O prejuízo por corrupção custou cerca de R$ 25 milhões ao município de Catende, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. A informação foi divulgada pela Polícia Civil na manhã desta segunda-feira (22) em coletiva de imprensa para detalhar a Operação Longa Manus, deflagrada na última sexta-feira nos municípios de Recife e Catende. A polícia também anunciou a conclusão das investigações da Operação Tsunami.
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De acordo com a delegada Patrícia Domingos, envolvida nas investigações, a organização criminosa dirigida pelo prefeito do município, Otacílio Alves Cordeiro (PSB), era uma verdadeira máquina de fraudes que se beneficiava, em sua grande maioria, de processos licitatórios. Além do gestor, participavam do esquema a primeira dama e secretária de Ação Social, Maria José Alves Cordeiro, o secretário de Finanças, Ronaldo Alves Cordeiro, membros da Comissão Permanente de Licitação e diversos empresários.
“A família Alves Cordeiro sangrou prefeitura paulatinamente nesses sete anos de gestão”, disse Patrícia.
Iniciada em outubro de 2015, a operação Tsunami constatou que a rede de fraudes atingia desde a organização de eventos e obras, até abastecimentos em postos de gasolina. Conforme as investigações, empresas selecionadas para construções devolviam 90% do valor cobrado para a própria prefeitura, na conta de Ronaldo Alves Cordeiro. De acordo com o delegado Izaías Novaes, também responsável pelas investigações, um posto de gasolina chegou a receber R$ 3,5 milhões por combustível.
Contra o prefeito de Catende ainda pesam outras denúncias. Em conversa pelo celular com seu filho, interceptada pela polícia, ele cogitou espancar e matar uma testemunha. Otacílio ainda tentou afastar a delegada Patrícia das investigações. Aconselhado pelo médico e amigo da família, Otacílio ainda é acusado pelo policiais de simular dores generalizadas para não cumprir prisão no Cotel. Segundo os investigadores ele se referia ao hospital como “hotel”, onde poderia receber visitas a qualquer momento e comer comidas melhores.
Ao todo, a Operação Tsunami indiciou 30 pessoas por pelo menos dez crimes, como desvio de verbas, organização criminosa, crimes licitatórios e lavagem de dinheiro. Otacílio responde em regime fechado por mais de 60 crimes. A soma das penas pode chegar a 347 anos de prisão.
Operação Longa Manus
Após a prisão de Otacílio, durante a Operação Tsunami, no mês de junho deste ano, a Polícia Civil constatou que o filho dele , Paulo Alves Cordeiro, e o sobrinho, Miguel Alves Cordeiro Filho, agiram para atrapalhar a investigação que envolvia a organização criminosa no município, lançando, assim, a Operação Longa Manus. Além deles, Adalberto Carvalho de Souza, um sargento reformado e Magno Guimarães Santos, um funcionário terceirizado do Tribunal de Justiça de Pernambuco, também tentaram embaralhar as investigações contra Otacílio. Tendo este último tentado retirar páginas do processo do prefeito e inserir novas no lugar.
A investigação ainda dá conta que Otacílio já se preparava para um processo judicial e usou a filha da sua empregada, Eliane Maria de Araújo, como laranja. Dentro do cofre particular dele foram encontrados talões de cheques em braço, assinados por Mikaela Maria Araújo da Silva. Ainda, um valor de R$ 300 mil foi transferido da conta de Mikaela para um escritório de advocacia logo após a prisão de Otacílio. Tanto Mikaela quanto Eliane Maria de Araújo estão sendo investigadas.
Ao todo, sete pessoas foram indiciadas e três foram presas durante a Operação Longa Manus, para cumprir mandados contra pessoas suspeitas de envolvimento no crime de "promover embaraço à investigação de infração penal que envolva organização criminosa", no decorrer da Operação Tsunami.