Após pedir demissão do Ministério da Saúde nesta quarta-feira (15) e enviar uma carta à equipe afirmando que 'a gestão do Mandetta acabou', o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, participa, ao lado do próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e do secretário-executivo da pasta, João Gabbardo, da coletiva sobre o coronavírus. Mandetta iniciou a coletiva de imprensa em Brasília já afirmando que o secretário de Vigilância em Saúde 'continua' no cargo e eles irão "trabalhar juntos até o momento de sairmos juntos do Ministério da Saúde".
>> Secretário Wanderson de Oliveira pede demissão de cargo no Ministério da Saúde
>> Mandetta reúne equipe e comunica que será demitido ainda esta semana, diz jornal
Ainda durante a coletiva, Mandetta comentou que não aceitou a demissão de Wanderson de Oliveira do cargo. "Não aceito isso. Por isso que eu fiz questão de vir até aqui nessa coletiva hoje", afirmou. O secretário é uma das principais autoridades da pasta e está à frente, ao lado do ministro e do secretário-executivo, do combate ao coronavírus. No início da coletiva, Oliveira não comentou sobre o assunto e falou apenas informações técnicas.
Mandetta chegou a alegar que deixa o cargo em três situações. "Uma quando o presidente não quiser mais o meu trabalho, o segundo é quando, eventualmente, não temos como saber, eu pego uma gripe dessa e tenho que ser afastado por forças alheias à minha vontade. Terceiro, quando eu sentir que o trabalho que eu faço não é mais necessário. Todas as alternativas são válidas", comentou.
"Não é desconhecido que há um descompasso entre o Ministério da Saúde...a gente colocou e deixa claro que a gente vai trabalhar até 100% do limite das nossas possibilidades. Enquanto eu estiver no Ministério da Saúde, aquele povo vai trabalhar. O Wanderson que veio com um papel, mandei devolver para ele do jeito que chegou. Entramos juntos e vamos sair juntos. É aguardar o entendimento das coisas", completou.
"A gestão do Mandetta acabou". Foi esse um trecho da mensagem enviada à equipe do Ministério da Saúde pelo secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, que pediu demissão do cargo nesta quarta-feira (15). A mensagem foi divulgada pela jornalista Andréia Sadi, da Rede Globo. No início do texto, Wanderson avisa que se reuniu com o ministro Luiz Henrique Mandetta nessa terça-feira (14) e a saída do chefe do Ministério da Saúde "está programada para as próximas horas ou dias".
Segundo informou o secretário, o cargo será entregue "assim que a decisão sobre o Mandetta for resolvida". Wanderson de Oliveira ainda disse que indicou o diretor do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Gerson Pereira, para ser o secretário interino. "Ele é um profissional excelente e vai dar seguimento a tudo que estamos fazendo", continuou.
"Bom dia!
Finalmente chegou o momento da despedida. Ontem, tive reunião com o ministro e sua saída está programada para as próximas horas ou dias. Infelizmente, não temos como precisar o momento exato. Pode ser um anúncio respeitoso diretamente para ele ou pode ser um Twitter. Só Deus para entender o que o querem fazer.
De qualquer forma, a gestão do Mandetta acabou e preciso me preparar para sair junto, pois esse é um cargo eletivo e só estou nele por decisão do Mandetta. No entanto, por conhecer tão profundamente a SVS (Secretaria de Vigilância em Saúde), tenho certeza que parte do que fizemos na SVS vai continuar, pois é uma secretaria técnica e sempre nos pautamos pela transparência, ética e preceitos constitucionais.
A maioria da equipe vai permanecer e darão continuidade ao trabalho de excelência que sempre fizeram e para isso não precisam mais de mim.
Foi uma honra enorme trabalhar mais uma vez com você. Para que não tenhamos solução de continuidade, indiquei o meu amigo querido Gerson Pereira para ficar de secretário interino. Ele é um profissional excelente e vai dar seguimento a tudo que estamos fazendo.
Vou entregar o cargo assim que a decisão sobre o Mandetta for resolvida. Todos estão livres para fazer o que desejarem.
Tenho certeza que a SVS continuará grande e será maior, pois vocês é que fazem ela acontecer. Minhas contribuições foram pontuais e insignificantes, perto do que essa Secretaria é como uma só equipe. A SVS é minha escola e minha gratidão por ter trabalhado com você será eterna. Muito obrigado por me permitir estar Secretário Nacional de Vigilância em Saúde. Jamais imaginei que seria o primeiro enfermeiro a ocupar tão elevado e importante cargo e o primeiro de muitos que virão.
Muito obrigado!"
Na noite dessa terça-feira (14), durante uma conversa com o Ministério da Saúde, o ministro Luiz Henrique Mandetta teria dito que o presidente Jair Bolsonaro já está em busca de uma pessoa para substituí-lo, e que será demitido ainda nesta semana.
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro e Mandetta estão em um impasse. Durante as coletivas de imprensa para divulgar os dados da doença, o ministro se mostra a favor do isolamento social de todos os grupos, posição também defendida pelo secretário de Vigilância em Saúde, enquanto que o presidente é a favor do isolamento seletivo, apenas para pessoas do grupo de risco.