Capa da revista Time, Lula diz que Bolsonaro estimula o racismo e que Zelensky ''quis a guerra'' na Ucrânia
A revista norte-americana traz uma longa entrevista com Lula e o coloca como ''o líder mais popular do Brasil''
A revista "Time", dos Estados Unidos, divulgou nesta quarta-feira (4), em sua capa, uma foto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acompanhada pelos dizeres 'O Segundo Ato de Lula: o líder mais popular do Brasil busca voltar à Presidência'.
A publicação traz uma longa entrevista com o petista abordando diversos temas. Ele diz, por exemplo, nunca ter desistido da política.
"A política está em cada célula minha, a política está no meu sangue, está na minha cabeça. Porque o problema não é a política simplesmente, o problema é a causa que te leva à política. E eu tenho uma causa", disse.
A "Time" trabalha com capas distintas para diferentes regiões do mundo. Para a semana que vem, estão previstas capas com Elon Musk, homem mais rico do mundo (edição norte-americana); com o chanceler alemão Olaf Scholtz (europeia); e com Volodymyr Zelenski, presidente da Ucrânia (edição do Pacífico).
A "Time" lembra que Lula deixou o poder como o presidente mais popular da história recente do país. Cita também a reviravolta na trajetória política dele, condenado e preso após as investigações de corrupção da Operação Lava Jato.
Em seguida, relata a revista, Lula foi solto, após o Supremo Tribunal Federal (STF) considerar que ele foi julgado por um juiz que atuou de forma enviesada, o que afetou a defesa. A revista não cita nominalmente o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro.
Lula afirmou que políticas de seu governo foram destruídas. "Quando deixei a Presidência em 2010, efetivamente eu não pensava mais em ser candidato à Presidência da República. Entretanto, o que eu estou vendo, doze anos depois, é que tudo aquilo que foi política para beneficiar o povo pobre— todas as políticas de inclusão social, o que nós fizemos para melhorar a qualidade das universidades, das escolas técnicas, melhorar a qualidade do salário, melhorar a qualidade do emprego—, tudo isso foi destruído, desmontado", completou.
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Em determinado momento da entrevista, a "Time" lembra que, no Brasil, as pessoas dizem quem há várias "encarnações" de Lula quando tema é política econômica. E questiona que postura o presidente adotará nessa área caso seja eleito. Lula responde que política econômica é um tema a ser definido após as eleições.
"Eu sou o único candidato com quem as pessoas não deveriam ter essa preocupação, porque eu já fui presidente duas vezes. E a gente não discute política econômica antes de ganhar as eleições. Primeiro você precisa ganhar para depois saber com quem você vai compor e o que você vai fazer. Quem tiver dúvida sobre mim olhe o que aconteceu nesse país quando eu fui presidente da República: o crescimento do mercado", argumentou o ex-presidente.
Jair Bolsonaro
Em entrevista à publicação, ele afirmou que o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL) estimula o racismo no país. "Não diria que ele tem culpa pelo racismo porque o racismo é crônico no Brasil. Mas ele estimula", respondeu ele a ser questionado sobre as propostas dele para a população negra do país. "O Bolsonaro despertou o ódio, despertou o preconceito. Aí tem outros presidentes também na Europa, na Hungria, [que fazem o mesmo]; está aparecendo muito fascista, muito nazista no mundo."
Ucrânia
Em entrevista ao periódico americano, Lula também falou sobre a invasão russa à Ucrânia. Ele responsabilizou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, a União Europeia e os Estados Unidos pela guerra em curso.
Lula ressaltou o papel de Zelenski no conflito. “Esse cara (Zelenski) é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado”, disse o petista. “(...) o comportamento dele é um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de um espetáculo.”
“Putin não deveria ter invadido a Ucrânia. Mas não é só o Putin que é culpado, são culpados os Estados Unidos e é culpada a União Europeia. Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a OTAN? Os Estados Unidos e a Europa poderiam ter dito: ‘A Ucrânia não vai entrar na OTAN’. Estaria resolvido o problema”, afirmou o petista.