Fábio Porchat se manifestou nesta segunda-feira (14) sobre a polêmica envolvendo sua participação no filme “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola” (2017). O longa, baseado em livro de Danilo Gentili, entrou no catálogo da Netflix em fevereiro e chamou atenção nas redes sociais por uma cena que, segundo a deputada Carla Zambeli, “naturaliza a pedofilia”.
A cena que suscitou a polêmica mostra o personagem de Porchat conversando com duas crianças. Ele pede que parem de discutir e encoraja que se masturbem. Os dois meninos reagem com surpresa ao pedido e negam.
“O que é isso, preconceito nessa idade? Isso é supernormal, vocês têm que abrir a cabeça de vocês", diz o personagem vivido por Porchat. Em seguida, abre a braguilha da calça e puxa a mão de um dos meninos em direção a ela.
O secretário especial de Cultural, Mario Frias, também comentou a polêmica e afirmou que o filme faz “apologia do abuso sexual infantil”. Além disso, o secretário afirma que a cena é uma “afronta às famílias” e que irá tomar medidas cabíveis para que as crianças não sejam “contaminadas por esse conteúdo sujo e imoral”.
No domingo (13), diversos parlamentares e influenciadores compartilharam opiniões sobre o filme nas redes sociais. André de Fernandes, deputado estadual do Ceará, disse que acionou o Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos.
“A ministra Damares já está cuidando do caso. Acabei de conversar com ela. Essa explícita apologia ao abuso sexual infantil, encenado por Fábio Porchat no filme que está no catálogo da Netflix, não pode ficar impune”, escreveu o deputado em seu Twitter.
Fábio Porchat responde às críticas ao filme
Por meio de nota enviada à imprensa, Fábio Porchat se pronunciou sobre as críticas feitas ao filme, em especial à cena que causou a polêmica. O humorista afirma que “temas super pesados são tratados o tempo todo no audiovisual” e que vilões podem fazer “coisas horríveis”, uma vez que se trata de um papel ficcional.
O humorista defendeu que colocar características “abomináveis” em vilões de filmes não é apologia ou incentivo, mas “o mundo perverso daquele personagem sendo revelado”. “O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas", afirma Porchat em nota.
A Netflix foi procurada pela Folha de São Paulo e disse que não irá se pronunciar sobre o caso. O ministro da Justiça Anderson Torres declarou, nesta segunda-feira (14) que “tomou conhecimento de detalhes asquerosos do filme” e que determinou à pasta que tome providências sobre o assunto.
O que disse Danilo Gentili?
O humorista Danilo Gentili, que escreveu o livro no qual o filme é baseado e também atua no longa, postou em seu Twitter que estava "orgulhoso" da reação causada com a obra. Gentili acusou as críticas de "falso moralismo" e "patrulhamento".
Confira a nota envida por Fábio Porchat na íntegra:
“Como funciona um filme de ficção? Alguém escreve um roteiro e pessoas são contratadas para atuarem nesse filme. Geralmente o filme tem o mocinho e o vilão. O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas...
O Marlon Brando interpretou o papel de um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas. A Renata Sorah roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada. A Regiane Alves maltratava idosos. Mas era tudo mentira, tá gente? Essas pessoas na vida real não são assim.
Temas super pesados são retratados o tempo todo no audiovisual. E às vezes ganham prêmios! Jackie Earle Haley concorreu ao Oscar em 2007 interpretando um pedófilo no excelente filme 'Pecados Íntimos'. Só que quando o vilão faz coisas horríveis no filme, isso não é apologia ou incentivo àquilo que ele pratica, isso é o mundo perverso daquele personagem sendo revelado. Às vezes é duro de assistir, verdade.
Quanto mais bárbaro o ato, mais repugnante. Agora, imagina se por conta disso não pudéssemos mais mostrar nas telas cenas fortes como tráfico de drogas e assassinatos? Não teríamos o excepcional 'Cidade de Deus'? Ou tráfico de crianças em 'Central do Brasil'? Ou a hipocrisia humana em O Auto da Compadecida. Mas ainda bem que é ficção, né? Tudo mentirinha.”
https://jc.ne10.uol.com.br/social1/2022/02/14951188-maraisa-se-pronuncia-sobre-susposto-affair-com-danilo-gentili-ele-me-enrola.html