Com informações do G1 Mato Grosso do Sul
O morador de Campo Grande (Mato Grosso do Sul) José Eduardo Ramos de Carvalho deu falta do seu cachorro no dia 25 de janeiro, quando percebeu que o bichinho não estava mais o acompanhando na volta de um passeio matinal. Imediatamente José Eduardo iniciou a busca pelo cão Ikki, que está há sete anos com a família.
“Andei pelo bairro todo, não achei. Começamos a saga de procurar na internet, nas ruas”, relatou José Eduardo ao G1 Mato Grosso do Sul. Ikki tem um problema neurológico grave, o que deixou o tutor ainda mais alerta.
José Eduardo chegou a rasgar sacolas com animais mortos em uma praça próximo à sua residência. “Depois enterrei, com todo carinho e respeito e avisei [à Polícia e ao Centro de Controle de Zoonose], porque, né, eram anjinhos desovados ali e poderiam ser o meu ou de qualquer outra pessoa”, contou ao portal de notícias.
Depois de dois dias de busca, o tutor sentiu a esperança preencher seu corpo. Em uma publicação na internet, ele encontrou um cachorro igual a Ikki.
José Eduardo disse que o cão até parecia reconhecê-lo: “Liguei por vídeo, ele lambeu a tela do celular.”
Aliviado, ele foi reencontrar seu bichinho. Entretanto, o cão que José Eduardo estava levando para casa, na verdade, era outro.
Em casa, o cão que estava se passando por Ikki agiu como se conhecesse todo mundo: a avó, os dois gatos e até mesmo a cachorrinha Pandora, adotada recentemente.
“Deu um beijinho nela, mostrou a casa para ela, até no fundo. Beijou os gatos e ficou super à vontade, tranquilão”, relatou o tutor. “Na primeira noite quando foi resgatado, dormiu comigo e me abraçou com as duas patinhas. Não desgrudava por nada. Tipo por gratidão.”
Apesar da grande desenvoltura do impostor, a “casa caiu”. José Eduardo começou a desconfiar de alguns comportamentos do pet, como subir no sofá.
As suspeitas levaram a uma análise meticulosa em todas as manchinhas e a máscara do impostor caiu. O pet ganhou, então, o nome de Paolo Bracho, em homenagem à personagem da novela mexicana A Ursupadora.
“Ele enganou até minha avó. Se eu não falasse, ela nunca ia perceber. Eu o conheço há 7 anos, talvez pela emoção não reparei, mas o comportamento dele é idêntico, tanto que minha avó o chama de Ikki e ele atende. Não consigo entender”, disse José.
A semelhança entre os cães era tão grande que até o hábito de Ikki de se morder quando fica muito nervoso - por causa do seu problema neurológico - Paolo imitou.
“Quando eu o encontrei, o dog me abraçou, pulou, beijou, igual o Ikki fazia, e respondia pelo nome. Tudo, tudo igual. As marcas, o TOC [Transtorno Obsessivo Compulsivo], etc. Chorei junto. Até a marquinha de coração do lado direito e tal”, descreveu José Eduardo
Apesar de não ser o cão que estava com a família há sete anos, Paolo conseguiu conquistar os tutores do pet desaparecido. A história aliviou um pouco a tristeza do luto pelo avô, considerado um pai para José.
“Desde que meu paivô faleceu, eu não via minha avó reagir. Está de pé, feliz, cozinhando, dando risada da história”, diz José. A perda é recente, o familiar faleceu há quatro meses.
Mesmo com a alegria proporcionada pelo pet impostor, o tutor de Ikki não desistiu de encontrar o cão desaparecido. Foi assim que, depois de quase uma semana do desaparecimento, o bichinho foi encontrado em outro bairro.
A localização foi possível graças às redes sociais - coincidentemente da mesma forma que aconteceu com o pet impostor. Eles se reencontraram e Ikki foi para casa.
A permanência de Paolo na casa de José Eduardo não foi ameaçada com a volta de Ikki. O tutor pretende ficar com os dois cães, a menos que o responsável pelo cachorro encontrado apareça.
“Agora, com calma, sem ansiedade, até minha avó vê que são diferentes”, se diverte José depois de tantas emoções.
Agora o tutor consegue diferenciar Ikki de Paolo: “Eu estou morrendo de vergonha, porque demorou dois dias para eu juntar todos os pontos.”