Eleições 2022

Após anúncio da filiação de Miguel Coelho ao DEM, Raquel e Anderson pregam unidade e elevam os próprios passes

Prefeitos dizem que a oposição "nunca esteve tão unida", mas não parecem dispostos a abrir mão da cabeça de chapa para beneficiar um dos aliados

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Renata Monteiro

Publicado em 27/08/2021 às 18:56 | Atualizado em 27/08/2021 às 19:01
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Apenas dois dias após o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), anunciar que vai se filiar ao DEM no dia 25 de setembro como pré-candidato ao Governo de Pernambuco, os prefeitos de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), e de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), que também são cotados para a disputa, se reuniram na cidade da tucana e deram entrevistas defendendo a unidade das oposições no Estado. Até agora, o bloco de partidos do qual os gestores fazem parte não decidiu a estratégia que adotará nas eleições de 2022, se lançará apenas uma ou mais candidaturas, mas a ida de Miguel para o DEM e as suas movimentações pelo Estado parecem estar acelerando o processo de definição dessa tática.

Pelo menos até o momento, apesar de ressaltarem que a oposição “nunca esteve tão unida”, que “não é momento para a definição de candidatos” e que no grupo “não há espaço para projetos pessoais”, nenhum dos três prefeitos opositores parece disposto a abrir mão da cabeça de chapa para beneficiar um dos aliados. Em entrevistas dadas entre ontem e hoje, ainda que muito sutilmente, cada um deles fez questão de demonstrar força política e de apontar em si mesmos o que consideram ser os predicados necessários para que sejam escolhidos para liderar a majoritária.

Acompanhado por nove prefeitos, dois vice-prefeitos, três ex-prefeitos e dois deputados federais, Anderson Ferreira afirmou, durante entrevista à Rádio Cidade de Caruaru nesta sexta-feira (27), que tem estado em diálogo constante tanto com Raquel quanto com Miguel sobre os rumos que a oposição deve tomar em 2022 e que “não dá para escolher em que posição você vai jogar quando se define uma postura de unidade”. Apesar disso, o gestor fez questão de chamar atenção para a musculatura que o seu grupo político possui, contando tanto com o PL - do qual é presidente estadual - quanto com o PSC do deputado André Ferreira, seu irmão. O sucesso que obteve em eleições majoritárias e proporcionais, assim como as ações bem-sucedidas que desenvolveu na Prefeitura de Jaboatão também foram mencionadas mais de uma vez pelo prefeito.

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“Nós temos uma musculatura política e cada qual sabe o tamanho que tem. Hoje eu presido o PL, que é o maior tempo de televisão do grupo, e isso é importante para uma disputa eleitoral. Temos o PSC, que é presidido pelo deputado André Ferreira, e conseguimos na eleição passada fazer cinco deputados estaduais, a terceira maior bancada da Assembleia Legislativa. Isso (quem vai ocupar cada espaço na chapa majoritária) não é uma definição pessoal, temos que ver nesse projeto quem consegue agregar o maior número (de apoios) para que a gente possa ter uma vitória”, pontuou Anderson.

Falando para o programa Cidade em Foco, da Rede Agreste de Rádios, Raquel Lyra disse que fica feliz em ter o nome lembrado para o pleito de 2022, mas acredita que, por ora, defende que o bloco se concentre em desenhar um “projeto que dialogue com o futuro de Pernambuco”. A tucana, que já recebeu o apoio formal do Cidadania para a disputa, caso confirme a sua candidatura, não deixou de destacar que lidera o PSDB no Estado e os projetos exitosos que vem tocando em Caruaru.

“Não existe Raquel projetada para outro lugar, tudo o que tem reverberado no Estado diz respeito ao que a gente tem conseguido fazer em Caruaru. As obras estruturadoras, os investimentos, o cuidado com as pessoas. Mas eu tenho muita responsabilidade com o cargo que ocupo, precisamos cuidar de Caruaru, conseguir enfrentar a pandemia, garantir o pós-pandemia, olhar para o futuro. E como oposição e presidente estadual do partido conseguir construir um projeto para o nosso Estado que dialogue com a alma dos pernambucanos”, cravou a prefeita, que recebe neste sábado o governador de São Paulo e pré-candidato à presidência da República, João Doria (PSDB), em Caruaru.

Os movimentos de Anderson e Raquel parecem dar um recado a Miguel Coelho, que mesmo antes de anunciar que sairia do MDB para entrar no DEM, já estava percorrendo Pernambuco inteiro ao lado do pai, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), e dos irmãos, o deputado federal Fernando Filho (DEM) e o deputado estadual Antônio Coelho (DEM), tentando abertamente viabilizar a sua pré-candidatura a governador. É como se os prefeitos de Jaboatão e Caruaru quisessem dizer ao aliado que a sua adesão a um partido do bloco não garante, de imediato e sem uma construção conjunta, uma unidade em torno do seu nome.

Palanques nacionais

Nesta sexta, Anderson Ferreira também colocou-se contra a nacionalização do debate eleitoral do próximo ano e afirmou que a oposição do Estado irá debater os problemas de Pernambuco, o que seria a prioridade do coletivo. “Eu sou abordado muitas vezes pelas pessoas falando do presidente A ou do presidente B e sempre respondo: esse é o jogo do governo, mas a gente vai discutir Pernambuco. Eu não estou aqui para discutir se o candidato a presidente da República é fulano ou sicrano. Eu acho que esse é o jogo do governo que está aí”, declarou o gestor, que é irmão do vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados.

De acordo com a última pesquisa Datafolha, o ex-presidente Lula (PT), que costura a retomada de uma aliança com o PSB do governador Paulo Câmara, tem quatro vezes mais intenções de voto no Nordeste do que Bolsonaro.

A questão nacional é um dos fatores que podem ter maior influência entre os líderes da oposição na definição da estratégia que o grupo vai adotar em 2022. Para alguns, o ideal é que apenas um nome seja lançado, muito embora o palanque ficasse aberto a várias candidaturas nacionais. Para outros, o mais indicado é que duas candidaturas fossem postas, uma ao centro e outra ligada ao bolsonarismo, para dar mais opções para o eleitorado pernambucano que não vota na centro-esquerda.

“Eu acho que deve haver nitidez de posição. Quem apoia Bolsonaro deve montar seu palanque. Aqueles que não concordam com o PSB, mas também não apoiam Bolsonaro, devem construir seu caminho”, argumentou o deputado federal Daniel Coelho, presidente estadual do Cidadania. O parlamentar, que defende Raquel como candidata a governadora, vai seguir o mesmo caminho da sua aposta em Pernambuco com relação ao pleito nacional, apoiando um postulante da terceira via à presidência.

Miguel Coelho, que é filho do líder do governo do presidente Bolsonaro no Senado e já chegou a afirmar que tem “um alinhamento de pensamentos” com a gestão federal, tem resistido em definir, neste momento, quem será o seu candidato ao Palácio do Planalto no próximo ano. Ontem, porém, em entrevista à rádio CBN Recife, o prefeito de Petrolina contou o que um candidato a presidente deveria fazer para receber o seu apoio no ano que vem.

“Os ânimos têm que se acalmar um pouco, a gente precisa tratar dos desafios nacionais, da reforma tributária, reforma administrativa, tem a questão dos precatórios, há a pauta do Renda Brasil, que é o novo programa social que o governo federal está lançando, mas que ainda há dúvidas sobre o seu valor. Eu defendo isso, que a gente faça um debate sereno, com tranquilidade e tendo uma visão de futuro. O melhor ator a fazer isso é quem vencer a eleição, pois não há nada mais supremo do que o voto popular”, declarou Miguel, na ocasião.

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