O primeiro ato de campanha do candidato a governador de Pernambuco, o deputado federal Danilo Cabral (PSB), realizado nesta terça-feira (16), foi marcado por discursos polarizados entre o enaltecimento das gestões do ex-presidente Lula (PT), e críticas ao atual governo do presidente da República Jair Bolsonaro (PL).
Não à toa, o local escolhido para a primeira caminhada da coligação da Frente Popular de Pernambuco foi o bairro de Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife. Foi lá que o ex-presidente Lula esteve no início da sua primeira gestão, em 2003, para falar sobre as políticas sociais de enfrentamento à pobreza e a miséria no país.
“Aqui é um símbolo da resistência, da unidade e da luta. Esta é uma eleição em que o símbolo dela é o símbolo da política. É por isso que nós escolhemos vir aqui para Brasília Teimosa porque este bairro, esta comunidade, é um movimento de afirmação da política”, discursou Danilo Cabral.
“Mais do que nunca, a gente precisa, neste momento do país, para que a gente possa transformar vidas, fazer o que esse time aqui aprendeu. O time da Frente Popular não aprendeu só a ganhar eleições. Ninguém ganhou mais eleições do que a gente na história de Pernambuco. Mas, mais do que ganhar eleições, nós aprendemos a mudar vidas, transformar vidas, juntando gente, sonhos e capacidade de fazer”, completou o candidato.
O percurso da caminhada incluiu quase dois quilômetros, com passagem pelas principais ruas de Brasília Teimosa, englobando no trajeto a Praça Abelardo Baltar, a rua Dagoberto Pires e a Francisco Valpassos e a rua Artur Bernardes, entre outros pontos da localidade.
O momento também foi de tentar dissociar qualquer outro palanque, da imagem do ex-presidente petista, que é candidato a presidência nestas eleições.
“Lula teve aqui para dizer que ele vai ser presidente da República, e esteve aqui para dizer que ele só teve um candidato: Danilo Cabral. É Danilo que representa o reencontro de Pernambuco com o Brasil”, disse a candidata a vice, a vice-governadora Luciana Santos (PCdoB).
“Aqui nós temos uma turma aguerrida que sabe fazer a disputa. Está aqui o verdadeiro palanque anti-Bolsonaro. Nós somos a “turma do Fora Bolsonaro". E nós queremos debater e comparar o que tem sido a história da Frente Popular seja no Recife ou em Pernambuco”, completou Luciana.
Candidata ao Senado Federal, a deputada estadual Teresa Leitão (PT) também saiu em defesa do único palanque que representa o líder petista no Estado e não poupou críticas ao governo federal.
“Se a gente tem esperança, se a gente quer uma vida melhor, com mais educação, se a gente quer mais saúde, quer moradia, a volta do Bolsa Família, e quer a democracia nesse país, é fácil a gente escolher Lula”, discursou.
Diferente da postura adotada nas eleições municipais de 2020, quando travou uma das disputas mais acirradas contra o PT, que na época tinha como candidata a prefeita Marília Arraes, o prefeito do Recife João Campos (PSB) contou como foi sua conversa com Lula, em São Paulo, para tratar do futuro de Pernambuco nas eleições de 2022.
"Eu disse, presidente, Pernambuco está sentindo falta de um presidente que tenha empatia, que consiga sentir alegria e que tenha capacidade de sentir dor e sofrimento, no momento de dor e sofrimento. Porque quem está governando o país tem que ter empatia com as necessidades de sua gente. Estávamos saudosos de um tempo em que o Nordeste seria respeitado”, relembrou Campos.
Coube ao ex-deputado federal e candidato a primeiro suplente para o Senado, Silvio Costa (Republicanos) adotar um tom de embate em seu discurso.
Não faltaram críticas aos candidatos adversários André de Paula (PSD), que compõem a chapa com a candidata a governadora Marília Arraes (SD), e ao ex-ministro do Turismo Gilson Machado Neto (PL), que forma chapa com o ex-prefeito Anderson Ferreira (PL).
”Tem gente que tem muita cara de pau, eu fico indignado com a cara de pau. Em 1989, André de Paula, que é metido a concorrente de Teresa, votou em Fernando Collor, e Teresa votou em Lula. Depois votou em Fernando Henrique Cardoso, e Teresa votou em Lula. Depois votou em José Serra, e Teresa votou em Lula. Votou cinco vezes contra Lula e agora faz o L de Lula. O povo não vai acreditar”, disparou.
Em seguida, Silvio Costa disse: “Eu respeito as pessoas. Está vendo o doido do Gilson Machado, o sanfoneiro, eu respeito o sanfoneiro. Não concordo com nada do sanfoneiro, mas quando Bolsonaro tinha 1%, o sanfoneiro estava lá tocando sanfona para ele e Bolsonaro dançado. Agora, o Anderson Ferreira é um oportunista, então Pernambuco não vai votar em oportunista” criticou.