O ministro da Saúde, Nelson Teich, reconheceu pela primeira vez desde que assumiu a pasta que o número de mortos pelo novo coronavírus pode chegar a 1 mil por dia. A declaração aconteceu nesta quinta-feira (30). O ministro também disse que a diretriz do governo para orientar a flexibilização das medidas de distanciamento social está pronta, contudo, Teich teme uma possível "polarização" política.
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"Em relação a um possível número de mortes, hoje a gente está perto de 500 mortes, 400. O número de 1.000, se estivermos num movimento, num crescimento significativo da pandemia, é um número que é possível acontecer. Não quer dizer que vai acontecer. A gente tem que acompanhar a cada dia para ver o que está acontecendo para tomar as decisões", disse Teich.
Nesta quinta, o Ministério da Saúde contabilizou 5.901 mortes causadas pelo novo coronavírus no País. Os maiores números de mortes pela covid-19 foram registrados nos últimos três dias (474 na terça, 449 na quarta e 435 nesta quinta-feira).
Nelson Teich explicou que a diretriz para a flexibilização do isolamento social está pronta, porém vai ser apresentada para discussão primeiramente a "governos e cidades", antes de serem colocadas "na mídia". O ministro destacou ainda que, mesmo havendo uma flexibilização no futuro, recuos poderão ser feitos. Tudo vai depender das consequências e o tema, de acordo com Teich, não pode se tornar uma "guerra".
"Pode ser que você tenha que voltar atrás, retomar o mesmo nível de distanciamento anterior. Mas tem que ser feito com absoluta serenidade, porque se não vai abrir uma guerra, e não pode ser tratado desse jeito", complementou.
Agora, depois que a flexibilização for apresentada aos "governadores e municípios", Teich receia que ela seja alvo de "polarização", sendo transformada em "ferramenta da discórdia". "A nossa grande preocupação é como a gente veicular isso de forma que não se torne uma ferramenta de discórdia mais que um auxílio à população", disse.
Ainda na coletiva, o ministro da Saúde informou que estava preocupado com a polarização política em torno de uma adoção ou não de medidas de distanciamento social. A afirmação foi feita depois de ele ter sido indagado se o Ministério da Saúde alteraria as orientações para o distanciamento social, diante do número de mortos pela covid-19, que beira os 6 mil, ou se adotaria uma política alinhada do presidente Bolsonaro, que é a favor da redução dessas medidas.
Mesmo prometendo a divulgação da diretriz para essa semana, Teich não informou data. Ele disse que não vai haver nada "milagroso" nela e que a norma vai ser composta por medidas já tomadas em outros países. Por enquanto, Teich disse que não planeja "flexibilizar" as regras de distanciamento neste momento. Para isso acontecer, segundo o ministro, vários critérios precisam ser atendidos, entre eles, a curva de casos tem que se tornar decrescente.
"Estamos trabalhando a parte de testes, a gente está melhorando a infraestrutura, acompanhando a evolução dos casos, tentando buscar um ponto de inflexão da curva. O dia que todos esses critérios estiverem preenchidos, a gente vai estar, dentro da diretriz, dando um 'ok' para que se possa fazer uma tentativa de flexibilizar. Ninguém está pensando em flexibilizar nada. A gente só está desenhando um projeto, uma diretriz", disse.
O ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, que foi apresentado como assessor na entrevista coletiva da pasta, Denizar Vianna, informou que a diretriz vai servir para o processo decisório dos gestores locais, como um tipo de mapeamento de riscos. Assuntos como recursos humanos, evolução da curva e leitos de UTI também são considerados, destacou ele, preocupado que a divulgação dessa diretriz possa passar a mensagem de que a Saúde está incentivando a flexibilização do distanciamento social. "Nesse momento em que temos os grandes centros urbanos brasileiros ainda numa fase de ascensão da curva, não é adequada de se colocar isso"
Nelson Teich divulgou na coletiva que, até à próxima segunda-feira (04), 184 leitos serão habilitados no Amazonas, 175 em Santa Catarina e 27 em Alagoas. Além disso, o ministro disse ainda que R$ 482 milhões de emendas de bancada parlamentar vão ser distribuídos em nove Estados brasileiros. O Amazonas, onde Manaus vive situação de colapso, vai receber R$ 116 milhões, de acordo com Teich. A cidade vai receber ainda 581 profissionais de saúde, no domingo (03), para garantir o funcionamento das UTIs abertas no município. Eles são do banco de recursos humanos que é gerenciado pelo Ministério da Saúde, que dá capacitação em covid-19 para as 14 categorias da área da saúde. Atualmente, dos 902.207 profissionais de saúde cadastrados nesse banco de talentos, 396.418 estão dispostos a trabalhar no enfrentamento ao novo coronavírus, segundo a pasta.
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Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.