RITMO

Johnny Hooker levará show mais longo ao réveillon da Golarrolê

Com o pé imobilizado, artista fará apresentação mais íntima, como um repasse das dores e amores de 2017

NATHÁLIA PEREIRA
Cadastrado por
NATHÁLIA PEREIRA
Publicado em 31/12/2017 às 5:00
Foto: Diego Ciarlariello/Divulgação
Com o pé imobilizado, artista fará apresentação mais íntima, como um repasse das dores e amores de 2017 - FOTO: Foto: Diego Ciarlariello/Divulgação
Leitura:

“Depois que quebrei o pé, tenho feito show sentado e por isso ele adquiriu uma nova camada, mais quieto. É impressionante porque fica mais íntimo, vira um pouco um stand up”. Além de quieto, o show que Johnny Hooker apresenta hoje à noite, na festa de réveillon do Golarrolê, será como um rito de passagem de um ano difícil. “Estar virando o ano ali, na beira do rio, na minha cidade, depois de um ano tão pesado, vai ser maravilhoso”, diz ele.

Com o pé imobilizado pelo menos até fevereiro, Johnny precisou aumentar o tempo do show, o que o fez incluir no repertório mais músicas de Eu Vou Fazer Uma Macumba pra Te Amarrar, Maldito! (2015). “Já que não dá pra fazer conceitualmente um passeio pelas músicas”, a andança será pelo que os últimos anos trouxeram de ruim e bom, como a excelente recepção ao recém-lançado clipe de Flutua, em parceria com Liniker. Dirigido por Ricardo Spencer, o registro é praticamente um curta metragem, com quase oito minutos de duração.

“Quando eu era pequeno queria fazer cinema, não música. Cresci vendo meus ídolos, (David) Bowie, Madonna e Caetano, uma paixão mais tardia, numa era de ouro do vídeo, fazendo videoclipes que realmente contavam histórias. Eu não queria perder essa característica porque mesmo não fazendo cinema majoritariamente, o clipe é uma forma de se manter perto dele”, conta, confessando o por que dos dotes de ator estarem parados há certo tempo.

“Depois que a pessoa dá certo com música não dá mais pra conciliar o cinema porque um filme te faz parar por pelo menos três meses. Um produto para a TV ou participação em algum filme ainda é possível, mas só”.

Com roteiro assinado por Johnny junto a Daniel Ribeiro, Flutua conta a história do casal vivido por Jesuíta Barbosa e Maurício Destri. Apaixonados, os dois acabam sendo vítimas de um ataque homofóbico, enquanto a letra clama pela liberdade de amar sem temer. Além da representação da comunidade LGBT, o registro também levou à tela uma demanda vinda das pessoas surdas.

“Quando lançamos a música como single alguns fãs surdos fizeram vídeos traduzindo a letra em Libras (a Língua Brasileira de Sinais) e eu achei muito lindo. Aí disse pro Daniel: ‘vamos trazer isso!’. Os silêncios propositais dão uma terceira camada para o clipe e é também representação do silêncio omisso das pessoas, da falta de empatia em relação à homofobia. Mas o amor sempre vence e, para mim, é importante acreditar nisso”.

Flutua é também materialização da química entre Johnny e a paulista Liniker, iniciada no show do festival Rec–Beat do ano passado. “É um encontro de almas”, analisa Johnny. “Somos duas pessoas extremamente românticas e eu a acho um dos maiores talentos dessa geração, tem uma qualidade de estrela que não é todo mundo que tem, é mágica. Ela tem uma inteligência muito grande e ainda é tão nova. Parece uma daquelas pessoas que a gente acredita ter vivido outras vidas”.

A admiração vinda de Liniker, no entanto, é anterior ao momento em que a jovem de 22 anos passou a ser apontada como revelação da recente música nacional. Depois que se conheceram, Liniker lembrou de uma mensagem que enviou a Johnny, há cerca de dois anos. O recado dizia ‘olha, eu sou de Araraquara, tô começando a carreira e queria te mostrar meus trabalhos’. “É é muito engraçado hoje termos essa ligação”, comenta Hooker.

VIRADA

A diferença de discurso entre o eu–lírico sofrido do sucesso Volta (2013) e o bem resolvido do último lançamento, são reflexos de acontecimentos pessoais na vida de Johnny.

“Tudo aconteceu entre esses três anos, mas o que mais mudou é que descobri que talvez eu seja mais forte do que pensei. Quando você é muito jovem você é muito melancólico, mas descobri em mim uma vontade de acreditar muito na vitória das coisas, que ainda existem caráter, amor, empatia. Depois do Macumba eu entrei em contato com muito ódio e o Coração é uma resposta a esse espírito quebrado. Tudo é um ato político”, reflete ele.

Com apenas seis meses de trajetória, o álbum Coração ainda terá atenções centrais por um tempo. Dele ainda devem sair os clipes de Corpo Fechado, com Gaby Amarantos, e o de Caetano Veloso, além de shows na Europa, com Portugal já confirmado.

Já o DVD de encerramento da turnê Macumba, gravado em abril de 2016, no Baile Perfumado, ainda não tem futuro certo. “A gente ainda está vendo como vai ser, se vamos lançar em algum canal de TV, por exemplo”. De certo, apenas a vontade de brindar o agora. “Estou muito feliz com tudo e vai ser muito significativo passar aqui a virada desse ano que quase me derruba”, encerra.

Últimas notícias