A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) atendeu ao pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e apresentou dentro do prazo o que classifica como auditoria das inserções publicitárias do presidente veiculadas em rádios de todo o País. O problema é que a denúncia feita ao TSE, que já disse não ter responsabilidade sobre a veiculação das inserções, apresenta uma série de inconsistências. Um servidor do TSE também foi exonerado nesta terça-feira (25), o que tem levantado ainda mais teorias conspiratórias envolvendo as acusações da campanha de Bolsonaro.
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Confira a lista de rádios apresentadas pela campanha de Bolsonaro ao TSE:
- Bispa FM (Recife)
- Hits FM (Recife)
- Clube FM (Santo Antônio de Jesus (BA))
- Povo FM (Feira de Santana (BA))
- Viva Voz (Várzea da Roça (BA))
- Povo FM (Poções (BA))
- Integração FM (Surubim (PE))
- Extremo Sul FM (Itamaraju (BA))
Veja link público encaminhado pela campanha de Bolsonaro clicando aqui
Um primeiro ponto é a denúncia. A campanha de Jair Bolsonaro, por meio do ministro das Comunicações, Fábio Faria, alega que rádios de todo o País, sobretudo no Nordeste, deixaram de veicular inserções publicitárias da campanha do presidente. Ao todo, segundo a campanha, teriam deixado de ir ao ar 154 mil inserções.
No momento da acusação, a campanha não apresentou provas, mas disse ter pronta uma "auditoria" sobre as inserções veiculadas em rádios. O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, deu o prazo de 24h para que as provas fossem apresentadas no bojo da denúncia ao tribunal, o que foi feito pela campanha de Bolsonaro.
Entretanto, o portal UOL apurou que a metodologia utilizada no levantamento —com relatórios gerados por um algoritmo que captura áudio emitido via streaming— apresenta sinais de inconsistência e pode gerar dados imprecisos e/ou incompletos.
Isso porque a acusação é baseada em dados coletados e processados por software de monitoramento de audiência de emissoras, desenvolvido pela empresa Audiency Brasil Tecnologia, e não por uma "auditoria".
Ainda segundo o UOL, o monitoramento de rádios via software é realizado por webcast — transmissão ao vivo de áudio e vídeo utilizando a tecnologia de streaming, ou seja, o conteúdo que vai pela internet não é necessariamente o mesmo transmitido via sinal de radiodifusão e a veiculação das inserções dos candidatos não é obrigatória no webcast.
Na denúncia apresentada pela campanha de Bolsonaro, são citadas apenas cerca de 700 inserções a menos da campanha de Bolsonaro, conforme apresentou a CNN, contrariando a fala do próprio ministro das Comunicações.
A campanha cita o caso de oito rádios da Bahia e de Pernambuco que teriam apresentado mais inserções do PT do que do PL. Na manifestação, a equipe jurídica também incluiu um link de acesso para o estudo completo que embasou a auditoria contratada pela campanha do presidente da República.
O acesso só é permitido por senha que foi passada ao presidente do TSE.
No caso dessas oito emissoras de rádio, do dia 7 a 14 de outubro, foram 1.835 inserções de Lula e 1.105 de Bolsonaro – ou seja, uma diferença de 730 inserções.
Quais seriam as rádios?
Uma das rádios que foi citada na planilha apresentada pela campanha de Bolsonaro seria a Rádio da Bispa, com sede no Recife, sob a frequência 97.1 FM. A própria rádio, no entanto, desmentiu a informação contida na planilha da campanha do presidente. Alegando que estaria sendo vítima de fake news, e que sua frequência, na verdade, é a 98.7 FM.
Não sendo a Rádio da Bispa a da frequência 97.1 FM, a rádio que opera na frequência no Recife é a Rádio Mais Vida, da qual são integrantes o deputado estadual Pastos Cleiton Collins e a sua esposa, Michelle Collins, vereadora do Recife.
Ambas as rádios são evangélicas. Os Collins são da base de apoio do presidente Jair Bolsonaro.
SERVIDOR EXONERADO NO TSE
Ainda em meio ao episódio da denúncia contra as rádios, o TSE exonerou na noite dessa terça-feira (25) o servidor Alexandre Gomes Machado, assessor de gabinete da Secretaria Judiciária da Secretaria-Geral da Presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ele exercia o cargo de coordenador do pool de emissoras e era o responsável pelo recebimento dos arquivos com as peças publicitárias e da disponibilização no sistema eletrônico do TSE, para que sejam baixadas pelas emissoras de rádio e TV.
Em nota, o TSE disse que “faz parte das alterações que o presidente da corte, Alexandre de Moraes, tem promovido em sua equipe após assumir o cargo”.
O jornal Folha de São Paulo, entretanto, apurou que a demissão teria sido feita por suposta interferência política do servidor, atrapalhado o trabalho que estava sendo feito pela corte para responder à ação apresentada pela campanha de Jair Bolsonaro (PL).
O servidor buscou a Polícia Federal para prestar depoimento dando sua versão sobre a demissão.