É inacreditável, mas em tempos de pandemia, em que os estádios em dias de jogos estão vazios, as organizadas de Sport e Santa Cruz estão ganhando força. E aquelas badernas que aconteciam em dia de jogos, atrapalhando a vida até de quem nada tinha a ver com o esporte, virou algo do passado. A atuação está ficando diária, nos bastidores dos clubes, o que abre um precedente sem tamanho para as diretrizes tantos pelas bandas da Ilha do Retiro quanto no Arruda.
O caso do Santa Cruz é algo que já virou caso de polícia. Na última segunda-feira, o então presidente do conselho deliberativo do clube, Mário Godoy, pediu licença de três meses do cargo. Vejam bem, Godoy foi um dos grandes líderes da luta pela reforma do estatuto. Topou ser candidato ao cargo da chapa com o intuito de fazer mudanças no clube. Mas em pouco tempo, saiu do clube. Motivo? Recebeu ameaças pelas redes sociais. No protesto feito por uma organizada, faixas pediu a sua saída e a de Johnny Guimarães, advogado do Santa Cruz. É algo estranho que, com o futebol mal pelas tabelas, à beira do rebaixamento, o alvo do protesto não seja o presidente do executivo ou diretor de futebol. Nunca vi o alvo principal ser o presidente do conselho e um advogado.
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Estão atacando para todos os lados como se violência fizesse o Santa Cruz jogar bola. Como se os dirigentes que estão à frente do clube não sejam humanos capazes de erros. Há formas e formas de reivindicar uma mudança, expor insatisfação. O que se está fazendo é espalhar o medo, alimentar o caos. Há alguns dias, o presidente Joaquim Bezerra foi pressionado em plena sede do Arruda. Inconcebível. Isso precisa ter fim.
Na Ilha do Retiro, a organizada do Sport teve total influência no resultado da primeira eleição, vencida por Milton Bivar. Quem vive o mundo do futebol recebeu fotos e vídeos de alguns integrantes usando a sede do clube para guardar bandeiras e faixas. Agora, após a vitória do Leão sobre o América-MG, em Belo Horizonte, invadiram o aeroporto para recepcionar o time rubro-negro. Aglomeração em tempos de pandemia.
Na segunda eleição, os candidatos deixaram em aberto como seria a relação com a organizada. Qual seria o seu limite? Antes mesmo da gestão tomar posse, já houve essa ação. E quando o time não estiver bem? É preocupante a falta de uma definição de papéis. Sou velho... do tempo em que organizada ia para o estádio para torcer.
As gestões do clube devem estar nas mãos de quem venceu a eleição de forma limpa e democrática.