COVID-19

Nenhum país entende mais sobre novo coronavírus que a China, diz secretário

O secretário disse ainda que "nenhum país conhece mais sobre a zika que o Brasil"

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Publicado em 21/03/2020 às 21:55 | Atualizado em 21/03/2020 às 21:57
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Wanderson Oliveira está em Pernambuco para ajudar a Secretaria Estadual de Saúde na análise dos casos e perfil da pandemia do novo coronavírus - FOTO: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, afirmou neste sábado (21) que o Brasil mantém contato direto com a China sobre o combate ao novo coronavírus, assim como com outros países. "Nenhum país entende mais sobre a zika que o Brasil. E nenhum país entende mais sobre o novo coronavírus que a China", disse.

As igrejas podem fazer cultos?

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, reforçou a recomendação para que se evite a aglomeração de fiéis em templos e igrejas. "Se recomendamos cuidado sobre a quantidade de pessoas em um elevador, recomendamos que não haja nem missas e nem cultos. A igreja e o templo podem permanecer abertos, mas a recomendação é que não haja eventos", respondeu.

Oliveira, explicou ainda as diferenças entre distanciamento social e quarentena. "O distanciamento é uma medida não farmacológica, é uma estratégia que não usa vacina e nem medicamento para controlar a doença. Já a quarentena é o ato administrativo previsto em lei para controlar o surto", afirmou.

O secretário de Vigilância Sanitária destacou que empresas de vários setores, como moda e indústria, fizeram doações. Além disso, hotéis estão oferecendo espaços para acomodar pacientes. "Esse conjunto de ofertas está sendo consolidado e vamos dar transparência", disse.

Subnotificação

O secretário explicou que a subnotificação de casos do novo coronavírus se deve ao fato de que os primeiro sintomas da doença são muito semelhantes ao de outras, como os causados pelo vírus da gripe (influenza). "Subnotificação é característica dessa doença para casos leves", disse.

Segundo o secretário, a síndrome respiratória aguda grave possui sistema de notificação compulsória. Ela inclui sintomas como tosse, febre e baixa oxigenação, mas nem sempre os casos são imediatamente notificados como suspeita de coronavírus.

Questionado pelo caso do hospital Sancta Maggiore, da rede Prevent Senior, em São Paulo, que concentra os casos de morte por novo coronavírus, ele afirmou que todos os óbitos serão investigados. "Estamos investigando todos os casos de morte", afirmou.

"Estamos no início do outono, com circulação maior de outros tipos de vírus. Em muitos casos, os primeiros sinais e sintomas estão muito parecidos", afirmou. "O número de óbitos e casos ainda não representa a realidade da circulação do vírus, pois estamos no início da curva epidêmica."

Ele reafirmou que o governo está estabelecendo um protocolo para o teste e o uso da cloroquina e a hidroxicloroquina no combate ao coronavírus.

"Não será para casos leves, mas sim em casos graves, pela equipe do hospital. Se mostrando eficaz no tratamento da Covid-19, faremos alteração em bulas. Mas o aumento da produção de cloroquina e hidroxicloroquina vem em boa hora. Mesmo que não sirva para a Covid-19, vamos continuar usando para o tratamento de outras doenças", completou.

Conforme o secretário, a indústria mundial está sendo demandada a aumentar a quantidade de testes do novo coronavírus mas não tem conseguido suprir a demanda. "Ainda assim, conseguimos 5 milhões de novos testes rápidos que chegarão nos próximos dias. Mas não temos testes para todo mundos. Esses testes serão priorizados para unidades básicas de saúde", afirmou.

Segundo ele, o custo é de R$ 75 por teste. "Procuramos os testes mais eficientes e com menor custo, mesmo com a escassez mundial. Temos parceiros com acesso a fornecedores internacionais, e esperamos conseguir os testes com recursos de doações. Se não for possível, usaremos recursos do orçamento", completou.

Oliveira disse que o governo irá implementar "drive-thrus" de testagem, a exemplo do que foi feito pelo governo da Coreia do Sul. Ainda assim, pacientes assintomáticos não serão testados.

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O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Veja o mapa que mostra como o novo coronavírus tem se espalhado pelo mundo

OMS declara pandemia de novo coronavírus

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse na última quarta-feira (11) que a epidemia de Covid-19, que infectou mais de 110.000 pessoas em todo mundo desde o final de dezembro, pode ser considerada uma "pandemia", mas que pode ser "controlada".

"Estamos profundamente preocupados com os níveis alarmantes de propagação e de gravidade, bem como com os níveis alarmantes de inação" no mundo, declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em entrevista coletiva em Genebra.

"Consideramos, então, que a Covid-19 pode ser caracterizada como uma pandemia", afirmou.

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