REPÚDIO

Raquel Lyra diz que sofreu 'violência política' e repudia ataques de Álvaro Porto

Governadora de Pernambuco teve discurso atacado pelo presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, em áudio vazado no microfone da Alepe

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Filipe Farias

Publicado em 01/02/2024 às 19:31 | Atualizado em 01/02/2024 às 21:47
Raquel Lyra em cumprimento ao presidente da Alepe - Guga Matos/JC Imagem

Após tomar conhecimento das críticas feitas pelo presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto (PSDB), em vazamento do microfone da mesa diretora do plenário, classificando o discurso da governadora como 'merda', Raquel Lyra (PSDB) repudiou a fala do parlamentar e disse ter sofrido 'violência política' em visita à Casa, nesta quinta-feira (1º), no retorno dos trabalhos após o recesso.

“Avalio que é algo lamentável a ser dito pelo presidente de um Poder. Fiz questão de estar na Assembleia, com todo o meu time de governo, para agradecer a Assembleia Legislativa pelo ano que passou, porque aprovamos, com muito diálogo, de maneira conjunta, os projetos enviados. É um ato lamentável de violência política o que se passou, às vezes é em gestos, em atitudes, em ações e hoje foi em voz", declarou Raquel Lyra a Rádio Transamérica.

A governadora enfatizou que o episódio desta quinta-feira só exemplifica as barreiras e as adversidades que as mulheres são obrigadas a superar num ambiente profissional e, principalmente, dentro da política. "Lamento porque isso não está à altura do que Pernambuco representa, um diálogo fora de propósito, mas que revela o que uma mulher sofre nos espaços de poder. Não baixo a cabeça pelas adversidades que se colocam, tudo que eu gostaria é que possamos ser respeitados pelos cargos que ocupamos e que a população possa nos julgar pelas ações do nosso governo”, finalizou Raquel Lyra.

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Posicionamento de Álvaro Porto

Através de nota de esclarecimento, o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Álvaro Porto, admite que utilizou uma expressão não condizente com o contexto e local ao avaliar o discurso da governadora Raquel Lyra; entretanto, "reafirma que considera o teor do discurso desconectado com a realidade vivida em Pernambuco".

O líder do Legislativo do Estado também afirmou "ter o direito e o dever de avaliar e criticar discursos que não correspondam à realidade observada". E que sua reação "é fruto de indignação em relação à falta de resultados do governo em questões sérias como saúde e segurança", dizia a nota.

Vice-governadora

Através das redes sociais, a vice-governadora de Pernambuco, Priscila Krause (Cidadania), lamentou o episódio na Alepe e saiu em defesa de Raquel Lyra e de todas as mulheres. "Infelizmente esse dia vai ficar marcado na história como o dia de violência política de gênero. Lamentavelmente, a violência política de gênero está presente todos dias. Na maior parte de maneira implícita, mas, às vezes, de maneira explícita como aconteceu hoje", declarou Priscila Krause.

A vice-governadora complementou dizendo que "nós, como mulheres na política, representantes, a governadora Raquel Lyra, a primeira governadora eleita de Pernambuco, temos o dever e a obrigação perante todos pernambucanos, mas especialmente perante todas as mulheres, de seguirmos firmes na luta, pois cada vez que uma mulher ocupa um espaço de poder, todas as mulheres ocupam. É isso que a governadora Raquel Lyra repete todos os dias", lembrou.

PP e PSD saem em defesa de Raquel

Os dois partidas da base do governo estadual, o PSD e o PP saíram em defesa de Raquel Lyra, que teve seu discurso atacado pelo presidente da Alepe. "O PSD reitera publicamente a sua solidariedade à governadora Raquel Lyra diante dos comentários desrespeitosos dirigidos à ela durante a abertura dos trabalhos da Assembleia Legislativa de Pernambuco, nesta quinta-feira (1º). Acreditamos que o princípio da separação e harmonia dos Poderes deve prevalecer na relação entre o Executivo e o Legislativo, assim como o respeito pessoal entre as lideranças políticas do nosso Estado. A governadora Raquel Lyra foi eleita com a confiança dos pernambucanos e pernambucanas e merece ser tratada com o devido respeito, levando em consideração tanto o cargo que ocupa quanto a sua trajetória política de mulher guerreira", dizia a nota assinada pelo presidente estadual do PSD, André de Paula.

 
 
 
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Já o Partido Progressistas, também através de nota, manifestou apoio à governadora Raquel Lyra e disse que "a agressão verbal sofrida pela gestora estadual do ambiente de civilidade defendido pelo PP para o bom andamento da relação entre os poderes Executivo e Legislativo". E que a governadora mostrou apreço ao Legislativo ao participar do início dos trabalhos legislativos, e que essa ação "uma notória forma de valorização dos princípios democráticos, não pode ser maculada por ataques que atingem não apenas a pessoa de Raquel Lyra, mas, também, de chefe do Executivo estadual". 

Entenda o caso

Em visita oficial na Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira (1º), a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, utilizou o púlpito da Casa para discursar para os parlamentares, defender seu primeiro ano de governo e agradecer a parceria com os deputados para a aprovação de vários projetos visando melhorias para o Estado.

Entretanto, em nenhum momento, a chefe do Executivo mencionou a respeito da ação que entrou no Supremo Tribunal Federal (STF), com pedido de liminar para suspensão imediata de pontos aprovados na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, o principal deles: a distribuição proporcional do superávit do governo previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA), para o exercício de 2023, entre os Poderes e Órgãos autônomos do superávit do governo.

Mesmo sendo do mesmo partido de Raquel Lyra e líder do governo da Alepe, o deputado Álvaro Porto aproveitou o momento que a governadora deixava a mesa para cumprimentar os demais parlamentares presentes no plenário e, sem perceber que o microfone ainda estava aberto e vazando para a transmissão oficial da Assembleia Legislativa de Pernambuco na internet, criticou o discurso da governadora enquanto conversava com outra pessoa que estava na mesa diretora. "E o discurso dela, eu não entendi nada. Conversou merda demais e não disse nada", disparou Álvaro Porto em áudio vazado.

Em outro trecho do diálogo, um interlocutor não identificado ao lado do presidente da Alepe ironizou o discurso da gestora, afirmando que “deveria ter perguntado onde é esse estado”. “Eu também queria saber”, disse Álvaro Porto, antes de perceber que o microfone estava aberto.

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