Em meio às conversas de bastidor de que o PSDB pode rifar a candidatura ao Palácio do Planalto do governador de São Paulo, João Doria, o presidente nacional do partido, o pernambucano Bruno Araújo, se pronunciou para dizer que o paulista não só tem acompanhado as conversas para formação de uma federação com MDB e União Brasil, como a junção dessas siglas não representaria, a princípio, a retirada da candidatura do governador do páreo.
Na publicação que fez em suas redes sociais, o tucano também se referiu ao deputado federal pernambucano Luciano Bivar, presidente nacional do União Brasil (partido criado após a fusão do PSL com o DEM), como presidenciável, ao lado de Doria e da senadora Simone Tebet (MDB-MS).
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"Os diálogos em relação a possível federação passam pelo conhecimento direto do nosso pré-candidato à Presidência. Os que sentam a mesa fazem abertos na tentativa de construção de uma candidatura única", escreveu Bruno Araújo. "PSDB-Joao Dória, MDB-Simone Tebet e UB-Luciano Bivar colocam legitimamente suas alternativas. Ninguém está retirando suas escolhas e sim dando equilíbrio nas discussões que podem levar a uma construção coletiva", completou ainda o tucano.
Em ascenção desde 2016, quando se tornou prefeito de São Paulo, a maior cidade do País, Doria foi referendado como candidato do PSDB à Presidência depois de vencer as prévias do partido, das quais participaram o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.
Apesar de ter se sagrado campeão da corrida interna, Doria tem patinado nas pesquisas de intenção de voto. Segundo o último levantamento do Ipespe, divulgado na sexta-feira (11), ele tinha apenas 3% da preferência do eleitorado, atrás do primeiro pelotão, formado pelo ex-presidente Lula (PT) e pelo atual ocupante do Planalto, Jair Bolsonaro (PL), e com menos da metade dos nomes que buscam se consolidar como terceira via, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (Podemos) e o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT).
Por isso, uma ala crescente no PSDB acredita que seria um "mal menor" retirar o governador da disputa, abrindo espaço para que os tucanos de cada estado fechassem com o presidenciável que melhor fortalecesse as candidaturas locais, especialmente para o Congresso Nacional, onde a sigla vai precisar de número para sobreviver às restrições impostas pela cláusula de barreira.
Esse grupo anti-Doria, hoje, é capitaneado pelo deputado federal Aécio Neves (MG), que foi candidato a presidente em 2014.
A crise na legenda foi agravada ainda mais pela decisão do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, padrinho de Doria, de quem se tornou adversário político desde 2018, de deixar o PSDB. Alckmin está em busca de uma legenda para ser vice de Lula, tradicional adversário tucano, na corrida eleitoral deste ano, hipotecando ao PT um verniz de centro, que pode ser importante para reduzir o sentimento anti-petista que favoreceu Bolsonaro há quatro anos.
Depois de polarizar com o PT todas as eleições desde 1994, o PSDB amargou menos de 5% dos votos na última corrida presidencial, quando a candidatura de Alckmin ao Planalto foi soterrada pela onda bolsonarista.