"Não tem jogo ganho", diz João Campos em sabatina à Rádio Jornal
Prefeito do Recife e candidato à reeleição falou sobre polêmica com creches, armamento da Guarda Municipal, obras na orla e relação com Raquel Lyra
O prefeito do Recife e candidato à reeleição foi o primeiro sabatinado da Rádio Jornal nas Eleições 2024. Nesta segunda-feira (2), ele afirmou que não se deixa levar pelos altos índices de intenção de voto nas pesquisas eleitorais e fez uma comparação com o treinador de futebol Pep Guardiola para explicar que "não tem jogo ganho".
"Eu fico feliz pelo reconhecimento, por ver esse resultado, a gente sente nas ruas o carinho das pessoas, mas eu me estimulo ainda mais para trabalhar pelo Recife. Quando soube da pesquisa que tive 76% disse a um jornalista 'vou trabalhar o dobro'. Fico feliz com tudo que a gente fez, mas estou aqui para fazer o que ainda falta", disse o prefeito do Recife.
"É como no futebol, não tem jogo ganho, ninguém ganha antes da hora. Você precisa consolidar uma alta aprovação no momento da eleição. Brinquei recentemente que é como você botar o Manchester City para jogar com Pep Guardiola como treinador. Você tem a expectativa de que ele vai ganhar a partida, mas ele tem os 90 minutos para ganhar em campo, fazendo gol. A eleição é isso, agora é momento de trabalhar, de pé no chão", falou João Campos.
Creches municipais
João Campos também respondeu a uma cobrança feita pela opositora Dani Portela (PSOL) e afirmou que as creches do Recife seguem um modelo regulamentado pelo Ministério da Educação de convênio junto a instituições privadas.
Na última semana, Dani afirmou que João estaria usando as creches municipais para obter benefício eleitoral, por meio de repasses financeiros, ao colocar supostos cabos eleitorais na gestão desses equipamentos. A denúncia dela tem como base uma reportagem do Marco Zero Conteúdo.
"Existe um modelo regulamentado pelo MEC de creches conveniadas, diversas capitais no Brasil fazem uso dessa rede. São mais de 10 etapas técnicas que a entidade precisa fazer para poder ser habilitada. Qualquer tipo de não cumprimento de exigência, a prefeitura pode e deve e descredenciar. Temos hoje cinco processos de descredenciamento de creches que não se adequam ao modelo", afirmou João Campos.
"Não há ingerência política nisso. São 10 passos e existe uma comissão de habilitação e outra de fiscalização para cobrar com todo o rigor", disse o prefeito.
Segurança, saúde e moradia
Em relação à insegurança na cidade, João reforçou que pretende armar parte da Guarda Municipal, mas fez ressalvas ao projeto.
"O papel de polícia é estadual. Quero deixar claro que não acredito que arma é instrumento para garantir paz ou segurança por si só. É um instrumento, em circunstâncias especiais, importante, sim. A gente hoje chega com uma consolidação do fortalecimento da guarda municipal, onde a gente cria uma inspetoria nova, fortalece o sistema de corregedoria dentro da guarda e firma um compromisso de fazer um processo gradual de armamento começando pelo GTO, que é o Grupo Tático Operacional, e colocando também bodycams. Mas vamos lembrar: o papel da guarda não é segurança ostensiva, isso cabe Àà polícia. O papel da guarda é o cuidado patrimonial, com o patrimônio do município", disse João.
Em relação à moradia, tema de polêmica junto ao opositor Daniel Coelho (PSD), João afirmou que seguirá fazendo investimentos na área.
"Na operação de crédito que a gente está fazendo junto ao BID [Banco Internacional do Desenvolvimento], a gente tá fazendo um programa, pela primeira vez na cidade, de aluguel assistido, estamos fazendo o PPP de locação social junto à Caixa, em que a gente garante que a pessoa não estará no déficit habitacional, porque a prefeitura pagará a diferença para a pessoa não gastar mais de 30% da sua renda", detalhou o socialista.
Questionado sobre o sistema vacinal do Recife, ele afirmou que sua gestão foi de histórico positivo. "O Recife foi a grande referência do Brasil na vacinação de Covid. A gente faz uma estratégia 'figital': física e digital. Graças à vacina de Covid a gente saiu de um serviço com 8 mil pessoas no cadastro digital para mais de 1,5 milhão de pessoas no Conecta Recife. Tivemos uma expansão, passando de 90% de cobertura vacinal, com processos vacinais nas escolas, itinerantes, vacinação em parques, em mutirões de saúde, onde a gente sempre agrega o serviço de vacinação. Temos mais de 150 salas de vacina na cidade. Os dados de 2024 são muito animadores", afirmou o prefeito.
Orla do Recife
A orla do Recife também foi pauta da sabatina. João Campos afirmou que uma nova fase do projeto será iniciada nos próximos dias, com investimento de R$ 100 milhões.
"O projeto é feito em varias etapas e temos obras ininterruptas. Fizemos a reforma de todos os quiosques da orla, a duplicação dos banheiros, em fase final dobra, e vamos começar a maior parte da obra, que é a requalificação do calçadão, da ciclofaixa, da iluminação e da urbanização das centralidade. É uma obra de R$ 100 milhões, nos próximos dias já começará", afirmou João.
"Em termos de iluminação, hoje temos 130 postes na orla, a gente vai ter mais de 800. Vamos ter postes diferentes, um poste para iluminação da rua, um para os pedestres, postes embaixo de árvores para iluminar a calçada, em áreas permitidas iluminando a praia, onde não há desova de tartarugas, sistema de rede, esgotamento, chuveirão novos", detalhou o prefeito.
Relações políticas
Questionado sobe sua relação com a governadora Raquel Lyra (PSDB), João Campos desconversou e falou que "governa para todos".
"Sempre me coloquei à disposição e minha vida fala isso. Lembro do momento em que fui eleito e minha primeira fala foi 'vencemos as eleições e agora é momento de desmontar palanque, eu governarei para todos'. Eu estou aberto para chamar as pessoas para junto, sempre me coloquei à disposição. Quem quiser ajudar o Recife eu serei o primeiro da fila a sentar na mesa", disse João, sem citar o nome da governadora.
Após tentar se esquivar do assunto, João foi questionado sobre quando ocorreu a última reunião de projetos com a governadora. "Próximo do período de carnaval, para definir ações conjuntas de segurança, as necessidades", respondeu o prefeito do Recife, se referindo a um encontro ocorrido em janeiro, no Palácio do Campo das Princesas.
"Eu estou à disposição. Se tem um cara que gosta de conversar, com pessoas que pensam diferente... Essa é a essência da democracia. Eu não perdi tempo com coisas menores, disputas, eu fui atrás de fazer", completou João Campos.
Mais uma vez, João se recusou a falar sobre uma possível candidatura ao governo do estado em 2026, mas fez fortes elogios ao candidato a vice-prefeito Victor Marques (PCdoB).
"A gente está disputando a reeleição de 2024 para prefeito do Recife, a gente tem que trabalhar uma eleição por vez, reafirmo esse compromisso. Temos uma chapa construída por 12 partidos. Victor é uma pessoa extremamente preparada, que esteve ao lado da gestão em todos os momentos, que conhece como ninguém a cidade e que tem muita capacidade política de fazer. Quem conhece Victor, gosta de Victor. Não tenho dúvida, se ele me ajudou tanto a governar até o dia de hoje, o quanto ele vai dar de contribuição como vice-prefeito", elogiou João campos.
Relação com prefeitos da RMR
João também falou sobre o papel da capital na Região Metropolitana. Na visão dele, é possível construir uma contribuição com municípios vizinhos, mas reforçou que seu papel é administrar o Recife.
"Nosso foco absoluto é cuidar do Recife. Eu fui eleito para ser prefeito do Recife e nosso foco é cuidar dos recifenses. Por muitas vezes eu estive à disposição dos prefeitos da região, fazendo visitas, apresentando projetos, trocando experiências. O papel colaborativo da nossa parte sempre vai existir, mas eu não sou prefeito da Região Metropolitana, sou prefeito do Recife. Existem outras 13 cidades na metropolitana, com prefeitos e prefeitas e cada um tem trabalhos em suas cidades. A integração metropolitana sempre vai ter o que fazer. Mas é algo que não demanda apenas de um município", afirmou João.