Pelo menos oito deputados federais de Pernambuco pretendem votar pelo prosseguimento da denúncia que o procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, deve apresentar contra o presidente Michel Temer (PMDB). Outro dois parlamentares assumem que devem se posicionar pelo arquivamento do processo. A grande maioria dos congressistas pernambucanos, porém, afirma que vai esperar a chegada da denúncia para se pronunciar, após o levantamento feito pelo JC com todos os 25 representantes de Pernambuco na Câmara Federal. Temer é investigado por corrupção passiva, obstrução à investigação e participação em organização criminosa. Procurado através de sua assessoria, Eduardo da Fonte (PP) foi o único a não responder.
Em Brasília, a expectativa é que Janot apresente a denúncia nos próximos dias. Antes de ela ser aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), porém, é preciso que 342 deputados aceitem o caso contra Temer. O planalto acredita que tem número para barrar o processo, apostando que parlamentares investigados ou citados na Lava Jato não têm inclinação pelo lado do Ministério Público Federal. Mesmo entre aliados, porém, há dúvidas se o governo chega ao fim. O medo é que novas delações venham a tona implicando ainda mais o presidente. Por isso o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quer suspender o recesso para resolver vencer a questão o quanto antes.
“Nessa questão, nós vamos ser muito mais juízes que deputados. É uma questão de princípios não se posicionar quando não se sabe ao certo qual será a denúncia. Seria irresponsável já ter uma posição favorável ou desfavorável a algo que a gente não tem em mãos”, explica André de Paula (PSD). Dos 14 deputados com voto indefinido, 12 aguardam o conteúdo da denúncia. Outros dois, Adalberto Cavalcanti (PTB) e Ricardo Teobaldo (Podemos), esperam o posicionamento oficial de seus partidos sobre o tema.
Os deputados que defendem a investigação contra o presidente acham que o voto aberto pode influenciar no resultado. Com transmissão pela TV e a pressão das ruas, votar para salvar Temer pode ter um custo político alto às vésperas das eleições. O voto contra Temer une mesmo políticos que estão em lados opostos em Pernambuco. “Não tem como não ser favorável”, diz Danilo Cabral (PSB). “Quero ver esse cara na cadeia”, resume Silvio Costa (PTdoB).
ARQUIVAMENTO
Embora a maior parte da bancada de Pernambuco integre a base do governo federal, apenas dois parlamentares mostraram disposição desde já em votar a favor do peemedebista. Para Marinaldo Rosendo (PSB), no momento de grave crise econômica e alto desemprego, o caminho traçado pelo governo Temer tem sido o ideal. “Como sou aliado do governo, então minha posição hoje é de arquive. Mas vamos ver. As pessoas estão precipitando as denúncias. Se fosse hoje, da maneira que está jogando o jogo, o voto é para arquivar”, explica Fernando Monteiro (PP).
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Pernambuco tem dois integrantes na Comissão de Constituição e Justiça, que vai elaborar o parecer sobre o caso que será remetido ao plenário. Betinho Gomes (PSDB) promete esperar a denúncia, mas adianta que vai se posicionar com rigor. O tucano defende a saída do PSDB do governo. Já Tadeu Alencar (PSB) diz que os autos indicam uma denúncia contra crimes de elevado potencial ofensivo. O socialista acha que politicamente o presidente está inserido em um enredo indecoroso com efeitos devastadores.
Fernando Monteiro, Cadoca (sem partido), Creuza (PSB), Severino Ninho (PSB) e Guilherme Coelho (PSDB) são suplentes e podem ficar de fora da decisão se ministros ou secretários estaduais retomarem suas vagas na Câmara. Procurados, o único que respondeu foi Sebastião Oliveira (PR), que prometeu ouvir o posicionamento do partido e debater com o governador Paulo Câmara (PSB) antes de fechar questão.