DECLARAÇÃO
Um dia após ameaça de Bolsonaro contra eleições, Lira critica 'oportunismo'
Nas redes sociais, presidente da Câmara fez declarações sobre a força das instituições, oportunismo e responsabilidade dos membros de poderes
Um dia após declarações do presidente da República Jair Bolsonaro suscitar nova ameaça à democracia e desencadear fortes reações no Congresso e Judiciário, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aliado do governo, fez declarações sobre a força das instituições, oportunismo e responsabilidade dos membros de poderes nas redes sociais. Sobre as eleições de 2022, o deputado afirmou ainda que o eleitor é quem dará o veredito.
"Nossas instituições são fortalezas que não se abalarão com declarações públicas e OPORTUNISMO. Enfrentamos o pior desafio da história com milhares de mortes, milhões de desempregados e muito trabalho a ser feito. Em uma hora tão dura como a que vivemos hoje, saibamos todos que o Brasil sempre será maior do que qualquer disputa política. Tenhamos todos, como membros dos poderes republicanos, responsabilidade e serenidade para não causar mais dor e sofrimento aos brasileiros", escreveu Lira no Twitter, neste sábado, 10.
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O tom das declarações de Lira é mais ameno do que o repúdio demonstrado pelos seus demais colegas às falas do chefe do Executivo, depois que, na sexta-feira, 9, Bolsonaro subiu o tom e chamou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, de "imbecil" e "idiota". Integrantes da cúpula dos Poderes fizeram questão de condenar publicamente a atitude, considerada golpista, e só aventada por quem é "inimigo da Nação".
Alvo dos xingamentos, Barroso divulgou uma nota na qual destaca que a tentativa de impedir as eleições configura "crime de responsabilidade", primeiro passo para a abertura de um processo de impeachment contra o chefe do Executivo. Ao Estadão, o presidente do TSE afirmou que pode assegurar a disputa de 2022. "Eu não paro para bater boca. Cumpro o meu papel pelo bem do Brasil. Mas eleição vai haver, eu garanto", afirmou Barroso, que também integra o Supremo Tribunal Federal (STF).
Eleito presidente do Senado com o aval do Palácio do Planalto, assim como Lira, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) se distanciou afirmou que não aceitará retrocessos ao estado democrático de direito. Foi também uma resposta às últimas manifestações das Forças Armadas.
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"Todo aquele que pretender algum retrocesso ao Estado democrático de direito, esteja certo, será apontado pelo povo brasileiro e pela história como inimigo da Nação", afirmou Pacheco. "As eleições são inegociáveis", afirmou Pacheco. "As eleições são inegociáveis".
As declarações de Bolsonaro na sexta-feira vieram na esteira da iminência da mudança constitucional para a adoção do voto impresso ser derrotada na Câmara. Ainda no Twitter, Lira falou sobre o papel da Casa presidida por ele ser um espaço para diálogo.
"A Câmara avançará nas reformas, continuará a ser o poder mais democrático e plural do país e não se deixará levar por uma disputa que aprofunda ainda mais a nossa crise. A Câmara será sempre a voz de um povo livre e democrata e sempre estará pronta para ajudar o Brasil a continuar a crescer e se encontrar com seu destino de país desenvolvido e socialmente justo", disse.
O presidente da Câmara também citou as eleições. "Deixemos que o eleitor tenha emprego e vacina, que deixe o seu veredito em outubro de 2022 quando encontrará com a urna; essa sim, a grande e única juíza de qualquer disputa política. O nosso compromisso é e continuará sendo trabalhar pelo crescimento e a estabilidade do país", escreveu.