Durante participação em sabatina UOL/Folha de S. Paulo na manhã desta segunda-feira (24), a candidata do PSDB ao Governo de Pernambuco, Raquel Lyra, falou sobre diversos temas que têm estado no centro de discussões tanto da direita quanto da esquerda brasileira, como aborto, ataques à democracia, políticas públicas para a população LGBTQIA+, inclusão racial, cotas, entre outros.
Ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lyra optou por não fazer campanha para nenhum candidato à Presidência da República neste segundo turno, e por isso a sua adversária, Marília Arraes (Solidariedade), aliada do ex-presidente Lula (PT), vem tentando ligá-la ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Na entrevista de hoje, no entanto, a tucana mostrou que não está tão alinhada com as pautas tradicionalmente defendidas pelo bolsonarismo.
Ao comentar o ataque do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) a policiais federais no último domingo (23), por exemplo, Raquel, que é ex-delegada da PF, classificou o episódio como "inadmissível", "absurdo". Na ocasião, diferentemente do que fazem o presidente da República e vários dos seus apoiadores, a candidata a governadora defendeu o fortalecimento da instituições e da democracia no País.
"O que a gente precisa é de instituições fortes, é de fazer valer a democracia. Há valores que são absolutamente inegociáveis. Instituições e democracia fortes é o que faz um País ser forte. Aqui no Brasil nós temos um acirramento e as instituições estão sendo postas em risco todos os dias. Nenhuma forma de diminuir o valor de instituições como o Supremo Tribunal Federal, a PF, terá qualquer tipo de apoio meu, muito pelo contrário", cravou a ex-gestora municipal.
Quando questionada sobre o apoio de lideranças conservadoras e evangélicas à sua candidatura, inclusive de parlamentares que em 2020 tentaram impedir que uma criança de 10 anos realizasse um aborto legal no Recife após ser vítima de estupro, Raquel fez questão de reafirmar que as alianças que está firmando são com pessoas e partidos que apoiam as suas propostas para o Estado, não o contrário, e que repudia o gesto dos políticos contra a menina.
"Institucionalmente, eu recebi o apoio do PP (partido dos Collins e dos Tércio, por exemplo). O partido que já esteve, inclusive, com Lula, que já esteve no governo Eduardo Campos, declarou apoio à minha candidatura. Nós construímos um plano de governo a muitas mãos e ele é um grande guia para mim, inegociável. Não há qualquer tipo de acordo com nenhum apoiador que chegou aqui, seja na pauta comportamental ou na discussão de loteamento do governo. Não negociei sequer um cargo para ter os apoiadores que tenho aqui", disparou Raquel.
E completou: "É importante deixar claro que eu repudio qualquer ato que viole o direito de criança e adolescente, rejeito. Sempre fui defensora dos direitos da criança e do adolescente, fui secretária de Criança e Juventude do governo Eduardo Campos por dois anos. Fui vice-presidente da Frente Nacional de Prefeitos para assuntos de criança e adolescente. Criamos programas, aqui, que foram referência nacional na Secretaria Nacional de Juventude, como a atenção redobrada contra a exploração sexual, exploração de trabalho infantil, garanti o sistema de garantia de direitos. Fiz isso como secretária e em Caruaru, como prefeita. Construímos vagas em creche, construí novos abrigos, cuidamos das crianças e não foi com discurso, foi com ação, e qualquer atitude que viole direito assegurado por lei, que viole o direito da criança, eu serei contrária", afirmou Raquel Lyra.
Mais adiante, Raquel classificou a fala de Bolsonaro sobre ter "pintado um clima" entre ele e meninas venezuelanas, que viralizou na última semana, como "irresponsável" e "inadmissível".
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A tucana também fez questão de destacar que não apenas lideranças pernambucanas bolsonaristas estão reforçando a sua campanha, mas também políticos de esquerda do Estado, como Márcia Conrado, prefeita de Serra Talhada e coordenadora da campanha de Lula no Sertão, o deputado federal Gonzaga Patriota (PSB), a deputada estadual Dulcicleide Amorim (PT), entre outros.
Perguntada sobre as ações que pretende desenvolver para a população LGBTQIA+ pernambucana e as políticas públicas voltadas à igualdade racial, Raquel declarou que quer "cuidar de todos" e que a defesa dos direitos humanos não está na sua vida pública apenas no discurso, mas em ações concretas que já desenvolveu à frente do Executivo de caruaru, por exemplo.
"Eu quero ser a governadora de todos os pernambucanos, mas quero focar em um número. No ano passado, mais de 700 pessoas da população LGBT de alguma forma sofreram violência em Pernambuco, e é claro que existe subnotificação. Elas foram vítimas de estupro, de lesão corporal, de homicídio. E nós vamos fortalecer a rede não só de proteção, de combate a crimes de intolerância, mas também garantir o acolhimento dessa população da maneira mais adequada possível, permitindo que eles possam ter voz e vez", pontuou a postulante ao governo.
No trecho da sabatina chamado "Pinga-fogo", em que os convidados precisam dar respostas rápidas a temas que estão sendo discutidos em Pernambuco no Brasil, Raquel disse ainda que é contra a legalização do aborto, com exceção dos casos que já estão previstos em lei; contra a descriminalização da maconha; admitiu analisar a instalação de câmeras nos uniformes dos policiais militares de Pernambuco; disse que é contra a criminalização das pesquisas eleitorais; afirmou que é contrária ao aumento de ministros no STF; declarou ser a favor da ampliação das cotas raciais e sociais; contra o aumento da posse e porte de armas para cidadãos comuns e que é contra da redução da maioridade penal.
Debate TV Jornal
Na próxima terça-feira (25), Raquel Lyra e Marília Arraes vão se enfrentar no último debate promovido pelo SJCC antes da votação do segundo turno, na TV Jornal. O programa será mediado pela jornalista Anne Barreto e contará com as participações dos comunicadores Ciro Bezerra e Isabela Barbosa.
Assista ao debate ao vivo: