urnas eletrônicas

Saiba como é a inspeção dos códigos-fonte das urnas eletrônicas; militares iniciaram análise nesta quarta

Nove oficiais da ativa do Exército, Marinha e Aeronáutica participaram do primeiro dia de atividades na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

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Amanda Azevedo

Publicado em 03/08/2022 às 19:19 | Atualizado em 03/08/2022 às 19:24
Militares analisam código-fonte das urnas eletrônicas - Antonio Augusto/Secom/TSE

Da Estadão Conteúdo

Militares começaram nesta quarta-feira (3) a inspecionar os códigos-fonte dos sistemas da urna eletrônica. O trabalho deve durar dez dias.

Nove oficiais da ativa do Exército, Marinha e Aeronáutica participaram do primeiro dia de atividades na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O TSE autorizou a imprensa a acompanhar parte do processo por cerca de uma hora, do lado de fora da sala destinada à abertura do código-fonte.

Os militares ficaram instalados na sala multiuso, no subsolo da Corte, onde todas as entidades fiscalizadoras podem ter acesso às informações, há pelo menos dez meses.

Sem fardas, cada um tinha um computador do próprio TSE à disposição para fazer a inspeção visual das linhas de programação com instrução para funcionamento dos softwares.

Conforme dados do TSE, os militares poderão analisar cerca de 17 milhões de linhas, escritas em linguagem de programação, que são parte dos softwares do ecossistema da urna eletrônica. Inicialmente, os militares pediram prazo para averiguar o sistema eletrônico até 12 de agosto. Os dez dias superam o período solicitado por outras entidades públicas e privadas.

A Controladoria-Geral da União levou cinco dias para realizar o mesmo exame em janeiro, enquanto a Polícia Federal vai averiguar os códigos pelo mesmo tempo, no fim de agosto. O Ministério Público Federal, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o Senado Federal usaram três dias cada.

A consulta aos códigos é parte do trabalho de fiscalização das eleições, desenvolvido pela primeira vez pelas Forças Armadas neste ano, a convite da Justiça Eleitoral. Os militares dizem que pretendem colaborar com o aperfeiçoamento do sistema eletrônico de votação e que não agem com viés político.

Militares analisam códigos das urnas eletrônicas - Antonio Augusto/Secom/TSE

Superior hierárquico das Forças Armadas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem feito ataques às urnas eletrônicas.

O presidente também alega que eleições anteriores foram fraudadas, algo já investigado e jamais comprovado, inclusive pela Polícia Federal. Ele pressiona o TSE a adotar mudanças de procedimento sugeridas pelos militares, como alterações nos moldes dos testes de segurança das urnas.

A inspeção dos militares iniciada nesta quarta-feira foi acompanhada presencialmente por servidores da Justiça Eleitoral, com os quais os militares se reuniram pela manhã para apresentação das ferramentas disponíveis, entre eles o juiz auxiliar Sandro Nunes Vieira.

"Nosso objetivo é conhecer o sistema e estamos focando em algumas partes, no que foi pedido", disse o coronel do Exército Marcelo Nogueira de Sousa, chefe da Equipe das Forças Armadas de Fiscalização do Sistema Eletrônico de Votação, indicada pelo ministro da Defesa.

A Defesa pediu acesso aos códigos-fonte de quatro sistemas específicos, entre eles os que ativam a apuração, registram o voto na urna e totalização os dados no TSE.

Além deles, também desenvolvia a inspeção Lucas Pavão, representante do PTB, partido que foi autorizado a consultar o sistema nesta semana. Outros dois partidos, PL e PV, chegaram a se reunir no ano passado com técnicos da Corte, mas não inspecionaram os códigos.

Em ofício enviado na segunda-feira, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, pediu em caráter "urgentíssimo" o agendamento do período para trabalho dos militares, em tempo considerado por eles "exíguo". A solicitação foi prontamente atendida pelo presidente do TSE, ministro Edson Fachin.

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