Investigações

PF cumpre mandado de prisão contra ex-ministro Milton Ribeiro e pastores ligados a Bolsonaro

Milton Ribeiro deixou o Ministério da Educação após vir à tona possível esquema de propina para liberação de recursos

Cadastrado por

Cássio Oliveira

Publicado em 22/06/2022 às 8:59 | Atualizado em 22/06/2022 às 15:24
Ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, preso por suspeita de corrupção, foi solto nesta quinta (23) - LUIS FORTES/MEC

Polícia Federal prendeu, nesta quarta-feira (22), o ex-ministro da Educação do Governo Jair Bolsonaro Milton Ribeiro. Durante a manhã, a PF disse que estão sendo cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e 5 prisões nos Estados de Goiás, São Paulo, Pará, além do Distrito Federal.

Além de Milton, pastores suspeitos de montar um gabinete paralelo para liberação de verbas dentro do MEC são alvos da operação.

Milton Ribeiro foi preso em Santos, São Paulo, e deverá ser levado para Brasília.

Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura também são alvos de mandados de prisão.

A operação, de acordo com a polícia, é "destinada a investigar a prática de tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, vinculado ao Ministério da Educação".

"O crime de tráfico de influência tem pena prevista de 2 a 5 anos de reclusão. São investigados também fatos tipificados como crime de corrupção passiva (2 a 12 anos de reclusão), prevaricação (3 meses a 1 ano de detenção) e advocacia administrativa (1 a 3 meses)", disse a nota da Polícia Federal.

Após a prisão, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não há corrupção em seu governo. "Lamento, gostaria que não estivesse acontecendo, mas se a PF prendeu é porque tem algum motivo e ele (Milton Ribeiro) vai se explicar. Afastamos ele até para ter mais liberdade de se defender", declarou, em entrevista à Rádio Itatiaia.

"Nosso governo tem compliance nos ministérios, a corrupção é zero. O caso do Milton, pelo que eu estou sabendo, é aquela questão, que ele estava, estaria com a conversa meio informal demais com algumas pessoas de confiança dele. E daí houve denúncia que ele teria buscado prefeito, gente dele para negociar, para liberar recurso, isso e aquilo. E o que acontece? Nós afastamos ele. Se tem prisão, é Polícia Federal. É sinal que a Polícia Federal está agindo”, disse Bolsonaro.

As investigações visam esclarecer um suposto favorecimento aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura e a atuação informal deles na liberação de recursos do ministério da Educação, pois há suspeita de cobrança de propina. A operação da PF foi batizada de Acesso Pago.

Em março, o jornal o 'Estado de S. Paulo' noticiou a existência de um "gabinete paralelo" dentro do MEC controlado pelos pastores.

Em seguida, a "Folha de S.Paulo" divulgou um áudio de uma reunião em que Ribeiro afirmou que, a pedido de Bolsonaro, repassava verbas para municípios indicados pelo pastor Gilmar Silva.

Em nota, o Ministério da Educação (MEC) informou que recebeu a equipe da Polícia Federal "para continuar colaborando com todas as instâncias de investigação que envolvem a gestão anterior da pasta".

O MEC diz ainda que continua contribuindo com os órgãos de controle "para que os fatos sejam esclarecidos com a maior brevidade possível". A pasta finaliza afirmando que o governo federal "não compactua com qualquer ato irregular".

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