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''Temos saída, mas passa pelos governadores'', diz Bolsonaro sobre preço da gasolina e do gás de cozinha

O presidente também disse que a recuperação da economia são será ''tão rápida como muitos querem''

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Cadastrado por

Cássio Oliveira

Publicado em 26/08/2021 às 14:05 | Atualizado em 26/08/2021 às 17:04
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O presidente Jair Bolsonaro Bolsonaro (sem partido) voltou a incluir os governadores como uma das soluções para a alta no valor dos combustíveis e do gás de cozinha. Bolsonaro vem há tempos alegando que esses produtos estão baratos porque saem das refinarias da Petrobras com preço bem menor do que o cobrado do consumidor final. O que os encarece, segundo o presidente, são as outras etapas, como transporte, margem de lucro das empresas e o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) - uma das principais receitas recolhida por Estados.

"Estamos vendo a inflação, sim, na casa dos 7%. Quando falo isso, é uma inflação global. Lógico que os alimentos estão muito acima disso, o que é preocupante. Se bem que a inflação, no tocante aos alimentos, veio para o mundo todo. Todos estão sofrendo", disso o presidente, afirmando que o preço médio do gás de cozinha está R$ 130, o botijão de 13kg. "Posso conversar com vocês, e temos saída para isso, mas passa pelos governadores, bem como a questão dos combustíveis. O combustível está caro? Não está? Já ultrapassou os R$ 6. Na refinaria, o litro de gasolina custa R$ 2 e pode chegar a R$ 6 ou R$ 7 na ponta da linha. Temos alternativas? Temos, mas eu sozinho não tenho como resolver esse assunto. Passa por um entendimento com os governadores", pontuou o presidente em entrevista à Rádio Jornal, nesta quinta-feira (26).

Levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostra que o preço da gasolina já passa dos R$ 7 por litro nos postos do Acre e o custo do botijão de gás de 13 kg já chega a R$ 100 na região Norte. Segundo dados do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor - Amplo 15), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço da gasolina acumula alta de 39,52% nos últimos 12 meses nos postos do país.

Em reunião na segunda-feira (23), os governadores rebateram a pressão feita pelo presidente. Segundo os mandatários, a proposta de reduzir a tributação prejudica a arrecadação dos estados. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, disse que o argumento presidencial "é uma falácia" para culpar os governadores.

Ele completou dizendo que parte da culpa da escalada de preços é do clima político, que gera impactos na inflação e na taxa de câmbio. “Nenhum governador tem aumentado o ICMS sobre combustíveis. Ele é cobrado como era cobrado há dez anos atrás. Então isso é uma falácia que se coloca na tentativa de culpar os governadores pelos nove aumentos que a Petrobras produziu nos combustíveis”, afirmou o governador do Distrito Federal.

Na última semana, o secretário da Fazenda de Pernambuco, Décio Padilha, já havia discordado de Jair Bolsonaro sobre a alta nos combustíveis no País. Para Décio, o problema está na política de preços adotada pela Petrobras. "O problema de combustível no Brasil é a falta de concorrência. A Petrobras quinzenalmente estabelece um preço, dolarizou toda a sua produção, alinhou o preço praticado no País à variação do barril de petróleo internacional e à variação do câmbio, sabendo que 40% é importado e 60% é produzido. As multinacionais fazem composição, parte é dolarizado, parte não é, não entendo porque a Petrobras não faz isso Desde que ela mudou essa política, ela está com altíssima rentabilidade, enquanto o país está em dificuldade grande e não tem concorrência. Se tivesse concorrência, não tinha reajuste quinzenal", afirmou o secretário em entrevista à Rádio Jornal, na quinta-feira (19).

Sobre o ICMS, Décio lembrou que a alíquota em Pernambuco é a mesma desde 2016, assim, o imposto não seria o responsável pelo aumento nos combustíveis. "Se a carga tributária do Brasil é alta, temos uma proposta no Congresso, vote ela. Acabando ICMS, ISS, Pis/Cofins, criando uma única alíquota nacional, mas não se vota isso", afirmou.

Economia

Bolsonaro afirmou, ainda que a economia está se recuperando, mas ressaltou que não teremos resultados de um dia para o outro. Ele voltou a alfinetar governadores por conta dos lockdowns, necessários para a contenção da pandemia de covid-19.

"Nós passamos momentos difíceis no ano passado quando aquela política do 'fique em casa, a economia a gente vê depois' abalou nossa economia profundamente. Tomamos medidas para que os empregos formais com carteira assinada não fossem destruídos com a política de alguns governadores e prefeitos, como o lockdown. Atendemos o pessoal mais necessitado, os informais, que não tinham carteira assinada, com Auxílio Emergencial. Agora, as coisas não vão ser tão rápidas como muitos querem", afirmou. 

Confira o que Bolsonaro disse sobre o assunto

 O presidente afirmou, ainda, que os lockdowns impactaram na produção de alimentos. "Quando se fala em alimentos, com o ‘fique em casa’, começou-se a produzir menos no Brasil, e o consumo, acredite, aumentou. Qual foi a consequência? Inflação. Estamos vivendo a maior crise hidrológica da história do Brasil. Nos últimos 90 anos, nunca se viu uma seca tão grande. Isso afeta diretamente a geração de energia, que move a economia. Tivemos também agora geadas, que pegaram mais, obviamente, a Região Sul. A região mais fria, que manda safras, como a do milho. Isso impacta no preço da galinha, do frango e do ovo. Temos notícias tristes, mas temos que nos unir e enfrentar esses desafios. Tanto é que eu não fujo de conversas com a imprensa, com vocês, ao vivo. Estamos à disposição para sermos criticados, questionados e até sermos pressionados por vocês. Este é o nosso trabalho: mostrar a verdade acima de tudo", disse.

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