Marília diz que respeitará possível aliança entre PT e PSB, mas afirma que não sairá da oposição em Pernambuco
Hoje, os petistas têm dialogado com o PSB, partido ao qual Marília faz dura oposição, para tentar costurar um apoio dos socialistas à postulação do ex-presidente Lula
A deputada federal Marília Arraes (PT) afirmou, nesta sexta-feira (11) que apesar de cultivar o desejo de disputar o Governo de Pernambuco em 2022, acredita que qualquer decisão a ser tomada pelo PT no âmbito local deve ter como prioridade evitar que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) seja reeleito. Hoje, os petistas têm dialogado com o PSB, partido ao qual Marília faz dura oposição, para tentar costurar um apoio dos socialistas à postulação do ex-presidente Lula. Comenta-se que, assim como ocorreu em 2018, uma das condições que estariam sendo colocadas para a formalização dessa reconciliação das siglas é que o PT não lance candidato em Pernambuco.
"Com o PSB ou com qualquer outra força, eu acredito que o PT - que hoje tem o candidato que pode não somente ganhar a eleição, mas resgatar o País do caos que a gente está vivendo - tem a obrigação de conversar com todos. Mas a conversa que tem que ser nacional e depois para só depois se passar para a realidade de cada Estado. Pernambuco não pode se sobrepor aos interesses do País, até porque se o País vai bem, Pernambuco vai bem também. De minha parte, o que eu vou é manter as minhas posições. Não vou tomar posições incoerentes, não vou trair o que eu fiz e o que eu falei, diferentemente do que o PSB faz ao longo da última década e meia", disparou a parlamentar, durante entrevista à Rádio Clube.
>> 'Uma das figuras políticas mais inspiradoras do mundo', diz Marília Arraes sobre Lula
>> ''Eu não tenho motivos para sair do PT'', diz Marília Arraes
Apesar de afirmar que não faz política se "magoando ou apaixonando", mas de maneira racional, Marília defendeu a independência do PT em Pernambuco e relembrou episódios das disputas ferrenhas que já travou no passado com o PSB, inclusive na campanha á Prefeitura do Recife, em 2020. "Essa esculhambação toda que o PSB fez comigo, com o PT, com o presidente Lula, foi só mais um capítulo da minha vida, porque ao longo desses anos o PSB fez muita baixaria comigo, colocou cadela vira-lata no comitê de Paulo Câmara com o nome de Marília, pichou a cidade toda com ofensas a mim, pichou o muro do prédio onde a minha mãe mora, sempre me descredibilizou, e eu acho que isso tudo é desespero, porque eles sabem que tem uma força política que ameaça o projeto de poder que eles têm", detalhou a deputada.
No bate-papo Marília também defendeu que, mesmo que PT e PSB de unam novamente, os ataques feitos por socialistas ao partido no ano passado sejam debatidos por seus dirigentes. "É necessário relembrar o que aconteceu e colocar em pauta, até para não esquecer e se evitar que tudo aconteça novamente", observou.
Apesar do flerte com o PSB, caciques de peso do PT, como Lula e a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, jamais descartaram a possibilidade do partido ter um candidato próprio em Pernambuco, e o nome do senador Humberto Costa (PT) seria um dos cotados para a disputa. Em entrevista recente, Gleisi argumentou que caso Humberto encabeçasse uma chapa do partido no Estado, ele não correria chance de perder o mandato, pois está na metade dele. Se Marília disputasse, porém, o partido perderia a chance de reeleger uma parlamentar que teve uma votação expressiva na última eleição.
Marília, no entanto, não parece disposta a abrir mão de participar do pleito. "Se for decidido que o PT deve ter candidatura própria, claro que o meu nome está posto, isso aí não é mistério para ninguém. (...) A gente vai discutir isso internamente e, se for escolho o meu nome ou não, eu vou trabalhar com muito respeito pelo nome que o PT escolher. Se for o senador Humberto Costa, é um quadro com bastante experiência, com visibilidade, com seriedade, um dos principais senadores da República, então não teria problema nenhum em fazer campanha junto com ele", pontuou. Durante a pré-campanha de 2020, Marília e Humberto trocaram várias farpas publicamente, pois, diferentemente da deputada, ele defendia que a sigla mantivesse a aliança com o PSB no Recife. Depois que o PT bateu o martelo sobre a candidatura de Marília, o senador chegou a apoiá-la na campanha.