CORRIDA PRESIDENCIAL

Por 2022, PDT busca se aproximar do centro e tenta filiar Maia

O pernambucano Wolney Queiroz, líder do PDT na Câmara, convidou o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), para se filiar a legenda

Cássio Oliveira
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Cássio Oliveira
Publicado em 12/02/2021 às 16:29
Marcelo Camargo/Agência Brasil
"A intenção do presidente é transformar o parlamento em um anexo do Palácio do Planalto", disse Maia - FOTO: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Diferente de 2018, o PDT busca construir uma unidade maior em torno do ex-ministro Ciro Gomes pra disputar a eleição presidencial em 2022. No último pleito, mesmo rodando o Brasil e tentando alianças, o ex-ministro disputou a Presidência com o apoio, apenas do Avante, além de seu partido o PDT. Para isso, mais uma vez os pedetistas devem dar um passo ao centro, visto que na esquerda o PT colocou o bloco na rua com Fernando Haddad.

O próprio presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, disse, nessa quinta-feira (11), que o partido trabalha para que Ciro seja o candidato de uma frente ampla de centro-esquerda em 2022. O pedetista se reuniu com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), e afirmou estar ampliando conversas com diversos partidos e que Ciro representará a legenda na próxima eleição.

“Temos tido boas conversas com o PSB, com a Rede e com o PV. Tenho um diálogo permanente com o Kassab que é o presidente nacional do PSD, partido que o Kalil pertence, e o nosso desejo e nossa vontade é formar uma grande aliança de centro esquerda que representa o projeto de Brasil e na nossa opinião quem encarnar melhor essa capacidade é o Ciro Gomes”, afirmou Lupi.

Já nesta sexta-feira (12), em entrevista à Jovem Pan, Ciro afirmou que o "Brasil não cabe na esquerda" e que é preciso um projeto amplo que consiga unir partidos de centro com quem produz riqueza real e quem é solidário coma causa dos pobres.

O partido pode até mesmo ganhar um aliado que ajude no diálogo com forças de centro-direita. Alegando se sentir traído pelo Democratas (DEM), o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (RJ) confirmou que vai deixar o partido para fazer oposição a Jair Bolsonaro e um dos caminhos pode ser a volta ao PDT, legenda na qual iniciou sua carreira política.

O convite já foi feito pelo Líder do PDT na Câmara, o deputado federal Wolney Queiroz e almoço com Maia. "Tudo começou a partir do imbróglio que aconteceu na eleição de Baleia Rossi, depois da saída do DEM do bloco, que desfez as possibilidades de vitória do Baleia. Rodrigo demonstrou a insatisfação com o DEM e o desejo de sair da legenda", afirmou Wolney.

Saída do DEM

Maia afirmou que iria deixar o DEM após ver seu candidato na eleição à Presidência da Câmara, Balei Rossi (MDB-RJ), ser abandonado em nome de uma aproximação de seu partido com o Presidente da República, Jair Bolsonaro. Assim, enquanto Maia pedia votos para Baleia, outros do mesmo partido pediam para Arthur Lira (PP-AL), candidato do Planalto.

"O partido voltou ao que era na década de 1980, para antes da redemocratização, quando o presidente do partido aceita inclusive apoiar o Bolsonaro", disse Maia em entrevista ao jornal Valor Econômico. E completou: "O DEM decidiu majoritariamente por um caminho, voltando a ser de direita ou extrema-direita, que é ser um aliado de Bolsonaro."

Agora, os planos de Maia giram em torno de manter uma aliança que vinha se desenhando com partidos de centro que fazem oposição a Bolsonaro. Hoje, além do PDT, há especulação sobre a ida de Maia para PSDB, Cidadania e PSL. O deputado deve decidir seu caminho apenas na próxima semana.

No entanto, de acordo com Ciro Gomes, uma aliança de centro que inclua PDT e PSDB é quase inviável. "A vida do PDT com o PSDB é como água e óleo, não se misturam, a economia política dominante no País foi imposta pelo FHC e o PT manteve essa política, como superávit primário, câmbio flutuante, meta de inflação, 150% de juros no cartão de crédito. Isso aconteceu porque com PSDB e PT, cinco bancos cuidaram de todas as transações financeiras do País. Qual o projeto do PT? O partido esteve 14 anos no poder e o Brasil tem o sistema tributário mais regressivo do planeta. Quem paga imposto é pobre, classe média e empresário formal. Rico não paga imposto", disse Ciro.

Diferenças

Hoje, Maia defende pautas econômicas ligadas ao liberalismo e que por diversas vezes estiveram em consonância com os pensamentos do ministro da Economia, Paulo Guedes. Wolney Queiroz diz entender essa diferença de pensamentos entre Maia e o PDT - partido que faz oposição à agenda do governo Bolsonaro.

"Rodrigo Maia já foi do PDT e seu pai (César Maia) também. Então vi o convite como um gesto de gentileza pela posição dele no episódio de enfrentamento duro a Bolsonaro. Ele tem pautas programáticas diferentes do PDT, mas em outras questões como costumes e defesa da democracia ele se alinha", comentou Wolney.

O convite a Maia contou com a benção do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, mas pode não agradar Ciro Gomes. Na Jovem Pan, ele também disse que a deputada federal Tabata Amaral errou de partido ao se filiar ao PDT por defender pautas como a reforma da Previdência. Ele lembrou que há contra a parlamentar um processo de expulsão da sigla. Maia foi grande fiador da reforma na Câmara.

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