Os primeiros relatos sobre o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, dirigente do PT em Foz do Iguaçu (PR), começam a ser publicados pela imprensa neste domingo (10).
De acordo com uma nota do PT, um policial penal chamado José da Rocha Guaranho teria entrado na festa, proferido gritos de apoio a Jair Bolsonaro (PL) e apontado a arma para o guarda municipal, ameaçando-o. Ele teria deixado o local, mas voltou pouco tempo depois e disparou.
A Polícia Civil informou que, ao ser atingido por Guaranho, Marcelo Arruda, que estava armado, revidou e atingiu o policial. Arruda morreu. Já Guaranho foi autuado em flagrante e está no hospital em estado estável, de acordo com a Polícia.
Filho de Marcelo Arruda relata como foi assassinato
O filho de Marcelo Arruda, Leonardo Arruda, 26, relatou ao jornal "O Globo" sobre como ocorreu o momento de violência:
"O bolsonarista apareceu do nada. Ninguém conhecia ele. Ele gritava que ia matar todos os petistas, gritava palavras de ordem e 'aqui é Bolsonaro'", disse o Leonardo, que trabalha como vendedor.
"Ele chegou a apontar a arma pela primeira vez para o meu pai. A esposa dele tentou evitar que ele fizesse um primeiro disparo. Ele prometeu que ele ia voltar, e ele voltou logo depois já atirando", continuou.
"Ele acertou três tiros no meu pai. Pelo ódio dele, parecia que ia matar todo mundo. Mas meu pai conseguiu evitar o pior, antes de morrer".
Leonardo Arruda ainda comentou que a festa estava repleta de amigos que viajaram de locais mais distantes para comemorar os 50 anos do pai.
"O ambiente estava maravilhoso. O tema era sobre o PT, partido que ele se identifica, que ele gosta. Nós vivemos num país democrático e devia ser assim. Uma pessoa não pode morrer por causa de uma questão política. [...] A gente estava numa associação, num ambiente tranquilo ", disse.
"A pessoa estava tomada pelo ódio. Não pensa na família dele, nem na minha. Ele matou enquanto gritava aqui é Bolsonaro, aqui é mito. Estamos todos muito apavorados."
Militante do PT foi assassinado em festa de aniversário
Um vídeo mostra Arruda cantando "parabéns para você" ao lado de amigos e familiares pouco antes de ser baleado na festa, que tinha o PT como tema e acontecia na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu (Aresfi), na Vila A. Ele próprio vestia uma camiseta com o rosto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O secretário de Segurança Pública de Foz do Iguaçu, Marcos Antonio Jahnke, disse à RPC que a Polícia Civil investigará as motivações do crime. "Pelo que a gente percebeu foi uma intolerância política", apontou.
Marcelo Arruda deixa esposa e quatro filhos, sendo uma menina de seis anos e um bebê de 1 mês. O corpo dele será velado neste domingo (10) no Cemitério Municipal Jardim São Paulo, em horário ainda a definir. O velório do servidor será neste domingo no Cemitério Municipal Jardim São Paulo, em horário ainda a definir.
PT aponta "intolerância" política
Em nota, a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) afirmou: “Nosso companheiro e amigo Marcelo Arruda, guarda municipal em Foz do Iguaçu, foi assassinado ontem em sua festa de 50 anos. Um policial penal, bolsonarista, tentou invadir a festa c/arma. Trocaram tiros. Uma tragédia fruto da intolerância dessa turma”.