O Brasil perde um de seus maiores atores: Paulo José faleceu nesta quarta-feira (11), aos 84 anos, em decorrência de uma pneumonia. Ele estava internado havia 20 dias num hospital no Rio de Janeiro.
Há alguns anos, Paulo José não era mais presença na TV devido às complicações na saúde causadas pelo Mal de Parkinson, com que conviveu o ator e diretor por mais de 20 anos. Seu último trabalho foi na novela "Em Família" (2014), de Manoel Carlos.
Em 2019, ele teve um de seus grandes personagens trazidos à TV novamente, na novela "Por Amor" (1998), reprisada no "Vale a Pena Ver de Novo". Orestes era alcoolista e comoveu o público na sua relação com a filha Sandrinha (Cecília Dassi).
Ainda na TV, ele esteve em grandes produções como "Gabriela" (1975), "Tieta" (1989), "Vamp" (1991), "Explode Coração" (1995), "Labirinto" (1998) e "A Muralha" (2000).
No cinema, pôde viver um grande personagem nos últimos anos de atuação, no filme "O Palhaço" (2011), de Selton Mello, em que contracenou com Larissa Manoela. Selton, aliás, dedicou seu protagonista na recém-estreada novela das seis da Globo, "Nos Tempos do Imperador", a Paulo José.
Na sua cinebiografia constam, ainda, clássicos do cinema brasileiro, como "Macunaíma" (1969), de Joaquim Pedro de Andrade, e "Todas as Mulheres do Mundo" (1966), de Domingos Oliveira, ao lado de Leila Diniz.
Paulo José deixa quatro filhos: as também artistas Ana, Bel e Clara Kutner, de seu casamento com a atriz Dina Sfat, falecida em 1989; além Paulo Henrique Caruso.
Bel Kutner, a propósito, estreou esta semana na novela "Nos Tempos do Imperador". Vive a personagem Celestina.
Além de Dina Sfat, Paulo José também foi casado com Beth Caruso, com a atriz e diretora Carla Camurati, a atriz Zezé Polessa e Kika Lopes, sua última companheira.
Trajetória
Paulo José Gómez de Souza nasceu em Lavras do Sul, interior do Rio Grande do Sul, em 20 de março de 1937. Teve o primeiro contato com o teatro ainda na escola, e depois no teatro amador, em Porto Alegre. No início dos anos 60, Paulo José foi morar em São Paulo e começou a trabalhar no Teatro de Arena, onde exerceu diferentes funções. A primeira peça em que trabalhou como ator foi "Testamento de um Cangaceiro", de Chico de Assis, em 1961.
Na TV Globo, onde permaneceu até o fim, Paulo José estreou na novela "Véu de Noiva", de Janete Clair, em 1969. E seu primeiro grande personagem foi o mecânico-inventor Shazan, que formava uma dupla bem humorada com Xerife, personagem de Flávio Migliaccio, na novela "O Primeiro Amor" (1972), de Walther Negrão. Fez tanto sucesso que derivou no seriado "Shazan, Xerife e Cia.’", entre 1972 e 1974.
Ao longo de mais de 60 anos de carreira, Paulo José atuou em mais de 40 novelas, minisséries e programas de TV.