Investigação

Bolsonaro pede passaporte para ir a Israel, no dia de divulgação de imagens

A petição, protocolada no dia 25 de março, solicita a devolução, ainda que temporária, do passaporte do ex-presidente, para uso entre os dias 12 e 18 de maio

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Estadão Conteúdo

Publicado em 28/03/2024 às 22:22
A defesa do ex-presidente diz que a viagem não apresenta riscos ao inquérito que está em andamento
A defesa do ex-presidente diz que a viagem não apresenta riscos ao inquérito que está em andamento - © Valter Campanato/Agência Brasil

No mesmo dia em que foram divulgadas pelo The New York Times as imagens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na embaixada da Hungria, onde ficou por duas noites no Carnaval deste ano, a defesa de Bolsonaro pediu ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorização para que ele possa viaja a outro país.

A petição, protocolada no dia 25 de março, solicita a devolução, ainda que temporária, do passaporte do ex-presidente, para uso entre os dias 12 e 18 de maio. Bolsonaro está com o documento retido pela Polícia Federal (PF) desde que foi alvo de uma operação realizada no dia 8 de fevereiro que investiga atos golpistas praticados no Brasil no dia 8 de janeiro deste ano.

CONVITE

Os advogados afirmam no pedido que o ex-chefe do Executivo federal e a família dele foram convidados pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu a visitar o país - o período engloba o Dia da Independência de Israel, conhecido como Yom HaAtzmaut. A independência foi declarada no dia 14 de maio de 1948, mas comemorações podem variar alguns dias por causa do calendário hebraico.

A defesa do ex-presidente diz que a viagem não apresenta riscos ao inquérito que está em andamento, "especialmente considerando os compromissos previamente agendados no Brasil e que demandam a presença do peticionário (Bolsonaro) após seu retorno de Israel" A defesa não detalhou quais seriam os compromissos.

"Como é de domínio público, faz parte da atividade política o relacionamento internacional bem como ampliar o diálogo com lideranças globais", escreveu Fábio Wajngarten, advogado e assessor do ex-presidente, no X (antigo Twitter). O pedido de Bolsonaro ao STF foi formalizado na segunda-feira, 25, mesma data em que o jornal The New Tork Times revelou que o ex-presidente passou duas noites na Embaixada da Hungria em Brasília logo após a operação da PF, o que levantou suspeitas de que ele poderia buscar asilo político para evitar uma eventual prisão. O ex-chefe do Executivo brasileiro tem boa relação com o premiê húngaro de extrema direita, Viktor Orbán, assim como mantém proximidade com Netanyahu.

INVIOLÁVEL

Se a Justiça expedisse mandado de prisão preventiva contra Bolsonaro, durante sua estadia na representação da Hungria , a decisão não poderia ser cumprida, pois as embaixadas são consideradas territórios invioláveis.

A defesa do ex-presidente negou que esse tenha sido o objetivo da permanência de Bolsonaro na embaixada e disse que o período serviu para ele conversar com autoridades húngaras e trocar informações sobre os cenários políticos dos dois países. Alexandre de Moraes deu cinco dias para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre o caso. Bolsonaro disse na segunda-feira que, se não fosse a retenção de seu passaporte, ele teria viajado com os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União), a Israel na semana passada. Eles foram ao país para ver de perto as consequências da guerra contra o grupo terrorista Hamas.

O governador de São Paulo disse que a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que comparou a ofensiva israelense com o holocausto perpetrado por Adolph Hitler contra os judeus, não representa a posição do povo brasileiro. Já Caiado pediu desculpas pela declaração do presidente brasileiro

"Lamentamos que governadores no exterior distorçam a posição do Brasil sobre o tema, em momento em que o mundo todo se preocupa com os civis palestinos", rebateu o Palácio do Planalto por meio de um comunicado. "O presidente condenou os ataques do Hamas repetidas vezes e não fez fala contra o povo judeu e sim contra ações do atual governo de Israel", disse o texto do governo.

VISITANTE

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu a visita do filho Carlos Bolsonaro (PL-RJ) na Embaixada da Hungria, em Brasília, no período em que esteve o local. O vereador seria o homem que visitou o ex-presidente brasileiro na noite de fevereiro, 13.

O visitante deixou o local 38 minutos depois. Nas imagens, outro homem que parece ser Bolsonaro se despede do homem, que seria Carlos, na garagem da representação diplomática, como revelou a coluna Igor Gadelha, do Metrópoles.

O The New York Times publicou imagens de vídeo e fotos indicando que Bolsonaro entrou na embaixada no dia 12 de fevereiro e só saiu de lá dois dias depois. Divulgou também fotos de satélite mostrando que o veículo usado pelo ex-presidente ficou estacionado na embaixada.

A defesa do ex-presidente informou ao Supremo que "sempre manteve interlocução próxima com as autoridades daquele país, tratando de assuntos estratégicos de política internacional de interesse do setor conservador",

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