Empresários apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) defenderam abertamente um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja eleito para o Palácio do Planalto novamente. As informações são do colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles.
Segundo a coluna de Guilherme Amado, a possibilidade de uma ruptura democrática foi o ápice de uma escalada de radicalismo que no grupo de WhatsApp Empresários & Política, criado em 2021. A coluna afirma acompanha as trocas de mensagens há meses.
O grupo, de acordo com a coluna, reúne empresários como Luciano Hang, dono da Havan; Afrânio Barreira, do Coco Bambu; José Isaac Peres, da gigante de shoppings Multiplan; José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro; Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia; e Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, da marca Mormaii.
A defesa de um golpe de estado para impedir eventual posse de Lula ficou explícita no dia 31 de julho. José Koury foi quem abordou o tema.
“Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, publicou, segundo o Metrópoles.
Em resposta à coluna de Guilherme Amado, os empresários citados na reportagem alegaram desconhecer o conteúdo das mensagens e negaram qualquer apoio a atos que vão de encontro à manutenção do sistema democrático.
José Koury afirmou que não defende um golpe, mas em seguida confirmou que “talvez preferiria” a ruptura a uma volta do PT.
“Vivemos numa democracia e posso manifestar minha opinião com toda liberdade. Não disse que defendo um golpe de Estado, e sim que talvez preferiria isso a uma volta do PT. Para mim, a volta do PT será um retrocesso enorme para a economia do país”, disse Koury.
Sobre a distribuição de bandeiras do Brasil no shopping Barra World, no dia 7 de setembro, Koury afirmou que “não é um ato político, e sim um ato de patriotismo”.
Morongo, da Mormaii, que defendeu a importância simbólica de um desfile militar para mostrar de que lado as Forças Armadas estão, afirmou que não apoiará qualquer “ato ilegítimo, ilegal ou violento”. “Sem acesso ao conteúdo ou à matéria que referes, informo que não apoiei, não apoio e não apoiarei qualquer ato ilegítimo, ilegal ou violento, e destaco que uso de figuras de linguagem que não representam a conotação sugerida”, respondeu.
Meyer Nigri, da Tecnisa, disse que pode “ter repassado algum WhatsApp” que recebeu. “Isso não significa que eu falei ou concorde”, afirmou. “Já estou deixando claro que não afirmei nada disso. Só repassei um WhatsApp que recebi”.
Afrânio Barreira, do Coco Bambu, afirmou desconhecer qual seria o teor do apoio ao golpe de Estado, expressa por ele com o envio de um gif com aplausos à ideia de ruptura apresentada por Koury. “Nunca me manifestei a favor de qualquer conduta que não seja institucional e democrática. Fico surpreso com a alegação de que eu seria um apoiador de qualquer tipo de rompimento com o processo democrático, pois isso não corresponde com o meu pensamento e posicionamento”, afirmou.
“A democracia é a chave para construção de um Brasil melhor, valorizo, e muito, a oportunidade de conseguir votar e escolher os representantes de nosso povo brasileiro, e todo cidadão deveria ter a consciência da importância deste momento. Valorizo e sempre defenderei um processo eleitoral honesto e justo. A autonomia e separação de cada um dos três poderes é essencial para construção de uma sociedade com liberdade. Apoio e defendo que as instituições que representam cada um dos poderes sejam fortes e íntegras, atuando sempre, cada uma delas, dentro das regras da nossa Constituição Federal de 88”, prosseguiu Barreira.
“Participo de vários grupos com colegas e amigos que tratam de diversos assuntos, e, às vezes, de política. Com frequência me manifesto com reações em ’emoticon’ a alguma mensagem, sem necessariamente estar endossando seu teor, ou ter lido todo o seu conteúdo. São centenas de grupos, milhares de mensagens e publicações para serem lidas e respondidas todos os dias. Dito isto, ratifico que meu apoio é pelo processo eleitoral que começou nesse mês de agosto”, acrescentou Barreira, que disse não ter contato com integrantes do governo nem com Bolsonaro.
A assessoria de imprensa do grupo Multiplan enviou nota em que afirma que o empresário José Isaac Péres está viajando e, por essa razão, não responderia diretamente.
“Ele (Peres) esclarece que sempre teve compromisso com a democracia, com a liberdade e com o desenvolvimento do país. Neste momento, ele está tratando de projeto empresarial no Rio Grande do Sul, onde a estimativa é de gerar Investimentos de bilhões de reais e milhares de empregos”, afirmou o texto.
Os empresários André Tissot, Carlos Molina, Ivan Wroble, Luciano Hang e Vitor Odisio não retornaram o contato da coluna.