A tartaruga-de-couro que havia sido resgatada após encalhar pelo menos três vezes em praias do Sul da Bahia morreu nesta segunda-feira (26). O animal, de espécie ameaçada de extinção, havia sido transferido para a Fundação Projeto Tamar, especializado em cuidar de animais marinhos, em Mata de São João, e estava em estado crítico.
Ela apareceu na praia de Piracanga, em Maraú, na última quinta (22), com ferimentos. Técnicos do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) atuaram em parceria com especialistas da ONG Coração de Tartaruga no resgate.
Fêmea, com cerca de 300 kg e comprimento da carapaça de 1,53m, a tartaruga encalhou pela primeira vez no dia 15 de outubro, em Ilhéus, e depois no dia 18, segundo relatos de moradores da região aos técnicos do Inema. Na quinta, o órgão foi acionado novamente com a informação de que o animal estava encalhado mais uma vez.
“Por volta das 8h fomos informados de que havia uma tartaruga-de-couro encalhada na Praia de Piracanga, em Maraú com as mesmas características do indivíduo encalhado em Ilhéus. O animal apresentava ausência da nadadeira anterior direita, caracterizando o terceiro encalhe deste animal. Fomos em conjunto ao local para iniciar os procedimentos de resgate e estabilização”, diz a coordenadora da Unidade Regional Sul do Inema, Cibelle Pinto.
Em uma primeira avaliação clínica, a tartaruga apresentou graves escoriações por todo corpo, inclusive com osso exposto no crânio, segundo os técnicos André Nascimento e Luciana Rosa, que acompanharam o animal na chegada.
O médico veterinário Rodrigo Lopez, da ONG Coração de Tartaruga, que também acompanhou o resgate, afirmou que todos os procedimentos possíveis foram adotados. “Após discussão do caso com os órgãos competentes, veterinários do Projeto Tamar e Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram-ES) optou-se pela remoção do animal para piscina compatível com o tamanho do espécie visando teste de flutuabilidade e natação, dando início aos procedimentos de suporte a vida”, explica.
Após transferência para o projeto Tamar, o animal se encontrava isolado em piscina sob observação e tinha quadro de saúde estável. Ele foi recebido na noite do sábado pela veterinária e coordenadora do Tamar, Thais Pires, depois de mais de 10h de viagem. Antes do animal morrer, ela havia informado que a situação da tartaruga é delicada.
"A gente está fazendo de tudo para recuperar esse animal, mas sabemos que a reabilitação de tartaruga-de-couro é um grande desafio por conta das suas características. Ele é um animal de grande porte, muito sensível e a gente sabe que o desafio é grande, mas faremos de tudo que for melhor para esse indivíduo", disse em entrevista ao Correio, antes do animal morrer.