Mesmo após o pronunciamento de Jair Bolsonaro (PL) na tarde desta terça-feira, 1 de novembro, bolsonaristas se organizam para continuar o bloqueio de rodovias e as manifestações contra o resultado das eleições. Os apoiadores do presidente, derrotado no segundo turno, se organizam em grupos de Telegram de vários estados, mas com destaque para São Paulo.
"Os atuais movimentos são frutos da indignação e do sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestação pacíficas sempre são bem-vindas, mas nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicam a população com destruição de propriedade, do patrimônio e com cerceamento do direito de ir e vir", disse Bolsonaro, no seu primeiro pronunciamento após a derrota.
Nos grupos de Telegram, bolsonaristas afirmaram, antes mesmo do pronunciamento, que as palavras do presidente deveriam ser ignoradas caso ele pedisse o fim das manifestações. O argumento é que Bolsonaro não reconheceria a derrota, mas não poderia incentivar a continuidade dos bloqueios nas rodovias para não ser responsabilizado criminalmente por isso. Eles acusam o ministro Alexandre de Moraes de ameaçar o derrotado incumbente.
"Bolsonaro não admitiu a derrota e não mencionou o resultado das eleições", diz uma mensagem repassada nos grupos bolsonaristas. Além da continuação do bloqueio de estradas, manifestantes em São Paulo convocam apoiadores de para uma manifestação no Ibirapuera, já nesta terça-feira. Em outros estados, conversa-se sobre manifestações para esta quarta-feira, 2 de outubro.
Bolsonaro nada falou sobre a transição para Lula (PT), que venceu a eleição pela Presidência da República. O petista escolheu nesta terça-feira Geraldo Alckmin (PSB), que deve manter conversas com Ciro Nogueira (PP-PI), ministro da Casa Civil do Governo Bolsonaro. Isso acontece porque o presidente delegou ao senador o papel de lidar com os adversários vencedores.
Bloqueio de estradas
A Polícia Rodoviária Federal (PRF), em tempo, já requisitou o apoio da Força Nacional de Segurança e aeronaves da Polícia Federal para conseguir liberar as rodovias bloqueadas ilegalmente por bolsonaristas em todo o país.
"O acionamento de todo o efetivo disponível desta instituição e o amparo das polícias militares não se mostrou suficiente para a completa desobstrução dos mais de 400 pontos de bloqueio", disse Silvinei Vasques, diretor-geral da PRF.