Ex-líder da oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o deputado estadual Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB) decidiu ir para a base de apoio ao governador Paulo Câmara (PSB) na Casa. A decisão foi tomada após uma reunião com o governador na última quarta-feira (9) no Palácio do Campo das Princesas, com a participação do presidente do PSB-PE e secretário de Desenvolvimento Social de Pernambuco, Sileno Guedes, e o secretário da Casa Civil, José Neto.
"Eu já comuniquei a Eriberto (Medeiros, presidente da Alepe), já disse a ele que estou indo para a base. Já conversei com o governador, isso não tem mais o que discutir. Tenho consciência de que cumpri o meu papel (como líder da oposição)", resumiu.
Na pauta da reunião no Palácio, a pandemia da covid-19, compra da vacina, e um convite para voltar a se aliar ao PSB. Isto porque a ligação do deputado com os governos socialistas no estado não é de hoje. Quando vereador do Recife, ele integrou a base e chegou a ocupar o cargo de vice-líder da bancada governista na gestão de Geraldo Julio, mas começou a apresentar divergências com a prefeitura em relação as multas de trânsito aplicadas na capital pernambucana, chamadas por ele de "indústria da multa".
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Na eleição de 2018, ele foi eleito deputado estadual como um dos principais defensores de Bolsonaro em Pernambuco. Na Alepe, ele chegou à liderança da oposição, e tinha o apoio do hoje líder do governo no Senado Federal, Fernando Bezerra Coelho (MDB).
O motivo da saída da oposição, segundo o deputado, foi uma manobra para tirá-lo do cargo. Em tese, o seu mandato de dois anos no cargo já estava programado para ser encerrado no final de dezembro. Antonio Coelho (DEM) assumiu como líder da bancada no último dia 19 de novembro, juntamente com o novo 1º vice-líder, Alberto Feitosa (PSC), e o 2º vice-líder, Romero Sales Filho (PTB).
"O fato de terem feito uma manobra atrapalhada e terem me tirado da liderança faltando um mês para acabar o meu mandato de líder fez com que as pessoas do governo me procurassem", conta Marco Aurélio.
Com a saída de Marco Aurélio, a oposição fica com 10 integrantes. O bloco já havia sofrido uma baixa com João Paulo Costa (Avante), cujo partido integrou a coligação da Frente Popular que elegeu João Campos (PSB) prefeito do Recife. Nos bastidores, alguns deputados oposicionistas não se disseram surpresos com o desembarque de Marco Aurélio, devido ao antigo histórico de alinhamento com o PSB, e queixaram-se de falta de unidade na oposição no período em que ele foi líder.
Na eleição de 2020, Marco Aurélio foi candidato à Prefeitura do Recife, apresentando-se como o candidato de Bolsonaro. Ele assumiu uma postura mais crítica durante a campanha em relação a outros postulantes do campo da direita como Alberto Feitosa, que também defendia o governo federal e Mendonça Filho (DEM), que fazia acenos na direção do presidente, do que a João Campos, candidato da situação.
Na reta final da campanha, porém, Bolsonaro anunciou apoio à Delegada Patrícia (Podemos), o que levou Marco Aurélio a desistir da sua candidatura. "Quando o presidente decidiu pelo apoio à delegada, como eu posso ir para a rua dizendo que defendo Bolsonaro? Eu mostrei a minha coerência, se o presidente está dizendo que a candidata é a delegada, então não tem mais o que fazer", relembrou.
Para o deputado, o fato do PSB estar situado no campo da oposição a Bolsonaro no âmbito nacional não inviabiliza a sua ida para a bancada governista na Alepe. A bancada do PSB na Câmara dos Deputados, inclusive, aprovou recentemente uma orientação para não votar em nenhum candidato à Presidência da Casa Baixa que seja apoiado pelo governo Bolsonaro. "A questão do presidente é em 2022. Agora é hora de eu cuidar do estado, ajudar como eu puder ajudar e 2022 a gente resolve", minimiza Marco Aurélio.
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Histórico
Marco Aurélio não é o primeiro nome que chegou a ser líder da oposição ao PSB no estado ou no Recife e depois migrou para a hostes governistas. Seu antecessor na liderança da oposição, o atual deputado federal Silvio Costa Filho, levou o Republicanos, partido que preside no estado, para a Frente Popular na eleição do Recife deste ano.
Na Câmara, movimento semelhante ocorreu com Rinaldo Junior (PSB), que liderou a bancada de oposição no ano de 2018, na época filiado ao Republicanos. Ele filiou-se ao PSB em setembro de 2019 e assumiu como vice-líder do governo em 2020. Na eleição deste ano, foi eleito pelo PSB para o segundo mandato de vereador.
Antes dele, Aline Mariano (PP) tornou-se líder da oposição ao governo de Geraldo Julio (PSB) em outubro de 2012, quando ainda era do PSDB. Em janeiro de 2017, então filiada ao MDB, assumiu a liderança do governo.
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