Em Pernambuco, com a segunda fase da campanha estadual caminhando a passos lentos devido ao natural recolhimento da candidata Raquel Lyra (PSDB), que perdeu o esposo no último domingo (2), aliados da tucana e de Marília Arraes (Solidariedade) têm usado as redes sociais para criticar as candidatas e seus companheiros de chapa.
No Instagram, o ex-deputado estadual Edilson Silva (PCdoB) resgatou um tweet de 2018 da candidata a vice-governadora de Raquel, Priscila Krause (CID), no qual ela afirmava que "desde sempre" faz "oposição ao PT". "Não votei, não voto e não votarei no partido", declarou a deputada estadual, durante a campanha daquele ano, quando apoiou Armando Monteiro (PSDB) para governador. Na ocasião, ela foi questionada por um seguidor por sua aliança com o então senador, que havia acabado de visitar o ex-presidente Lula (PT) na sede da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná.
"Priscila Krause, que respeito bastante, não precisava colocar em sua biografia uma nota como esta. Não estamos diante de uma disputa entre socialistas e liberais. Não estamos tratando de questões de natureza do papel do Estado, sequer de natureza ética ou de corrupção. Estamos tratando de República e Democracia, de civilização ou selvageria medieval. Este pronunciamento é um aceno inequívoco aos bolsonaristas. Lamentável", declarou Edilson, na publicação.
Desde o dia da votação do primeiro turno, ficou claro que a campanha de Marília terá como principal estratégia desta fase do pleito a tentativa de associação de Raquel e seus aliados com o bolsonarismo. A própria candidata do Solidariedade afirmou, naquele momento, que o povo pernambucano teria que escolher entre projetos alinhados à justiça social ou "um bolsonarismo pintado com outras cores".
No Twitter, um usuário da rede social republicou um post de Priscila do ano de 2016, em um ato pró-democracia no Recife. "Se os bolsonaristas estão de um lado, eu corro é pro outro. Se depender de mim Priscila Krause não chega a canto nenhum. Filha do ex-prefeito do Recife Gustavo Krause, que recebeu o cargo de presente do regime militar. Olha onde ela estava em 2016", escreveu.
Do outro lado, os aliados de Raquel têm sido duros ao criticar a campanha de Marília porque ela não acatou uma solicitação de adiamento do início da propaganda eleitoral de rádio e TV, ao menos até a missa de sétimo dia de Fernando Lucena, marcada para o próximo sábado (8). O início oficial do guia ocorre na sexta (7).
"Quando dona Ruth (Cardoso) faleceu, Lula decretou três dias de luto oficial e esteve com Fernando Henrique Cardoso no velório. Quando dona Marisa faleceu, (Michel) Temer decretou três dias de luto oficial. Fernando Henrique Cardoso estava com Lula no velório. Quando Eduardo Campos faleceu, Dilma e Aécio suspenderam as suas campanhas em solidariedade. Em Pernambuco, no último domingo, Raquel Lyra perdeu o seu marido, Fernando, um companheiro de uma vida. Eles estavam juntos desde que ela tinha 14 anos, agora ela tem 43. Uma união de 29 anos, com 2 filhos", afirma a ex-candidata a deputada estadual Karla Falcão (CID), no Instagram.
"Arrasada, ela (Raquel) pediu à Justiça Eleitoral que adiasse por um dia o começo do guia eleitoral, já que no próximo sábado vai ser a missa de sétimo dia. A Justiça Eleitoral estava de acordo, mas precisava do acordo com Marília Arraes, que disse 'não'. Uma pessoa que não respeita sequer a dor do outro merece governar Pernambuco?", completou a aliada de Raquel e Priscila.
À Rádio Jornal Caruaru, o deputado federal Daniel Coelho (CID) também criticou Marília, afirmando que a candidata "tem um sobrenome e sobe nas muletas de Lula", além de ter, segundo ele, sido desrespeitosa com Raquel.
"Faltou respeito por parte de Marília logo após o resultados das eleições, quando ela já tentou nacionalizar a campanha estadual, sabendo que a adversária, Raquel Lyra (PSDB) estava de luto pela morte do marido, Fernando Lucena, vítima de um infarto no domingo. Ela podia dizer tudo, mas só não podia dizer que Raquel Lyra apoiava Bolsonaro. Ela irá se posicionar. Marília foi muito agressiva e por isto achei uma atitude lamentável", observou o parlamentar.
As assessorias de imprensa de Raquel Lyra, Priscila Krause e Marília Arraes foram procuradas para comentar a troca de ataques, mas não responderam ao JC até a publicação desta matéria. Caso entrem em contato com a reportagem, o texto será atualizado com o posicionamento delas sobre o ocorrido.