Menos de uma semana após a deputada estadual Priscila Krause (DEM) criticar a manutenção na Secretaria de Saúde (Sesau) de sete servidores investigados por supostas irregularidades na pasta, o prefeito João Campos (PSB) decidiu exonerar quatro deles. As portarias com as exonerações das chefias das gerências de Compras e Serviços; Regulação; Administração e Conservação da Rede da Sesau, todas contratadas ainda na gestão do ex-prefeito Geraldo Julio (PSB), foram publicadas na terça-feira (9) no Diário oficial do Município.
"O prefeito João Campos não mentiu quando disse que confiava na equipe: manteve todos da Secretaria de Saúde do Recife, exceto o rapaz que já estava afastado pela Justiça e tentava voltar. De fato é uma gestão de continuidade: continua a mesma equipe que provocou 7 operações da PF", declarou Priscila, no dia 5 fevereiro, no Twitter.
No texto, a parlamentar refere-se a uma entrevista do então candidato a prefeito João Campos à Rádio Jornal, na qual ele disse que confiava na equipe de Saúde do ex-prefeito e atual secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio. "É um time que a gente confia, e já mostrou que faz", declarou o socialista, na ocasião.
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Segundo a deputada, no entanto, os servidores citados por ela "são investigados por órgãos de fiscalização como o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) devido a indícios de irregularidades nas contratações e compras para o enfrentamento à pandemia da Covid-19". Em 2020, a Sesau foi alvo de sete operações da Polícia Federal e de 41 auditorias especiais que inclusive ainda estão em andamento no TCE.
De acordo com a equipe de Priscila, o processo de aquisição de equipamentos, medicamentos e insumos assistenciais para a pandemia conduzido por esses servidores foi feito através de contratações sem licitação que ultrapassam os R$ 400 milhões.
"É evidente que é preciso aguardar o desfecho das investigações para que a Justiça e os órgãos de controle tomem as medidas cabíveis contra os responsáveis, mas manter tudo como estava, diante de tantos elementos já constatados pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal, Estadual, pela equipe técnica de auditorias do TCE, é um acinte contra o cidadão recifense", disparou a deputada estadual, através de nota.
Priscila destaca, ainda, que João deveria estar mais atento aos resultados de cada uma das auditorias que estão sendo analisadas pela corte de contas. "u digo e repito que o novo prefeito deveria ler o resultado de cada auditoria já finalizada no TCE. O prejuízo alcança muitas dezenas de milhões e nós vamos ser insistentes para que o cidadão recifense não seja vítima duas vezes: da pandemia e da corrupção", observou.
A parlamentar lembra que, da equipe de Geraldo Julio, ainda possuem cargos na Prefeitura do Recife o Gerente de Assistência Farmacêutica, o Gerente de Apoio Jurídico, Administração e Finanças e a Diretora Executiva de Administração e Finanças. "Os indícios de irregularidades nas compras emergenciais da Pasta para o plano de contingência da pandemia envolvem a aquisição de aventais, agulhas, coletores de urina, luvas cirúrgicas, luvas de procedimento, máscaras de não reinalação, medicamentos, monitores multiparamétricos, ventiladores, cateteres, filtros higroscópicos, camas, macas e poltronas hospitalares, aparelhos de Raio-X, entre outros", detalhou a equipe de Priscila.
O OUTRO LADO
A assessoria de imprensa da Sesau foi procurada pela reportagem do JC na tarde desta quarta-feira (10) para comentar o tema, mas não respondeu à tentativa de contato até a publicação desta matéria. Caso a gestão municipal queira se pronunciar, o espaço segue aberto.
Na semana passada, quando Priscila falou sobre o tema pela primeira vez, a deputada estadual Laura Gomes, líder do PSB na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), lançou uma nota pedindo "empatia, humanidade, espírito público e seriedade dos representantes do povo" para atravessar a pandemia.
No texto, a socialista diz que "nos últimos 11 meses, estes servidores vêm trabalhando arduamente, arriscando suas vidas e de seus entes próximos no combate da maior pandemia dos últimos 100 anos" e classifica as acusações da colega de Parlamento como "infundadas".
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