Depois de João Campos, Daniel Coelho promete armar a Guarda Municipal do Recife: 'vai ser uma das primeiras ações'

Declaração do pré-candidato à prefeitura do Recife foi dada dias após o prefeito João Campos prometer iniciar estudos sobre o armamento do efetivo

Publicado em 18/07/2024 às 13:02

Dias após o prefeito do Recife, João Campos (PSB), prometer que vai armar a guarda municipal da cidade — tema sensível da sua gestão — o pré-candidato apoiado pelo governo do Estado à prefeitura da capital, Daniel Coelho (PSD), afirmou que equipar o efetivo do município vai ser uma prioridade do seu governo, caso seja eleito.

"O papo reto hoje é esse. Nós vamos armar a guarda municipal, cumprir o que diz a legislação federal e, diferente do atual prefeito, isso não vai ser a longo prazo, não, vai ser uma das primeiras ações que a gente vai fazer a partir de janeiro do ano que vem", disse Daniel Coelho na noite da última quarta-feira (17), durante uma plenária realizada no bairro da Caxangá, no Recife.

Ampliando a disputa com o atual prefeito, o ex-secretário de Raquel Lyra (PSDB) também prometeu que vai abrir concurso para contratação de mais guardas municipais.

"[Vamos] Fazer concurso, chamar mais guarda, que precisa de efetivo, equipar, treinar, dar qualidade a esse profissional para que a gente colabore com o governo do estado e o governo federal na questão da segurança pública. Não faz sentido sermos a única capital do Nordeste a não adotar esta medida", acrescentou Daniel.

A declaração se deu duas semanas após João Campos garantir, em sabatina promovida pela Folha de São Paulo e pelo UOL, no dia 4 de julho, que pretende armar a guarda em seu segundo mandato, caso reeleito, e que o processo seria realizado de forma gradual e com uma fase inicial de testes.

"Vamos começar um estudo para poder ter um novo ciclo de grupamento tático da Guarda, com cursos de formação específicos. Com uma equipe treinada, um protocolo específico e reforço da Corregedoria, vamos fazer um processo seguro. Esse é um compromisso para um segundo governo", disse João.

"Quero deixar claro que não podemos confundir o papel da Guarda Municipal com o papel da Polícia Civil ou militar. Existem componentes totalmente distintos", acrescentou o atual prefeito. 

Guarda municipal armada

O armamento da guarda municipal do Recife é tema amplamente debatido há vários anos. Em maio passado, vereadores pressionaram o Executivo sobre o assunto, aprovando um requerimento que solicitava ao prefeito a adoção das medidas necessárias para disponibilizar o armamento a esses profissionais.

O autor da proposta, vereador Alcides Cardoso (PSDB), lembrou que a Casa José Mariano fomentou o debate sobre o armamento da Guarda nos últimos anos.

“Não estou pedindo para armar por armar. [Pedimos guarda] treinado e armado. São 256 horas-aula. Nós fomos visitar o pessoal no Cabo. Professores, sala de aula. Acho que a própria Guarda quer isso, espera isso. Ele sai de casa como um guarda, como uma pessoa para a segurança, e sai desarmado”, argumentou o parlamentar, na época.

“É preciso que o governo [municipal] aceite isso, que resolve em parte o problema, inclusive, da governadora. Ele tem que, também, ajudar a governadora na questão da segurança pública”, sugeriu Osmar Ricardo, que votou pela aprovação da pauta na Câmara.

O vereador Ivan Moraes (PSOL), contrário ao armamento da guarda do Recife, disse, na época da discussão, que o poder coercitivo cabe à Polícia Militar.

"Não existe, em nenhuma literatura sobre prevenção à violência, um indicativo de armas de fogo num espaço conglomerado de gente. O que vai fazer a guarda do mercado público não é para fazer armada mesmo não. Não há elementos que diga pra gente que há ocorrências de crimes armados em mercados públicos. O que existe na verdade é um desejo de ter arma por aí. É uma ilusão de que você ter mais arma na rua vai ter mais segurança. Não há dados científicos que comprovem isso", afirmou o vereador.

Também em maio, em entrevista à coluna Segurança, deste JC, o secretário de Segurança Cidadã do Recife, Gabriel Cavalcanti, afirmou que iria discutir o tema com o prefeito João Campos.

"Ainda não sentei com ele para debater essa pauta. É uma pauta que nós precisamos avaliar, isso requer estudos de especialistas. Também requer pesquisas na sociedade civil. No momento oportuno, nós iremos debater, sem sombra de dúvidas", declarou.

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