Discussão que vai ainda render, diz Fernando Bezerra sobre candidatura do MDB ao governo
Para o líder do governo no Senado, ainda é cedo para cravar uma posição definitiva do MDB sobre a eleição para o Governo de Pernambuco em 2022. Prefeito de Petrolina, Miguel Coelho quer disputar pelo partido, mas recebeu negativa da direção
O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) minimizou a decisão do presidente do MDB de Pernambuco e deputado estadual Raul Henry de permanecer na Frente Popular e, consequentemente, descartar o lançamento de candidatura própria ao Governo de Pernambuco nas eleições de 2022. As declarações indicam que ele não deve desistir fácil de lançar o filho, prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), candidato a governador, apesar da resistência da direção do MDB.
"Eu acho que prefiro acreditar que isso é um início de um processo e que nós teremos a oportunidade de colocar novos argumentos e iniciar esse debate para que a gente tome uma decisão, se possível uma decisão consensual, se não consensual mas cada um respeitando as suas posições políticas, como foi assim no passado", afirmou o líder do governo Bolsonaro no Senado, em entrevista à Rádio Jornal na manhã desta quinta-feira (15).
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O assunto voltou à tona na última terça (13), quando Miguel Coelho, cotado para concorrer ao governo estadual, lançou uma nota lamentando a negativa de Raul e do senador Jarbas Vasconcelos (MDB) de discutir um nome do partido para disputar a sucessão do governador Paulo Câmara (PSB).
Em resposta a Miguel, Raul Henry divulgou outra nota informando que foi procurado pela primeira vez por Miguel Coelho no dia 7 de abril deste ano, e estabeleceu o mês de julho como prazo limite para uma resposta sobre a candidatura devido à proximidade com as convenções partidárias.
Na ocasião, ele conta que apontou como dificuldade para tal o fato de Jarbas e Raul serem aliados do PSB desde 2011 e o desejo de permanecerem na Frente Popular, cuja coligação majoritária elegeu o próprio Jarbas a senador nas eleições de 2018.
Outra contradição "intransponível" seria o apoio da família Coelho ao presidente Jair Bolsonaro. "Enquanto a nossa trajetória é marcada pela defesa dos valores democráticos, o presidente, todos os dias, aumenta a escalada do seu discurso contra as instituições e a ordem democrática", argumentou Raul Henry
Segundo Raul, outra reunião teria sido realizada em 31 de maio, onde as mesmas questões foram apontadas por ele. Foi acordado entre ele e Miguel um novo prazo para informar sua decisão até o mês de agosto. Mas em 8 de julho, o prefeito de Petrolina foi informado da posição final da direção do partido.
Fernando Bezerra classificou os encontros entre Raul e Miguel como o "início de um processo" sobre como o partido vai se posicionar nas eleições estaduais de 2022. Segundo Fernando, tudo vai ser influenciado pela versão da Reforma Política Eleitoral que deve ser votada no Congresso Nacional. Esta será a primeira eleição estadual em que não haverá coligações para a eleição proporcional.
O senador projeta que, se as regras forem mantidas, deve ser de interesse da sigla ter um candidato próprio para impulsionar as candidaturas a deputado estadual. "Muitas discussões já surgem sobre fusões partidárias, porque não havendo coligação, que é a regra atual, é mantido o sistema eleitoral que vigorou nas eleições para vereadores, nós vamos ter um grande enxugamento do quadro partidário, o que poderá provocar a partir do mês de setembro, quando se votar a Reforma Eleitoral, a possibilidade de fusões partidárias e uma nova análise sobre o quadro político que os partidos vão encaminhar do ponto de vista de soluções, de candidaturas a governador", apontou FBC.
Ele diz entender a dificuldade de uma candidatura própria para os dirigentes emedebistas, mas acredita que esta é uma discussão que ainda está longe de ser encerrada. "Porque o presidente nacional do partido, deputado Baleia Rossi, me ligou e pediu a compreensão para aguardar um pouco mais as discussões que estão sendo travadas na Câmara e dentro do partido e eu vou aguardar com serenidade para que a gente possa tomar uma decisão que seja melhor para o MDB e seja melhor para Pernambuco", salientou.
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Permanência no partido
Raul afirmou na nota que ele e Jarbas tinham deixado Miguel Coelho "à vontade para, diante de nossa posição, encaminhar da maneira que lhe fosse mais conveniente os passos seguintes".
Questionado se poderia recuar do apoio a Bolsonaro ou cogitar a saída do seu grupo do partido, FBC argumentou que essas não são as duas únicas opções disponíveis. "Vocês todos estão acompanhando uma discussão que se trava sobre a polarização política, da possibilidade das candidaturas de centro, dentro do MDB tem uma discussão sobre a possibilidade de candidaturas próprias, portanto acho que ainda é muito cedo para colocações categóricas como a que foram feitas pelo deputado Raul Henry embora eu respeite a posição política dele", disse.
Os Coelho romperam com o PSB ainda em 2017. Fernando Bezerra Coelho travou uma briga na justiça com Raul e Jarbas pelo comando do partido, na tentativa de ser ele mesmo o candidato nas eleições de 2018. Não se sabe se ele poderá reeditar essa disputa agora para 2022.
"Nós tivemos, quando da minha entrada no MDB, uma disputa que inclusive resvalou para o campo jurídico, judicial, mas depois nos recompomos do ponto de vista do diálogo inclusive com iniciativa do próprio senador Jarbas Vasconcelos. Respeitamos a candidatura do senador Jarbas ao Senado, embora a gente não tenha acompanhado a Frente Popular, sempre caminhamos no campo da oposição em Pernambuco. Eu acho que nós vamos encontrar uma solução equilibrada em relação a essa questão", complementou Fernando Bezerra.