Cidades inteligentes, com semáforos e pedágios funcionando de maneira autônoma; museus, parques e monumentos públicos com acesso livre ao WiFi; teleconsultas e educação à distância com agilidade e estabilidade de conexão. Esses são alguns dos avanços que a edge computing, ou computação de borda, está tornando realidade.
Considerada por muitos uma evolução da computação em nuvem, a edge computing ajuda a solucionar desafios essenciais de largura de banda, resiliência e dados. Se para as empresas e provedores de serviços a tecnologia significa aplicativos de baixa latência e alta disponibilidade com monitoramento em tempo real, para os usuários é sinônimo de uma experiência mais rápida e consistente. Não à toa, de acordo com a IDC, os gastos globais em edge devem somar US$ 176 bilhões em 2022.
Além de limitar falhas, a computação de borda inclui a capacidade de conduzir análises e agregação de big data, o que permite a tomada de decisões praticamente em tempo real, em consonância com práticas de segurança e atendendo às políticas regulatórias. Impulsionada por tecnologias provenientes do open source, a edge ganha ainda mais força para ampliar a inovação, a colaboração e transformar o futuro.
Para explicar mais sobre essa importante tecnologia em ascensão e suas possibilidades de aplicação, Thiago Araki, Red Hat Technology and GTM Sales Director for Latin America, da Red Hat, empresa líder mundial no fornecimento de soluções open source, respondeu algumas perguntas:
De uma maneira simples, o que é edge computing?
Thiago Araki: A edge computing pode ser definida como uma pequena rede de data centers que processa e armazena uma quantidade enorme de dados de forma local. Ao realizar o processamento dos dados mais próximo da fonte, permite uma resposta muito mais rápida e uma maior economia de banda. Em razão disso, a edge computing aparece como a melhor solução para enfrentar e solucionar desafios sem precedentes tanto em administrações públicas quanto privadas, já que é capaz de reunir e cruzar milhões de informações simultaneamente, em tempo real, auxiliando na tomada de decisões ágeis e efetivas.
Como as empresas estão utilizando a edge computing, e de que maneira isso acaba impactando os usuários?
TA: A edge computing está sendo impulsionada por novas ferramentas como Internet das Coisas (IoT), realidade aumentada e virtual, robótica, machine learning e funções de redes de telecomunicações, como o 5G, que exigem um provisionamento de serviços mais próximo aos dados e usuários. Todas essas tecnologias já estão no dia a dia das empresas, implementadas em diferentes processos e com distintas finalidades.
Especialmente no universo corporativo, até 2025, segundo projeções do Gartner, 75% dos dados gerados pelas empresas serão criados e processados na edge – fora de um data center centralizado tradicional ou em nuvem. A expectativa é de que mais de 15 bilhões de dispositivos IoT se conectem à infraestrutura corporativa até 2029. A edge computing permite que qualquer organização use e distribua um conjunto comum de recursos em muitos locais, inovando e oferecendo um impacto positivo não só para os negócios, mas principalmente para a sociedade.
Unindo suas forças a outras tecnologias emergentes, a edge possibilita, por exemplo, a prevenção de fenômenos naturais, além de contribuir para o controle da segurança, por meio de câmeras de monitoramento. Também impacta a saúde e a educação, proporcionando atendimento e ensino à distância com maior qualidade, rapidez e escalabilidade.
Pensando nas empresas e também na administração pública, como você menciona, a computação em nuvem é um dos principais conceitos em alta na atualidade. Qual a conexão da edge com a nuvem?
TA: Dada a natureza diversa da computação de borda, a consistência é um fator-chave. Uma implementação de edge poderia, em teoria, consistir em centenas de milhares de sensores conectados, e é basicamente impossível gerenciar cada uma dessas implantações se elas não compartilharem um plano de controle mais seguro por meio de automação, gerenciamento e orquestração.
Essa uniformidade é alcançada com a nuvem, especialmente com a nuvem híbrida. A partir de dispositivos edge e da rede conectada ao data center centralizado, a implantação de uma nuvem híbrida traz facilidade de controle ao que, de outra forma, seria extremamente complexo. A cloud híbrida fornece a todos esses componentes diferentes uma base comum sobre a qual se apoiar e permite que as equipes de TI gerenciem dezenas de milhares de dispositivos conectados da mesma forma que gerenciam sua TI centralizada.
Um dos grandes aliados da computação de borda é o software open source. A tecnologia de código aberto se transforma na base da edge computing porque permite unir todos os elementos necessários para o desenho de uma solução. Ao contar com tecnologia aberta, os modelos não dependem de um único provedor, o que aumenta consideravelmente o volume de possibilidades e oportunidades.
Como o open source pode aportar valor para a edge?
TA: A inovação pode ser facilmente prejudicada pela fragmentação e, pior, pela introdução de modelos “proprietários” ou de núcleo aberto. A introdução do Linux de nível empresarial encerrou esse modelo e deu início ao ciclo de inovação que mais tarde levou à virtualização, computação em nuvem, containers, Kubernetes e, hoje, edge. Essa visão aberta para fomentar o avanço da computação de borda é o princípio que a Red Hat compartilha com o mercado. Nosso portfólio de soluções de edge leva a familiaridade de nossas plataformas open source empresarial dos datacenter para os dispositivos de borda.
Quais são os maiores desafios nessa jornada rumo à edge?
TA: A jornada da edge computing é muito interessante e traz muitos ganhos, tanto para as empresas como para a sociedade. Porém, vem acompanhada de alguns desafios, que incluem implementar essa computação de borda a partir de uma infraestrutura específica, e automatizar alguns componentes. Por isso, o ideal é contar com o apoio de um time ou de uma empresa especializada nesse segmento, sempre levando em conta as questões relacionadas ao open source, que permitem mais flexibilidade para conectar vários componentes, com uma interoperabilidade entre sistemas e segurança. A Red Hat aporta valor nesse sentido, com um portfólio de soluções que viabiliza o provisionamento dessa infraestrutura, para que a adoção e a abordagem no dia a dia das empresas seja o mais simples e tranquila possível, pensando sempre no futuro, numa escala evolutiva e de melhoria contínua.