Lula sinaliza contrariar Marina sobre exploração de petróleo no Amazonas

Presidente disse que não dá para transformar o local em um "santuário", mas encontrar possibilidades de exploração sustentável
Estadão Conteúdo
Publicado em 22/05/2023 às 21:38
Lula deu as declarações em Hiroshima, no Japão, onde participou de reunião do G-7 Foto: JAPAN POOL / POOL


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou neste domingo, 21, que pode contrariar a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e tomar partido em favor da ala desenvolvimentista do governo para autorizar a exploração de petróleo no Rio Amazonas pela Petrobras. "Acho difícil ter problema em explorar petróleo a 500 km da Amazônia", afirmou o presidente em coletiva de imprensa no Japão.

Ainda assim, Lula declarou que, se forem identificados riscos reais, haverá veto à exploração. "Se extrair petróleo na foz do Amazonas em alto mar tiver problema, certamente não será explorado", acrescentou. O Ibama, contudo, já se manifestou de forma contrária à proposta da Petrobras para a região.

Lula voltou a falar em zerar o desmatamento na Amazônia até 2030. Ele disse que isso não significa transformar o local em um "santuário", mas encontrar possibilidades de exploração sustentável. "Quem mora na Amazônia tem direito a ter os bens materiais que todo mundo tem, não é para transformar a Amazônia num santuário", disse ele.

Lula deu as declarações em Hiroshima, no Japão, onde participou de reunião do G-7. A temática ambiental e de controle das mudanças climáticas é um dos temas com maior capacidade de projetar o Brasil globalmente. Por isso, o presidente sempre fala sobre o assunto quando tem compromissos internacionais.

O presidente disse que o País "está de volta" ao cenário internacional e quer ajudar o mundo a cumprir as metas de combate a mudanças climáticas. Segundo o presidente, o Brasil tem "autoridade moral" para discutir o tema com o mundo.

Cobrança a países ricos sobre o meio ambiente

Lula voltou a cobrar que os países ricos cumpram seus compromissos sobre mudanças climáticas, mas disse que as ações do Brasil independem disso. "O Brasil vai fazer por conta própria aquilo que o Brasil tem que fazer. Preservar a Amazônia é dever e responsabilidade do povo brasileiro", declarou.

De acordo com ele, é necessária uma governança global mais forte para que os acordos costurados entre os países sejam postos em prática. Ele voltou a falar em reformar o Conselho de Segurança da ONU.

Lula também disse que os indígenas são "guardiões da floresta" no Brasil e em países vizinhos. E que terá conversas com os demais países que têm porções de Floresta Amazônica para discutir como preservá-la. Também mencionou a possibilidade de incluir na articulação países de outros continentes que têm biomas semelhantes ao da Amazônia, como Congo e Indonésia.

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