A quarta rodada da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo foi realizada entre os dias 7 e 9 de novembro. Foram entrevistados presencialmente 1001 votantes do Recife. A margem de erro máxima estimada é de três pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral com o número PE07456/2020. O levantamento foi encomendado pelo Jornal do Commercio e Rede Globo.
A nova rodada da pesquisa, faltando menos de uma semana para o primeiro turno da eleição, traz uma consolidação do que vinha sendo apresentando. João Campos permanece na liderança, oscilando dentro da margem de erro. Já no segundo lugar, os cenários seguem sofrendo modificações. A candidata petista passou de 18% para 21% das intenções de voto, e o democrata, de 13% para 17%.
“A eleição ainda não polarizou de forma clara entre direita e esquerda no Recife, como se esperava. O pleito se polariza aqui numa disputa entre o sentimento de mudança de governo e continuidade. De forma clara para o eleitor, nesse caso, temos João Campos como continuidade. Do outro lado, temos três candidatos que representam esse sentimento de mudança, ainda que o fato de estarem empatados tecnicamente numa segunda colocação demonstra que há um obstáculo à frente, que é justamente uma candidatura governista sendo mais bem pontuada desde a primeira rodada de pesquisas. Esse fenômeno é bem complexo e nos deixa ainda numa encruzilhada sobre uma definição e como observar para onde migrarão os votos num eventual segundo turno”, explica a cientista política e professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda Priscila Lapa.
Os demais candidatos Claudia Ribeiro (PSTU); Coronel Feitosa (PSC); Marco Aurelio Meu Amigo (PRTB); Carlos (PSL); Charbel (Novo); Thiago Santos (UP) e Victor Assis (PCO) oscilaram dentro da margem de erro e são indicados por até 1% dos eleitores, cada um. O candidato Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB) anunciou a retirada de sua candidatura, nessa segunda-feira (9). Ele aparece neste levantamento, pois as entrevistas da quarta rodada do Ibope/JC/Rede Globo já haviam sido realizadas.
Da terceira terceira rodada da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo, do último dia 29 de outubro, para agora, as movimentações mais intensas estão na briga pelo segundo lugar. A disputa apresentava um empate técnico entre Marília Arraes (PT), que havia crescido acima da margem de erro; a Delegada Patrícia (Podemos), que era citada por 16% dos eleitores, e Mendonça Filho (DEM), que havia recuado cinco pontos percentuais, acima da margem de erro, caindo para 13% das intenções na ocasião. Onze dias depois, o empate técnico permanece, porém com mudanças bruscas entre os atores.
“Tivemos a manutenção do candidato que lidera a corrida, João Campos, do governo e tivemos subida de Marília Arraes, que conseguiu se colocar, hoje, como a candidata que se descolou do segundo pelotão para, efetivamente, levar a corrida ao segundo turno. Então, é possível termos duas candidaturas à esquerda no segundo turno. Ao mesmo tempo, chama atenção a reação de Mendonça Filho, que se recuperou, mesmo tendo ainda uma grande rejeição. Mendonça se recuperou pelas fragilidades da Delegada Patrícia, que tinha o frescor da novidade, mas indispõe de máquina partidária para uma disputa dessas projeções”, sinaliza o cientista político e professor da Faculdade Damas Elton Gomes.
Os entrevistados que declaram intenção de votar em branco ou anular o voto caiu de 14% para 10%, ao passo que os indecisos oscilaram de 4% para 3%. Excluindo-se esses eleitores, ou seja, passando a levar em conta apenas os votos válidos, nenhum dos candidatos aparece com 50% mais um dos votos válidos para vencer a eleição no primeiro turno. O candidato João Campos aparece com 38% dos votos válidos. O percentual é o mesmo resultado da terceira rodada da pesquisa, do último dia 29 de outubro. Antes, João Campos aparecia com 38% e 40%, respectivamente, na segunda e terceira rodadas.
Marília Arraes tinha 20% dos votos válidos na primeira rodada da pesquisa. Oscilou para 17% na segunda, subiu para 22% na quarta rodada e, agora, tem 24% dos votos válidos. Mendonça Filho (DEM) tinha 27% dos votos válidos; caiu para 22%, depois 15% e, nesta quarta rodada, aparece com 20%. Já Delegada Patrícia aparecia com 16% dos votos válidos, oscilou para 15%, depois 20% e, agora, contabiliza 13% dos votos válidos.
“Agora, me parece que o quadro vai ficando mais decisivo no sentido de você ter pelo menos dois brigando por uma vaga no segundo turno. Eu acho que é o que ficou claro nesses dados do Ibope. Resta saber se esse movimento vai se repetir nas últimas pesquisas da reta final. Mas creio que esse cenário está me parecendo bastante evidente agora”, diz o cientista político da UFPE Ernani Carvalho.
Com o desenho de um segundo turno ficando mais claro, os candidatos deverão lançar mão de novas estratégias para angariar novas bases de voto. Para a cientista política Priscila Lapa, o cenário de segundo turno “ainda é uma incógnita”, já que o pleito no Recife possui ainda quatro candidatos viáveis.
“Temos esses que pontuam bem desde a primeira rodada, com dois dígitos e não minguaram de maneira drástica. Tudo isso mostra que temos duas candidaturas viáveis de centro esquerda e duas viáveis de centro direita. Agora, poderemos ter um cenário de segundo turno entre duas candidaturas de esquerda e, provavelmente, não teremos um posicionamento de apoio dos demais candidatos da oposição. Nesse sentido, poderemos ver movimentos dos eleitores desse segmento seja no desejo de mudança - qualquer candidato que não seja continuidade da atual gestão - ou um eleitor mais ideológico, que pense em tirar a ‘esquerda do poder’, normalmente associando esse sentimento ao PT”, observa Priscila.
Nas simulações de segundo turno feitas pelo Ibope, o candidato João Campos aparece na liderança em relação aos outros candidatos, fora da margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos. Comparando com o último levantamento, divulgado dia 29 de outubro, João aumentou a diferença nos cenários de segundo turno, principalmente, contra a Delegada Patrícia (Podemos). Num embate direto com ela, num eventual segundo turno, João saiu de 45% para 51% e ela caiu de 38%, para 27%, contra o candidato do PSB.
Na eventual disputa contra Marília Arraes, João Campos aumentou apenas um ponto, ficando dentro da margem de erro. Contra a petista, o socialista saiu de 41% para 42%. Já Marília, permaneceu com 34% na disputa contra seu primo. No quadro João versus Mendonça Filho (DEM), o candidato do PSB passou de 46% para 48%, um aumento, também, dentro da margem de erro. Enquanto isso, Mendonça oscilou positivamente de 32% para 33%, ou seja, ele cresceu dentro da margem de erro.
“Existe essa tendência de que o segundo turno seja entre primos (João Campos e Marília Arraes), mas a pesquisa mostra que Mendonça ainda está vivo, competitivo, e pode ir também para o segundo turno”, pondera o professor da Unicap, Antônio Lucena.
Além da queda na intenção de votos, a delegada Patrícia aparece, agora, na quarta rodada da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo, com a maior taxa de rejeição entre os votantes do Recife. De acordo com o levantamento, a candidata do Podemos passou de 10% na primeira rodada da pesquisa, chegou a 14% de rejeição na segunda rodada, 20% na terceira e avançou para 40% de rejeição - o que a coloca na liderança de rejeição no Recife. O candidato João Campos (PSB), que liderava o percentual de rejeição entre os eleitores, aparece agora com 29%. Antes era rejeitado por 33% dos votantes. Já esteve com 36% na segunda rodada e 28% na primeira.
Coronel Feitosa (PSC) permanece com 28% de rejeição. Mendonça Filho (DEM) 24% e Marília Arraes 23%. Charbel (Novo) tem 17%. Carlos (PSL) e Thiago Santos (UP) 16%. Victor Assis (PCO), Cláudia Ribeiro (PSTU) e Marco Aurélio Meu Amigo aparecem, respectivamente, com 15%, 14% e 13%. Poderia votar em todos (1%). Os que não sabem ou preferem não opinar somam agora 5%.