O governador Paulo Câmara (PSB) vai assumir um grande desafio em 2022, paralelo à conclusão do seu último mandato à frente do Palácio dos Campos das Princesas. Em janeiro, após um ano tendo como presidente o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), o Consórcio Nordeste, que reúne os nove estados da região, será assumido pelo gestor pernambucano por 12 meses.
Ao se referir a força política que o Consórcio Nordeste possui, Paulo Câmara ressalta que a criação inédita desse modelo de união entre os entes federados, realizada em 2019, veio para cobrir a lacuna criada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Nós temos um presidente que não acredita no Brasil, os estados têm que acreditar e tem que estar juntos mostrando que o Brasil tem jeito. Porque os exemplos do governo federal são de que o Brasil está um horror”, declarou Câmara, em entrevista ao JC.
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No entanto, o desafio do governador pernambucano está justamente em sair do discurso político e transformar o propósito da criação do Consórcio Nordeste em resultados práticos. Em plena pandemia da covid-19, o que era para ser fruto de articulação em conjunto dos estados, acabou virando alvo de operação policial, como foi o caso da aquisição conjunta de 300 respiradores pulmonares por R$ 49,4 milhões. O Governo do Estado esclareceu que não houve prejuízos aos cofres públicos nesta operação, porque os recursos foram devolvidos.
Outra ação frustrada foi a suspensão da compra de 37 milhões de doses da vacina russa Sputnik V contra a covid-19. Após diversos impasses, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária chegou a liberar a importação do imunizante produzido pelo Instituto Gamaleya, da Rússia, mas fez uma série de exigências que acabaram inviabilizando o acordo com os estados.
Futuro presidente do Consórcio Nordeste, Paulo Câmara defende que não se pode reduzir a importância do colegiado a estas ações negativas e atribuiu a pandemia as dificuldades de visitas e agendas a serem promovidas pelos gestores nordestinos. Ele citou como exemplo a lei estadual do Benefício Continuado Pernambuco Protege, oriundo do Programa Nordeste Acolhe. A iniciativa foi idealizada pelo Consórcio como objetivo de garantir o pagamento mensal de um benefício às crianças e adolescentes que ficaram órfãos em virtude da pandemia. De acordo com a Câmara Temática do colegiado, há pelo menos 26,5 mil órfãos de vítimas da covid na região.
“Nós temos uma série de investimentos na área de energia renovável, fruto dessas conversas e articulações que os governadores do Nordeste tiveram com alguns países europeus. Isso está acontecendo no Rio Grande do Norte, em Pernambuco, no Ceará. E temos um conjunto de comitês técnicos e grupos de trabalho, são nove áreas que nós atuamos, que já tem produzido resultados e ações muito importantes de serem colocados em prática”, declarou.
“A pandemia atrapalhou isso, não deu realmente nem ritmo de reuniões, nem ritmo de ações e visitas para que as coisas andassem mais rápido. Então qual é o objetivo para 2022 do Consórcio? É finalizar esse trabalho das comissões, colocar em prática uma série de ações conjuntas das regiões que vão desde a agricultura familiar, a questão de planejamento para atração de investimentos , ações relacionadas à ciência e tecnologia para replicação de muitos parques tecnológicos, como o Porto Digital que nós temos, em estados do Nordeste”, explicou o governador.
Futuro político
O governador Paulo Câmara disse estar animado para concluir seu segundo mandato até o dia 31 de dezembro de 2022, no entanto, não descartou a possibilidade de encarar "novas missões", caso seja do entendimento do PSB. Ele também deverá ser reconduzido a vice-presidência nacional da sigla, durante a realização do Congresso Nacional do PSB, em abril.
"Se você me perguntar se estou animado para ficar até 31 de dezembro de 2022, eu estou muito animado porque a gente enfrentou muitos desafios e não estou dizendo que o ano de 2022 será fácil, porque não vai ser", declarou.
"No entanto, se houver outras tarefas e missões, e eu sentir que posso contribuir em outras missões, eu não vou me omitir de discutir isso até o final de março. Agora, a gente vê aí nas discussões que tudo indica que vamos finalizar e é uma honra muito grande ser governador de Pernambuco por oito anos seguidos, foram poucos que tiveram essa oportunidade", concluiu.
Enquanto não bate o martelo, o nome do governador já foi cogitado para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, e até para o Senado - neste caso, a escolha por Paulo seria uma forma de apaziguar os ânimos em torno dos partidos aliados que disputam a preferência na chapa majoritária.
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