Fora do cargo há quatro meses, o prefeito afastado de Catende, Otacílio Alves Cordeiro (PSB), escreveu uma carta-renúncia abdicando do cargo. Preso desde junho, ele foi alvo da Polícia Civil na Operação Tsunami e é acusado de liderar organização criminosa e fraudar licitações. Com o afastamento dele, o vice-prefeito Josibias Cavalcanti (PSD) assumiu o cargo de forma interina e agora tomará posse em caráter definitivo. Ele foi reeleito e vai comandar a cidade da Mata Sul por mais quatro anos.
Atualmente, o prefeito afastado cumpre prisão domiciliar. Na carta, datada da última quarta-feira (19), o político afastado diz que foi uma "decisão sofrida" renunciar ao posto e tem "caráter irrevogável". O documento foi registrado em cartório.
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Segundo a Câmara dos Vereadores, o pedido de renúncia foi protocolado na quinta-feira (20) e o vice-prefeito Josibias Cavalcanti tomará posse na segunda-feira (24). O professor Josibias Cavalcanti foi eleito aos 88 anos, com 39,32% dos votos (7.556 dos votos válidos). Ele já governou a cidade por duas vezes.
A reportagem do JC tentou entrar em contato com a defesa do prefeito afastado Otacílio Cordeiro, mas o advogado não atendeu aos telefonemas.
TSUNAMI
Iniciada em outubro de 2015, a operação Tsunami apontou que a rede de fraudes atingia desde a organização de eventos e obras, até abastecimentos em postos de gasolina. Conforme as investigações, empresas selecionadas para construções devolviam 90% do valor cobrado em depósito na conta de Ronaldo Alves Cordeiro. De acordo com o delegado Izaías Novaes, também responsável pelas investigações, um posto de gasolina chegou a receber R$ 3,5 milhões por combustível.
O prefeito afastado Otacílio havia sido preso e levado para o Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, mas foi autorizado a cumprir prisão domiciliar, em função da idade. Em julho, no entanto, ele retornou ao presídio por ter descumprido a medida judicial ao não deixar carregada a tornozeleira eletrônica.
Em agosto, a Polícia Civil deu mais detalhes sobre o esquema de corrupção em Catende e afirmou que o prejuízo custou cerca de R$ 25 milhões ao município da Zona da Mata Sul. Os desdobramentos da Operação Tsunami foram chamados explorados na Operação Longa Manus, deflagrada no Recife e em Catende.
De acordo com a delegada Patrícia Domingos, a organização criminosa dirigida pelo prefeito afastado do município, Otacílio Alves Cordeiro, era uma verdadeira máquina de fraudes em processos licitatórios. Além do gestor, participavam do esquema a primeira-dama e secretária de Ação Social, Maria José Alves Cordeiro, o secretário de Finanças, Ronaldo Alves Cordeiro, membros da Comissão Permanente de Licitação e diversos empresários.