Um relatório divulgado na última semana pelo Tribunal Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) apontou que o Recife é o maior colégio eleitoral do estado, com 1.219.917 pessoas aptas a votar no pleito de outubro. Desse total, a maioria é de mulheres, que contabilizam 670.954 eleitoras na capital, ou 55% de todo o eleitorado. Os homens são 548 mil.
Em relação à cor/raça dos eleitores, como define o levantamento, 94% não informaram como se identificam, o que, de acordo com analistas políticos, resulta em um dado não significativo. Contudo, entre aqueles catalogados no tribunal estão 35 mil pardos, 22 mil brancos e 10 mil pretos. Amarelos e indígenas representam 0,04% e 0,01%, respectivamente.
O levantamento do TRE-PE também apontou que o Recife também tem maioria de eleitores composta por adultos com idade entre 18 e 59 anos. Uma minoria é composta por jovens entre 16 e 17 anos, que podem votar mas não são obrigados. A capital também tem 288.324 eleitores com idade superior a 60 anos.
Na visão do analista de Risco Político e professor do Departamento de Ciência Política da UFPE, Ernani Carvalho, esses dados são levados em conta pela maioria das chapas na composição dos programas de governo.
"Quando os políticos e candidatos, principalmente no âmbito majoritário, vão traçar seus planos de ação e de governo para disputar uma prefeitura, eles levam esses dados em conta. Acho que alguns não levam, mas na maioria das vezes a racionalidade prevalece", analisou o professor.
"Mas o que eu e outros analistas políticos estamos notando é que, aqui no Recife e em algumas capitais, há uma tendência ao debate político estar mais aderente à dinâmica dos problemas locais. O que vai prevalecer são os problemas do cotidiano", acrescentou Ernani.
O doutor em Ciência Política e professor da Unicap, Antônio Henrique Lucena, também acredita que a eleição do Recife deverá ser norteada pelo perfil administrativo dos candidatos, e não pela identificação demográfica.
"O que está despontando agora é a gestão. O povo está querendo um bom gestor. A estratégia de marketing de João Campos foi bastante efetiva em passar essa imagem de que ele seria um bom gestor, isso termina trazendo alguns benefícios para ele nesse sentido", afirmou.
Participação de mulheres e negros
Lucena também afirma que muitas mulheres não votam em outras candidatas apenas por serem mulheres, e que esse dado pode não ser tão relevante no resultado final da eleição municipal.
Em 2020, o Recife também tinha 55% de eleitorado feminino e elegeu sete mulheres para a Câmara de Vereadores, o que representa 17,9% do total de cadeiras no Legislativo.
"O espectro de votação termina sendo mais amplo, entram variáveis como religião, por exemplo. Claro que você colocar uma mulher na chapa para prefeita ou vice pode conquistar parte desse eleitorado, isso termina sendo bastante relevante, mas para as eleições municipais isso não vai ser tão relevante assim. Normalmente, as pessoas tendem a votar com base nas suas experiências, então negros não vão votar em outros negros apenas por serem negros", apontou.
O cientista político e professor da UFPE Arthur Leandro diverge. Ele entende que a representatividade nas chapas eleitorais pode influenciar o resultado do pleito.
"Eleitores tendem a se identificar mais com candidatos que refletem suas próprias características e experiências. Assim, chapas proporcionais que não incluem mulheres ou candidatos de perfis raciais podem ser percebidas como menos representativas, e isso impactar negativamente seu engajamento e mobilização eleitoral", analisou.
"Apesar disso, o favoritismo de João Campos, que é um homem branco, nas pesquisas recentes sugere que o poder do incumbente, que disputa o voto já exercendo o mandato, deve prevalecer sobre a disputa esquerda vs. direita e sobre as questões de perfil étnico e de gênero. Isso não implica, claro, que inclusão de candidatos diversos não vá melhorar a percepção de inclusividade e atrair eleitores progressistas, principalmente na eleição à Câmara Municipal", relatou.
Mais dados
O Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco também registrou que Jaboatão dos Guararapes é o segundo maior colégio eleitoral de Pernambuco, com 487.903 pessoas aptas a votar, seguida por Olinda, que contabiliza 300 mil. Caruaru e Petrolina são os maiores colégios do interior, com 247 mil e 238 mil eleitores, respectivamente.
Na outra ponta do ranking aparecem Ingazeira (4,3 mil), Itacuruba (4,9 mil), Solidão (5,7 mil) e Quixaba (6,5 mil), todas no Sertão, com as menores fatias eleitorais do estado. Fernando de Noronha é a única localidade pernambucana que não vai realizar eleição municipal em outubro, já que é um distrito administrado pelo governo estadual.
Na Nordeste, Pernambuco é o segundo maior colégio eleitoral da região, somando 7.152.871 eleitores aptos a votar, ficando atrás apenas da Bahia, que tem 11 milhões. No cenário nacional, o estado é o sétimo colocado. Em primeiro lugar está São Paulo, com 34 milhões, seguido por Minas Gerais (16 milhões) e Rio de Janeiro (13 milhões).