Com opiniões distintas sobre o rumo da política econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-RS), presidente do Partido dos Trabalhadores, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participarão de uma mesa de debate no próximo mês para discutir as conquistas e rumos da economia brasileira sob a gestão do petista.
O encontro ocorrerá na conferência eleitoral do PT nos dias 8 e 9 de dezembro, em Brasília, para definir os rumos e objetivos do partido nas eleições municipais de 2024. A informação foi publicada pelo portal G1 e confirmada pelo Estadão.
Gleisi e Haddad são dois dos confirmados para a mesa "A política econômica do governo Lula: feitos e perspectivas para o próximo período". Ao todo, o partido espera contar com 20 mesas de discussão sobre diferentes temas.
PARTICIPAÇÃO DE JANJA
A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, comandará uma mesa sobre a participação das mulheres na política, enquanto o escritor Juliano Spyer, autor do livro "O Povo de Deus e os Evangélicos", será um dos convidados para discursar sobre a relação entre política e religião.
A programação ainda está em fase de conclusão pelo PT, mas deve contar com dez ministros do governo filiados ao partido, além do advogado-geral da União, Jorge Messias, da ministra Nísia Trindade (Saúde) e do ministro Silvio Almeida (Direitos Humanos). O encontro será aberto pelo presidente Lula.
Durante os dois dias de atividades no Centro de Convenções Ulisses Guimarães, o partido espera receber cerca de 3 mil dirigentes, lideranças, vereadores, prefeitos, pré-candidatos, que participarão de palestras, grupos de trabalho, atividades de economia solidária e criativa e exposições culturais.
VISÕES DISTINTAS DA ECONOMIA
Haddad e Gleisi têm visões distintas sobre os rumos da economia no governo petista. Em março deste ano, Haddad foi alvo de críticas por parte da ala política do partido por voltar a cobrar impostos federais sobre combustíveis. A presidente nacional do PT foi às redes sociais para criticar a volta da cobrança. "Não somos contra taxar combustíveis, mas fazer isso agora é penalizar o consumidor, gerar mais inflação e descumprir compromisso de campanha", afirmou.
À época, Haddad afirmou que a dirigente tem opiniões fortes, mas que quem arbitra conflitos no governo é o presidente Lula.
"O importante é que ela (Gleisi) defendeu a decisão do presidente Lula, que era o que eu esperava da parte dela, que é uma pessoa que tem opiniões fortes, mas que sabe que quem arbitra os conflitos dentro e fora do governo é o presidente da República", disse Haddad em entrevista ao UOL. Ele relembrou que, após a decisão de reoneração, Gleisi elogiou a sensibilidade e o equilíbrio nas decisões e não citou Haddad em nenhum momento.
A decisão de reonerar os impostos foi interpretada como uma vitória a Haddad. Aliados do presidente Lula defendiam a prorrogação da desoneração dos impostos federais sobre gasolina e etanol para evitar um repique na inflação e uma eventual perda de popularidade do chefe do Executivo.
Gleisi e Haddad também divergem sobre a meta fiscal. A presidente do PT defendeu, em entrevista ao Valor Econômico, em agosto, a revisão da meta de zerar o déficit em 2024. Já o ministro da Fazenda tem defendido a manutenção do equilíbrio fiscal de forma enfática.
No fim de outubro, ela voltou ao tema, após Lula dizer que "dificilmente" a meta fiscal será cumprida. Gleisi afirmou que o presidente "protegeu" Haddad, porque "o resultado primário zero será impossível no ano que vem".