IMPUNIDADE

Caso Beatriz completa dois anos sem solução

Família passou a levantar informações por conta própria para ajudar nas investigações

AMANDA RAINHERI
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AMANDA RAINHERI
Publicado em 10/12/2017 às 8:07
Foto: Luisi Marques/JC Imagem
Família passou a levantar informações por conta própria para ajudar nas investigações - FOTO: Foto: Luisi Marques/JC Imagem
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São 720 dias de um pesadelo que parece não ter fim. Dois anos de promessas, alternância no comando das investigações e poucas respostas; de uma ferida inflamada pela impunidade, que o tempo não consegue cicatrizar. Para Sandro Romilton Ferreira e Lúcia Mota, é como se o relógio tivesse parado no dia 10 de dezembro de 2015, quando a filha Beatriz Angélica Mota, de apenas sete anos, foi assassinada com 42 facadas no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, onde estudava, em Petrolina, Sertão do Estado. As imagens do suspeito de cometer o crime, que teriam sido apagadas por um funcionário da instituição, foram recuperadas e divulgadas em março deste ano, mas, até agora, ninguém foi preso. Cansada de esperar pelo poder público, a família decidiu levantar informações para contribuir com as investigações, ouvindo pessoas que possam ter informações sobre o caso.

Em dezembro de 2016, às vésperas do primeiro ano do assassinato, a família divulgou uma série de cards, com questionamentos às autoridades. Até hoje, poucas dessas perguntas foram respondidas. “Ainda não sabemos, por exemplo, por que a sala onde Beatriz foi encontrada não estava isolada adequadamente ou por que o estúdio de balé, próximo a esse local, passou por reforma 15 ou 20 dias após o ocorrido, aparentemente sem necessidade. A obra foi feita na calada da noite, durante um fim de semana e só foi percebida pelo do cheiro de tinta, porque nada mudou”, aponta Sandro, pai de Beatriz.

Em novembro, a família teve pedido de acesso ao inquérito negado pela delegada Gleide Ângelo, então responsável pelo caso. Agora, os pais estão formalizando uma documentação para que uma pessoa indicada pela família possa ter acesso às investigações. “Estamos terminando a base jurídica para solicitar esse acesso. É um direito nosso. Essa pessoa está bem inteirada; é alguém que nos dá orientações sobre diversas coisas, inclusive sobre o trato com a polícia e com o Ministério Público.”

Chefe da Polícia Civil em Pernambuco (PCPE), o delegado Joselito Kehrle garantiu que os pais terão mais acesso às investigações. “Da minha parte, houve recomendação para que fossem repassadas as informações que a família precisasse. A gente entende que o segredo de Justiça não limita o conhecimento sobre alguns avanços por parte da família.” Para ele, o caso é complexo em vários sentidos. “A própria perícia não consegue determinar o local do crime. A polícia entende a angústia de ter se passado dois anos sem o fechamento dessa investigação, que desafia investigadores experientes e peritos forenses. Muita coisa precisa ser revista no sentido das evidências, para termos um posicionamento mais contundente.”

As esperanças da família e da polícia estão depositadas no trabalho da delegada Pollyanna Neri, diretora-adjunta da Diretoria Integrada do Interior 2, designada em caráter exclusivo para o caso há duas semanas. Ela é quarta responsável pelas investigações desde que o crime aconteceu. A substituição, para o chefe de polícia, atende ao pedido da família de ter um delegado dedicado às investigações em tempo integral. Pollyanna, no entanto, entrou em férias quatro dias após assumir o caso. Em seu lugar, está o delegado Bruno Vital, diretor da unidade. Quando voltar às atividades, no fim do mês, a delegada trabalhará com uma equipe formada por outros cinco policiais escolhidos por ela.

Imagens serão melhoradas

De acordo com Kehrle, as imagens do circuito de segurança que mostram o suspeito de cometer o crime foram enviadas para fora do Estado, com o objetivo de serem melhoradas. Além disso, foram solicitadas novas perícias nos HDs e DVRs apreendidos, afim de tentar descobrir outras imagens. A PCPE investiga ainda o relacionamento entre o suspeito de apagar as imagens e uma agente de polícia lotada no município. “É importante destacar que Pollyanna trará um novo olhar. Se ela entender pela prisão de alguém, a chefia apoiará no sentido de registrar a prisão”, garantiu Kehrle.

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