A federação partidária envolvendo o PT e o PSB está cada vez mais distante de ser concretizada e muito se deve aos impasses entre os dois partidos na costura de apoio em alguns estados estratégicos. De acordo com o senador Humberto Costa (PT), que classificou as exigências feitas pelos socialistas como “um pouco exageradas”, as últimas movimentações dão a entender que esse acordo não será firmado, ao menos não com o PSB.
O parlamentar pernambucano cita como exemplo a situação de São Paulo, hoje tido como principal entrave entre os partidos, com as pré-candidaturas a governador do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e do ex-governador Márcio França (PSB). Outro caso é no Espírito Santo, em que o governador Renato Casagrande não apoiará Lula e nem deseja ter o apoio dos petistas. Como contraponto, o PT lançou a pré-candidatura do senador Fabiano Contarato ao governo.
Humberto também falou sobre a refiliação do governador da Paraíba, João Azevedo, ao PSB, oficializada nessa quinta-feira (24). O gestor havia deixado o Partido Socialista Brasileiro há dois anos, mas voltou a integrar o ninho socialista para disputar a reeleição. Acontece, que sua ida para o Cidadania na época foi consequência de um rompimento com o ex-governador Ricardo Coutinho, que hoje está no PT e será lançado para o Senado.
“Me parece até que essa decisão do PSB já é uma constatação de que a federação não deve surgir. Isso cria um sentimento de desconforto? Acho que cria, porque não fomos nós que procuramos nenhum partido para formar federação. Nós apoiamos a ideia legal da federação, votamos, conseguimos que fosse aprovado, mas o PT estava traçando o seu caminho para ter candidatura nos diversos estados. Foi o PSB que nos procurou no sentido de que nós formássemos uma federação que envolvesse o PV, o PCdoB”, afirmou Humberto Costa, em entrevista à Rádio Folha, nesta sexta-feira (25).
No entanto, Costa não descarta que a federação ainda possa ser formalizada com o PCdoB e com o PV. “Achamos que a federação seria uma coisa importante, porque daria de cara, uma base de sustentação razoável para o presidente Lula, quem sabe 150 deputados. Precisaríamos negociar no máximo com mais dois ou três partidos para ter maioria absoluta dentro da Câmara dos Deputados, e seria uma coisa positiva, nos tiraria um pouco dessa lógica do presidencialismo de coalizão, em que muitos acordos são feitos até com forças em que não há identidade política e ideológica”, explicou.
Mesmo que a federação partidária não seja concretizada, Humberto Costa acredita que o PT, em Pernambuco, poderá eleger três a quatro deputados federais. “A imagem do PT no Estado é muito positiva. Lula nunca esteve tão bem e isso se transfere para as nossas chapas de deputado estadual e federal”, enfatizou o parlamentar.
O senador Humberto Costa rebateu as recentes declarações vindas de membros da Frente Popular, de que uma chapa com o PT indicando o nome para o Senado, não teria pluralidade diante de um arco formado por 12 partidos.
“O PT se sente legitimado, entendendo que precisa ser reconhecido no sentido de poder disputar o Senado. Essa discussão de que a chapa não é plural, não existe, porque há outras vagas que estão em disputa. A vice-governança é muito importante, as duas vagas de suplência de Senado, com toda certeza eu não creio que esse equilíbrio esteja sendo quebrado”, afirmou durante a entrevista.
Entre os nomes que estão sendo discutidos internamente, ele reforçou os dos deputados federais Marília Arraes e Carlos Veras, a deputada estadual Teresa Leitão e o ex-deputado estadual Odacy Amorim. “Nós estamos apresentando nomes que têm grande legitimidade. Todos são pessoas que têm uma larga representatividade que vão somar muito à chapa da Frente Popular”.
Durante o lançamento da pré-candidatura do deputado federal Danilo Cabral, os discursos de voltaram ao senador Humberto Costa, por ter retirado sua pré-candidatura ao governo, em um gesto político em prol ao apoio do partido à Lula.