Após uma noite de silêncio, o ex-candidato à prefeitura do Recife Mendonça Filho (DEM) se pronunciou pela primeira vez à imprensa na manhã desta segunda-feira (16), momento em que declarou que não vai apoiar nenhum dos candidatos a segundo turno, João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT). "Nós não votaremos nem no PSB nem no PT. Nós vamos nos abster. O eleitor vai ter que decidir entre os dois. Mas do ponto de vista de posição partidária, não votaremos em nenhum. Eu sequer vou comparecer às urnas", disse Mendonça.
"Uma decisão política minha, de Priscila (Krause, sua vice), do DEM, é a de não apoiar nenhum eleito. Nós combatemos nas urnas, oferecemos alternativas para o Recife, mas infelizmente não conseguimos captar os votos suficientes paras passar para o segundo turno", postulou.
Mendonça conquistou 200.551 votos no primeiro turno da eleição, o equivalente a 25,11% da preferência do eleitorado, chegando ao terceiro lugar no pleito. O resultado ficou a dois pontos percentuais do segundo lugar, Marília Campos, que cravou 27,95%.
"A situação foi tensa; nós enfrentamos muitos obstáculos. Houve de um certo modo uma divisão do centro para direita. Eu discuti a favor de uma unidade. Nossa candidatura emplacou 25% dos votos", comentou. "Mesmo as alternativas postas, PT e PSB, não podem ser estabelecidas como vontade da maioria, porque ambas se situam abaixo de 30%, muito próximo do meu 25%. As circunstancias eleitorais levaram a uma disputa entre iguais", falou.
O candidato aproveitou para criticar as últimas gestões municipais. "A educação que ocupa nesses 20 anos de PT e PSB ocupa a 21ª posição: um flagelo, uma lástima, não tem o que comentar, além de um coração partido. Atenção básica da Saúde, desidratada e abandonada na cidade do Recife. Temos um retrato desse quadro social terrível com o IBGE colocando o Recife como a cidade mais desigual de todas capitais do Brasil", pontuou.
Também participaram do evento a candidata a vice na chapa, a deputada estadual Priscila Krause (DEM), o ex-senador Armando Monteiro (PTB) e o vereador eleito Alcides Cardoso (DEM).
Emocionada, a ex-candidata a vice e deputada Priscila Krause aproveitou a coletiva para agradecer ao seu companheiro de chapa e a militância do partido.
"Queria agradecer ao povo do Recife que nos reconheceu como uma alternativa viável, comprometida e diferente daquela que colocou o Recife como a capital mais desigual do Brasil. Faz 20 anos que nós combatemos, que nós alertamos que esse seria o resultado das políticas inadequadas adotadas para a cidade do Recife. A gente luta com armas diferentes. Durante a campanha eu falei várias vezes que, ainda que nós estivéssemos no poder, a gente sempre estaria em desvantagem do ponto de vista dessas armas. Não é questão de acesso a esses meios e sim de postura ao acesso a esses meios", falou.
Ainda na coletiva, Armando Monteiro defendeu que, apesar da derrota nas urnas, a chapa tinha ganhado a eleição "politicamente" e disse para Mendonça não "esmorecer" diante da perda das eleições.
"Eu quero dizer em nome do meu partido e desta coligação, que nós nos sentimos muito bem representados por Mendonça e por Priscila. Nós juntamos aqui muitas pessoas de integridade pessoal, que tem compromisso e que tem uma vida limpa. Apesar do resultado eleitoral adverso, do ponto de vista político, nós ganhamos essa eleição", disse.
O ex-senador ainda afirmou que Mendonça teria um "papel importante" em 2022, mas não deixou claro se já existe diálogos a respeito da campanha para o governo do estado nas eleições de 2022.
"Você (Mendonça) passa a desempenhar um papel muito mais importante. Quero dizer que você não deve esmorecer e que nós temos a responsabilidade de levar este projeto adiante. Vamos em frente, de cabeça erguida, porque eu tenho certeza que em 2022, você (Mendonça) terá um papel muito importante a cumprir na vida política de Pernambuco", comentou.
Mendonça Filho, no entanto, não se colocou como pré-candidato a governador em 2022, mas afirmou que está à disposição do grupo político para discutir futuras eleições.
Por fim, o ex-governador deixou futuras candidaturas a prefeito em aberto. "Em algum momento, vai ter uma mudança radical para um caminho mais alternativo. Não foi dessa vez. Vai ser daqui a quatro anos, oito anos. Poder eterno não existe, só o de Deus", disse.
Esta foi a terceira vez que Mendonça concorreu à Prefeitura do Recife nos últimos 20 anos. Na primeira vez, em 2008, ele ficou em segundo lugar, mas não chegou a disputar o segundo turno porque o eleito, João da Costa (PT), conquistou 51,54% dos votos. Em 2012, o democrata contabilizou apenas 10% do total de votos que angariou no pleito anterior, pouco menos de 20 mil, e ocupou o quarto lugar entre os mais votados. Ele ainda perdeu as disputas para o governo do Estado, em 2006, e para o Senado, em 2018.