A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), e a vice-governadora Priscila Krause (Cidadania) receberam, nesta sexta-feira (3), no Palácio do Campo das Princesas, 46 dos 49 deputados estaduais recém-empossados para a 20° Legislatura.
Além do discurso, já reforçado em diversas ocasiões, de propor um canal de diálogo e aproximação entre os poderes, a governadora também focou em apresentar o balanço do cenário fiscal do Estado.
“Fizemos um diálogo aberto, apresentando o cenário de Pernambuco e os desafios para este ano, contando com o apoio de todos para que tenhamos convergência nas nossas agendas. Nossa missão é trabalhar para Pernambuco superar a pobreza, gerar oportunidades e garantir infraestrutura e acesso à água”, pontuou Raquel Lyra.
“Aqui a gente reúne a Assembleia para iniciar um trabalho de diálogo e de construção coletiva para o Pernambuco que a gente sonha”, reforçou a tucana.
Durante a reunião, que também contou com a presença dos secretários estaduais, Raquel Lyra enfatizou que o orçamento de 2023 está defasado em R$ 7,9 bilhões em comparação ao liquidado em 2022.
Ainda segundo o Governo do Estado, no exercício passado, houve o registro de déficit primário de R$ 567 milhões, além da disponibilidade de caixa negativo. Diante disso, a Secretaria da Fazenda tem indicado a possibilidade de não concessão pela Secretaria do Tesouro Nacional do selo de Capacidade de Pagamento (Capag) para o ano de 2024 por conta dos resultados de 2022.
O deputado estadual do PSB, Sileno Guedes, que fez uso da palavra no encontro, elogiou a iniciativa da governadora em promover o diálogo com todos da Casa Legislativa, mas não deixou de fazer a defesa das ações do governo Paulo Câmara.
“Se a discussão for simplesmente os números fiscais, essas dificuldades existem em todos os entes da federação. Nós vamos estabelecer um debate político eleitoral dos números ou encarar e enfrentar esse desafio”, disse Sileno, em conversa com o JC.
“O desafio da Saúde é permanente, mas Pernambuco não tinha seis novos hospitais e eles foram feitos nos governos de Paulo e Eduardo (Campos), não tinha Upas e elas foram iniciadas por João Lyra, na Secretaria da Saúde. Dobramos o número de leitos, temos o menor índice de mortalidade infantil. Se não tiver cuidado e atenção, são números que se movimentam com facilidade”, destacou.
Essa receptividade positiva com o gesto da governadora Raquel Lyra de ouvir as demandas prioritárias dos parlamentares, foi vista com grande expectativa sobre como deverá ser o relacionamento entre o Governo de Pernambuco e a Assembleia Legislativa.
Entretanto, sob reserva, alguns deputados avaliaram que a chefe do Executivo estadual não pode apenas apontar para as fragilidades que ocorreram na gestão do PSB, mas deveria focar em apresentar o que o governo do PSDB pretende fazer para solucionar esses problemas.
Houve quem apontasse a falta de projetos para as áreas de desenvolvimento social, não no que diz respeito as intenções do governo sobre a área, mas explicar e mostrar projetos do que de fato se pretende fazer.
Para o líder do Governo, Izaías Regis (PSDB), foi importante a gestão ter apresentado o cenário fiscal do Estado, que não está da maneira que havia sido divulgada pela gestão anterior, mas que todos os deputados saíram satisfeitos com a atenção recebida.
“A governadora ouviu nossas demandas e apresentou as principais prioridades para Pernambuco. Estamos à disposição para construir um Estado melhor de forma conjunta, defendendo os interesses do nosso povo", disse o deputado tucano.
O presidente da Alepe, o deputado Álvaro Porto (PSDB), explicou que a governadora pediu para que cada deputado apresentasse entre duas e três demandas prioritárias.
A ideia agora é levantar as solicitações por meio de ofício, agrupando-as por regiões e áreas demandadas e os deputados serem atendidos de forma individual pela Secretaria da Casa Civil.
Ainda segundo Porto, será necessário reunir os deputados para que se possa planejar e, enfim, organizar as solicitações. “Tem deputados que são da mesma região, então vamos agrupar as solicitações para que não haja repetição”, disse. “Isso vai garantir o atendimento de todos os pleitos, beneficiando a população de todo o estado”, completou. Os pedidos mais comuns vêm das áreas de segurança e saúde.
“Foi importante esse primeiro encontro, independente das siglas e sem ter uma definição clara de quem é governo e quem é oposição. Raquel apresentou as dificuldades que o governo vai ter pela frente e foi bem proveitoso para que pudéssemos abrir um diálogo”, declarou o deputado do PL, Renato Antunes, que tem o nome colocado para liderar a bancada independente da Alepe.
O deputado estadual Doriel Barros (PT), espera que diante das questões essa reunião não seja só “para foto”, mas que possa ser traduzida em resultado concreto.
“Pedi para que a governadora colocasse, entre as prioridades, o tema da agricultura familiar. Se a gente quiser acabar com a fome e a miséria precisa fortalecer a agricultura familiar . O Governo Lula já está comprometido com essa questão e precisamos que aqui também tenhamos esse compromisso, além do diálogo com os movimentos sociais do campo e da cidade, que são muito importantes”, destacou o petista.