto João Campos (PSB) como Marília já deram o tom de como deve ser essa conjuntura. O socialista havia dito na última quinta-feira (26) que "não vai ter nenhuma indicação política do Partido dos Trabalhadores" no seu governo. Já Marília afirmou neste domingo (29) o resultado desta eleição inaugura um novo momento da oposição em Pernambuco.
"Mas é importante também deixar aqui bastante marcado: Que aqui vai começar uma nova articulação da oposição no estado de Pernambuco. Nós não temos condições de articular com um grupo que além de fazer tão mal na gestão, seja do estado, do município, mas também trata a política da forma que tratou. Então aqui começa sem dúvida alguma um novo capítulo da história do estado com a articulação de uma nova oposição e que vai fazer uma oposição com responsabilidade, que é com responsabilidade que a gente trata a política", resumiu Marília.
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Para o presidente do Podemos de Pernambuco, Ricardo Teobaldo, o movimento natural era reunir a oposição em torno de Marília. "A oposição no segundo turno só tinha um caminho, votar em Marília, por isso se uniu em torno dela. Daqui pra frente agora a oposição tem que se unir e discutir o futuro, mas o caminho natural era o apoio a Marília, resta saber qual o caminho que será trilhado daqui para frente. Primeiro sentar, conversar, discutir, procurar uma unidade para fazer uma oposição responsável, uma oposição sem ser radical, propositiva, que ajude a Pernambuco e ao Recife", afirmou.
Até mesmo o governador Paulo Câmara reconheceu neste domingo (29) os atritos entre as duas siglas. Ele, porém, disse estar aberto para "continuar a conversar com quem queira conversar, pelo bem de Pernambuco".
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Oposição
Marília fez seu pronunciamento ao lado de aliados do PT e do PSOL, e também de novos personagens que entraram na sua campanha nesta reta final e engrossaram o coro de oposição ao PSB: O prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL) e Ricardo Teobaldo.
Para a deputada estadual Teresa Leitão (PT), é possível assumir dialogar com outros partidos da oposição tendo em vista a eleição de 2022, o que não implica necessariamente em construir aliança formal. "Podemos estar separados em 2022, tudo indica que sim (de partidos como o Podemos), mas não podemos deixar de dar resposta aos 70% que foram contra o PSB (no primeiro turno), não vencemos, mas foi a eleição mais difícil para o PSB e isso tem seus recados", disse a parlamentar.
Ainda no seu pronunciamento, Marília afirmou que oposição ao PSB no estado sai fortalecida, além de desafiar a hegemonia dos socialistas no estado. "É importante dizer que desde 2006, nenhuma candidatura do PSB partia dessa maneira, tinha essa dificuldade de ganhar uma eleição. Nós fomos ao segundo turno com quase o mesmo percentual de votos, chegamos aqui ao final do segundo turno com votação expressiva. Isso mostra a insatisfação das pessoas com a atual gestão", argumentou.
Foram 348.126 votos na sua candidatura, o equivalente a 43,73%. "Queria agradecer a todos vocês que deram toda a dedicação não foi a mim, não foi a candidatura de Marília, foi um projeto para o Recife e esse projeto não morreu, porque a gente quer muito mais para a nossa cidade. Não deixe a esperança de vocês morrerem, porque a gente está firme, está forte, está confiante, para continuar lutando pelo Recife", disse a deputada federal.
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